O rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho liberou 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos. / REUTERS/Washington Alves/AB
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Bombeiros civis, policiais e voluntários fizeram contato e retiraram aos poucos neste domingo (27) famílias da parte baixa do bairro Parque da Cachoeira, em Brumadinho (MG), um dos mais afetados pela lama e que será parcialmente inundado caso a quarta barragem da Vale se rompa.
Mais cedo, autoridades iniciaram a evacuação de comunidades do local após a constatação de que outra barragem da mineradora Vale, de nome B6, apresenta risco "iminente" de rompimento.
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A maior parte dos moradores, contudo, saiu ainda de madrugada, quando o alarme soou às 5h30. A Vale acionou a sirene para alertar os moradores sobre o risco. A estrutura vinha sendo monitorada e a água estava sendo drenada para fora.
Em uma das ruas de Parque da Cachoeira, onde a lama engoliu casas, havia poucos moradores nesta manhã de domingo. Muitos foram para casas de parentes ou para o centro de apoio da Vale em Brumadinho.
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Os bombeiros indicam outros três locais de concentração para essas famílias evacuadas: a igreja matriz, a delegacia e o Morro do Querosene. Além de Parque da Cachoeira, também são áreas de risco em Brumadinho as regiões de Pires, Novo Progresso e o centro da cidade.
A ponte sobre o rio Paraopeba foi interditada, devido ao risco de que a água suba rapidamente. A medida gerou reclamação de moradores que precisavam se deslocar pela cidade.
Em Parque da Cachoeira, um morador ainda resistia a deixar seu imóvel. "É difícil a pessoa sair sem ver o risco. Não podemos obrigar ninguém a sair", comentou um membro da defesa civil.
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Oswaldo Patrício, o morador, disse que vai sair, "mas depois do jogo do Cruzeiro". "Eu não vejo aqui como área de risco, mas se vocês veem...", reclamou.
Voluntários buscavam famílias de carro, e veterinários também faziam o resgate de cachorros na região.
Maria de Lourdes Assis Ferreira, 57, uma das moradoras de Parque da Cachoeira que teve a lama invadindo seu quintal, voltou à sua casa neste domingo para retirar pertences, mas já não pôde entrar.
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"É toda uma história que foi embora, um capítulo que acabou com final triste", afirmou chorosa. Embora a casa não tenha sido invadida, a estrutura do imóvel rachou. Ela disse ter retirado apenas documentos.
A vizinha de Ferreira também foi ao local buscar calças para o pai, mas se deparou com a restrição da defesa civil. A família deixou a casa ainda na sexta (25), quando a lama destruiu a garagem.
"Vamos esperar. Vocês vão ter tudo de volta. É que para perder a vida numa tragédia dessas são dois segundos", orientava o membro da defesa civil de Sarzedo (MG), André Luiz, 47.
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Os bombeiros informaram que 350 pessoas deverão ser evacuadas.
Entre 20h de sábado (26) e 4h deste domingo, os resgates foram interrompidos para que a drenagem da barragem B6 fosse intensificada. O volume de água a ser drenado nesse período, e que portanto desceria pelo rio Paraopeba, seria mais que o triplo do que vinha sendo drenado até então.
Os trabalhos de resgate estão suspensos. Todo o efetivo do Corpo de Bombeiros está empenhado na evacuação.
Oficialmente, a lista de mortos chegou a 37 pessoas, segundo os Bombeiros. Ao menos 256 continuavam desaparecidos, ainda de acordo com a corporação.
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Foram resgatadas 192 pessoas, das quais 23 estão hospitalizadas.
O rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho liberou 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos, que entraram no rio Paraopeba. A estimativa é a de que esse volume represente um quarto do que foi liberado no acidente com a barragem de Fundão, em Mariana, que pertencia à Samarco, empresa controlada pela Vale e pela BHP Billiton. Outras duas barragens transbordaram.