Brasil
Fomepizol, medicamento considerado mais seguro que o etanol, será importado em parceria com a Opas para reforçar o combate a casos de bebidas adulteradas
Consumo de bebidas alcoólicas adulteradas tem causado intoxicação por metanol / Pexels
Continua depois da publicidade
O Ministério da Saúde anunciou que está em andamento o processo para trazer ao Brasil o fomepizol, medicamento usado como antídoto em casos de intoxicação por metanol.
A ação será realizada em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), já que o remédio não possui registro nem no Brasil nem em outros países da América Latina.
Continua depois da publicidade
Hoje, o Sistema Único de Saúde (SUS) utiliza o etanol farmacêutico intravenoso como principal forma de tratamento, disponível em apenas 32 centros de referência. Apesar de eficaz, esse recurso apresenta limitações e efeitos colaterais mais intensos.
Segundo especialistas do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) da Unicamp, o fomepizol é mais seguro porque atua diretamente na inibição da enzima que transforma o metanol em ácido fórmico — substância tóxica capaz de provocar convulsões, cegueira e até morte.
Continua depois da publicidade
Casos de metanol em SP mostram perigo de destilação mal feita
O medicamento já integra a lista de essenciais da Organização Mundial da Saúde (OMS), mas, até o momento, nenhuma farmacêutica solicitou registro junto à Anvisa.
Pesquisadores como o pediatra e toxicologista Fábio Bucaretchi, da Unicamp, defendem que a criação de estoques estratégicos do antídoto deve ser tratada como prioridade.
Continua depois da publicidade
Desde o início de 2025, o país já registrou 43 casos suspeitos de intoxicação por metanol, sendo 39 em São Paulo e 4 em Pernambuco. Entre eles, há 10 confirmações e pelo menos sete mortes em investigação, incluindo um óbito confirmado em São Paulo.
As ocorrências estão relacionadas ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas, e a Polícia Federal apura a possível atuação de uma organização criminosa na distribuição dos produtos.
Casos de bebidas adulteradas chegam ao litoral de SP; cidade cria comitê
Continua depois da publicidade
Enquanto o fomepizol não chega, o tratamento continua sendo feito com etanol intravenoso, hemodiálise para acelerar a eliminação da substância e cuidados de suporte hospitalar, como intubação e ventilação mecânica.
Toxicologistas, como Alvaro Pulchinelli, do Grupo Fleury, reforçam que o tempo de atendimento é determinante para reduzir os danos, mas alertam que a ingestão de álcool por conta própria não substitui o tratamento médico.
O governo federal negocia com a Opas a importação do fomepizol e a criação de uma reserva nacional do medicamento, que será distribuída em centros de referência. Uma nota técnica já foi enviada a estados e municípios para reforçar a notificação imediata de casos suspeitos.
Continua depois da publicidade
De acordo com o Ministério da Saúde, foi montada uma sala de situação para acompanhar as ocorrências e garantir resposta rápida diante do avanço dos registros.