Brasil
Estudo da USP alerta para queda de até 30% na produtividade e morte de rebanhos; especialistas apontam quais animais mais sofrem com o clima
Pecuária brasileira enfrenta um desafio sem precedentes: a crise climática / Pexels
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A pecuária brasileira enfrenta um desafio sem precedentes: a crise climática. Ondas de calor intensas, secas prolongadas e chuvas imprevisíveis deixaram de ser previsões futuras para se tornarem uma ameaça real e imediata à produtividade e à segurança alimentar no país.
Um estudo recente da Esalq-USP, baseado em experimentos globais, revela que o estresse térmico está mudando o metabolismo dos animais.
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Em vez de transformarem energia em carne, leite ou ovos, bois, porcos e galinhas estão gastando suas reservas apenas para tentar não morrer de calor.
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De acordo com Robson Silveira, pesquisador do Nupea/Esalq-USP, as vacas leiteiras estão no topo da lista dos animais mais afetados.
"A própria produção de leite gera calor interno. Somado ao calor ambiental, o desafio é enorme. Reduções de 20% a 30% na produção de leite em períodos críticos já são comuns", explica.
Quando o calor aperta, o animal para de comer para evitar o calor da digestão. O resultado é um efeito dominó:
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A pesquisa aponta que nem todos os animais sentem o clima da mesma forma. Raças europeias (Bos taurus) sofrem drasticamente, enquanto raças zebuínas e locais apresentam maior "plasticidade".
Produtores devem ficar atentos aos indicadores de que o rebanho está pedindo ajuda:
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Especialistas da UFG e UFV reforçam que o manejo adaptativo não é mais opcional. As estratégias recomendadas incluem:
Pecuária de Leite: Uso de ventiladores, aspersores e nebulizadores em instalações modernas.
Corte e Pequenos Ruminantes: Adoção de sistemas silvipastoris (plantio de árvores no pasto), que garantem sombra e conforto térmico.
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Aves e Suínos: Ambientes rigorosamente controlados e redução da densidade de animais por metro quadrado.
Genética: Valorização de raças locais brasileiras, naturalmente adaptadas ao clima tropical.