O levantamento considera a aplicação da primeira dose da vacina contra difteria, tétano e coqueluche (DTP1), um dos principais indicadores de acesso à imunização de rotina / Unsplash
Continua depois da publicidade
Segundo dados divulgados nesta semana pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil retornou à lista dos 20 países com maior número de crianças não vacinadas no mundo
O país havia deixado o ranking em 2024, porém agora ocupa a 17ª posição, com base nos dados referentes ao ano de 2024.
Continua depois da publicidade
O levantamento considera a aplicação da primeira dose da vacina contra difteria, tétano e coqueluche (DTP1), um dos principais indicadores de acesso à imunização de rotina.
No Brasil, o imunizante é aplicado por meio da vacina pentavalente, que também protege contra hepatite B e infecções causadas pela bactéria Haemophilus influenzae tipo B (Hib).
Continua depois da publicidade
Em 2024, cerca de 229 mil crianças brasileiras não receberam a DTP1, um aumento expressivo em relação às 103 mil não vacinadas no ano anterior.
Em contrapartida, mais de 2,3 milhões de crianças foram imunizadas com a primeira dose da DTP1, resultando em uma cobertura de 91%.
Apesar da melhora em relação a 2022 (84%), o índice ainda está abaixo dos níveis históricos, que entre 2000 e 2012 chegaram a quase 99%.
Continua depois da publicidade
Desde 2016, o Brasil registra queda progressiva na cobertura vacinal, tendência que se agravou entre 2019 e 2022. A baixa adesão já traz reflexos: em 2023, o país registrou 7.438 casos de coqueluche, número muito superior aos 764 registrados em 2000.
O litoral de São Paulo registrou 16 ocorrências de coqueluche em 2024. Segundo o Ministério da Saúde, o número é o maior dos últimos dez anos, quando foram registrados 47 casos da doença.
Em escala mundial, 14,3 milhões de crianças não receberam nenhuma dose de vacina em 2024, um número 4 milhões acima do necessário para manter o avanço rumo às metas da Agenda de Imunização 2030. Além disso, 20 milhões de crianças iniciaram, mas não completaram, o esquema vacinal básico.
Continua depois da publicidade
Na região das Américas, sete dos 42 países relataram cobertura inferior a 80% com a primeira dose da vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola.
Segundo o Unicef, os principais fatores para os baixos índices de vacinação são conflitos armados, crises humanitárias, subfinanciamento dos programas nacionais, escassez de imunizantes e surtos de doenças.
Cerca de 10,2 milhões de bebês não vacinados ou com imunização incompleta vivem em países afetados por instabilidade institucional ou conflitos.
Continua depois da publicidade
Para Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), os números devem ser interpretados com cautela.
Ele destaca que os dados da OMS e do Unicef são absolutos e não proporcionais à população infantil de cada país. Isso pode influenciar a posição do Brasil no ranking, já que o país tem uma população numerosa.
Kfouri também observa que os dados globais nem sempre estão sincronizados com os registros nacionais. Segundo ele, o Ministério da Saúde aponta aumento na cobertura vacinal nos últimos anos. Ainda assim, o médico alerta para a existência de crianças fora do sistema de saúde, que não são vacinadas nem registradas.
Continua depois da publicidade
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece a DTP na rotina do Calendário Nacional de Vacinação, em continuidade à pentavalente, aplicada aos dois, quatro e seis meses de idade.
O reforço com a DTP é indicado em duas doses: a primeira aos 15 meses e a segunda aos quatro anos de idade, para crianças de 1 a 6 anos.