Brasil mapeia potenciais reservas de terras raras em 12 estados

O Brasil identificou áreas com grande potencial para conter terras raras em 12 estados do país. A informação é do Serviço Geológico do Brasil (SGB), que vem conduzindo estudos para confirmar a presença desses minerais em território nacional. 

Esses elementos químicos são considerados estratégicos por sua aplicação em tecnologias essenciais da atualidade, como turbinas eólicas, motores elétricos, dispositivos eletrônicos e sistemas de defesa.

Embora o país possua uma das maiores reservas do mundo, com cerca de 21 milhões de toneladas estimadas, ainda enfrenta o desafio de desenvolver sua capacidade industrial para o refino e beneficiamento desses materiais. 

Atualmente, o Brasil exporta principalmente matéria-prima bruta, enquanto países como a China dominam todo o processo produtivo e tecnológico relacionado às terras raras.

Onde estão as áreas com potencial?

Os estados identificados pelo SGB com potencial para conter terras raras são: Goiás, Tocantins, Minas Gerais, Bahia, Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Pará, Rondônia, Roraima, Amazonas e Piauí. Em alguns desses locais, os depósitos já foram confirmados, como em Goiás e Minas Gerais.

A maior parte das reservas conhecidas está associada a formações geológicas específicas, como rochas alcalino-carbonáticas e depósitos de argila iônica. 

Regiões como Araxá, Tapira e Poços de Caldas, em Minas Gerais, Catalão, em Goiás, e Seis Lagos, no Amazonas, estão entre as mais estudadas.

No sul da Bahia, há projetos avançados envolvendo rochas monazíticas e argilas iônicas. Já no Grupo Mata da Corda, também em Minas Gerais, pesquisas avaliam o potencial de depósitos em argila iônica.

Enquanto isso, há 1.200km da costa do estado do Rio Grande do Sul, a Elevação do Rio Grande, uma ilha submarina de grandes proporções no Atlântico Sul tem sido destaque no mundo inteiro por conter uma grande quantidade de terras raras, apesar de ainda não ser considerada território nacional.

Descobertas recentes no Piauí

Uma das novidades mais relevantes está na borda oriental da Bacia do Parnaíba, no estado do Piauí, onde o SGB identificou 39 novas ocorrências de fosfato, terras raras e urânio. 

Embora ainda seja necessário aprofundar os estudos para confirmação, a descoberta pode colocar o Brasil em posição de destaque no mercado global desses recursos estratégicos.

Caso os dados se confirmem, o país poderá fortalecer sua cadeia produtiva em setores como energia limpa, tecnologia de ponta e defesa. Isso também atrairia novos investimentos e reduziria a dependência de fornecedores externos.

Terras raras: o que são e por que importam

As terras raras são um grupo de 17 elementos químicos naturais, geralmente encontrados em combinação com outros minerais. Apesar do nome, não são raros no sentido de escassez, mas seu isolamento em alta pureza exige processos complexos e custosos.

Esses elementos são indispensáveis para a fabricação de uma série de itens modernos, como chips de computador, equipamentos médicos sofisticados, motores de veículos elétricos, satélites, foguetes e mísseis. 

Por isso, além de seu valor econômico, eles ocupam papel central em disputas geopolíticas no cenário internacional.

Desafios para o Brasil

Mesmo com uma das maiores reservas do mundo, o Brasil ainda não conseguiu estabelecer uma cadeia produtiva industrial robusta para processar e refinar os elementos de terras raras. 

A ausência de tecnologia e infraestrutura coloca o país como um exportador de matéria-prima, deixando de agregar valor internamente.

Especialistas apontam que, para mudar esse cenário, será necessário investimento estratégico em pesquisa, tecnologia e indústria. 

A exemplo da China, que domina atualmente o mercado global de terras raras, o Brasil precisaria planejar a longo prazo para consolidar sua presença nesse setor estratégico da economia mundial.