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O governador do Maranhão a criação de um fundo internacional obrigatório para que grandes empresas poluidoras, sobretudo de países rico, financiem projetos ambientais
Segundo Brandão, gigantes do petróleo, gás e carvão deveriam destinar parte do faturamento para ações que preservem o meio ambiente / Divulgação/Governo do Maranhão
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O governador do Maranhão, Carlos Brandão, defendeu nesta quinta-feira (13), durante a COP30, em Belém (PA), a criação de um fundo internacional obrigatório para que grandes empresas poluidoras, sobretudo de países rico, financiem projetos ambientais em nações e regiões menos desenvolvidas. A proposta mira o principal gargalo discutido na conferência: o financiamento climático.
Segundo Brandão, gigantes do petróleo, gás e carvão deveriam destinar parte do faturamento para ações que preservem o meio ambiente.
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'As indústrias poluidoras têm que financiar um percentual do faturamento para um fundo de preservação. Senão vamos ficar passeando de COP em COP e não vamos fazer nada de concreto', afirmou à Agência Brasil.
O governador não detalhou o modelo, mas disse que o fundo poderia ser usado tanto para iniciativas já estruturadas quanto para novos projetos de recuperação ambiental.
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Ele criticou o padrão atual de cobrança sobre países pobres:
'Já destruíram as florestas deles e agora exigem que os mais pobres preservem com recursos próprios. Isso precisa mudar'.
Durante a COP30, Brandão também apresentou um dos projetos mais simbólicos da delegação maranhense: a criação da primeira universidade indígena do Brasil, instalada na Terra Indígena Araribóia, no município de Amarante.
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A instituição será fruto de parceria entre:
Instituto Tukán
Fundação de Amparo à Pesquisa do Maranhão
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Universidade Estadual do Maranhão
Ministério dos Povos Indígenas
O projeto foi construído com ampla consulta. Entre outubro de 2023 e julho de 2025, lideranças indígenas, mestres de saber tradicional, professores, pesquisadores e representantes de instituições foram ouvidos para moldar o currículo e os cursos.
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'É uma inovação. Já conseguimos formar 56 indígenas para lecionar, tanto nas escolas da região quanto na nova universidade', destacou Brandão.
A universidade nasce para preservar saberes ancestrais, fortalecer identidades culturais e conectar comunidades indígenas de todo o país.
O governador também busca na COP30 novos recursos para programas ambientais já em andamento. Ele firmou um acordo de US$ 100 milhões com a empresa suíça Mercúria, fruto de compensações de multas ambientais.
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Em vez de aplicar multas diretas, o governo negocia que empresas invistam em projetos ambientais, o que, segundo Brandão, traz retorno mais eficaz:
'A multa fica ruim para a empresa. Preferimos propor projetos concretos'.
O recurso financiará recuperação de áreas degradadas em cidades como São Bento, Santa Luzia, Paço do Lumiar, Rosário e Barra do Corda, com plantio massivo de juçara — palmeira nativa semelhante ao açaí.
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Criação de três parques ecológicos (Colinas, Pastos Bons e São Mateus)
Implantação do Complexo Ambiental de Atins
Novas ações de prevenção a queimadas
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Parcerias para governança territorial e regularização fundiária
O estado receberá R$ 15 milhões do projeto internacional de Regularização Ambiental via ONU e Canadá.
De 2022 a 2025, o governo maranhense entregou quase 18.500 títulos de propriedade, além de regularizar 27 territórios quilombolas. A medida busca reduzir conflitos agrários e promover segurança jurídica às famílias.
Apesar dos avanços, o Maranhão permanece como o estado brasileiro com maior número de ameaças de morte relacionadas a disputas de terra. O relatório da Comissão Pastoral da Terra aponta que 21,6% dos casos registrados no país em 2024 ocorreram no estado.