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A chamada gasolina E30 contém agora 30% de etanol anidro em sua composição, acima dos 27,5% da fórmula anterior, e é resultado de uma mudança aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética
Ana Clara Durazzo
Publicado em 06/08/2025 às 08:30
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O aumento foi previsto na Lei do Combustível do Futuro, sancionada em outubro de 2024, e tem como objetivo reduzir a dependência da gasolina importada / Imagem: Agência Senado
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A partir desta sexta-feira (1º), o Brasil passa a operar com uma nova fórmula de gasolina nas refinarias e distribuidoras. A chamada gasolina E30 contém agora 30% de etanol anidro em sua composição, acima dos 27,5% da fórmula anterior, e é resultado de uma mudança aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), com aval do governo federal. A medida também altera a proporção de biodiesel no diesel, que passa de 14% para 15%.
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O aumento foi previsto na Lei do Combustível do Futuro, sancionada em outubro de 2024, e tem como objetivo reduzir a dependência da gasolina importada, estimular o setor de biocombustíveis e diminuir as emissões de gases do efeito estufa. Segundo o Ministério de Minas e Energia, a mudança pode evitar a importação de 760 milhões de litros de gasolina por ano e gerar 1,5 bilhão de litros de demanda adicional de etanol, movimentando cerca de R$ 9 bilhões no setor sucroalcooleiro.
A gasolina E30 começará a chegar aos postos assim que os estoques atuais forem esgotados, o que deve ocorrer progressivamente ao longo de agosto. A expectativa é de que o preço na bomba caia em torno de R$ 0,11 por litro, conforme projeção do governo, embora essa redução possa variar dependendo da safra da cana, da região e da competitividade entre postos.
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Além disso, o novo combustível apresenta uma melhoria técnica na octanagem, passando de 93 RON para 94 RON, o que pode resultar em uma combustão mais eficiente e menor risco de detonação (a chamada “batida de pino”).
Para garantir a segurança da mudança, o Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) testou a gasolina E30 em 16 carros (de 1994 a 2024), incluindo modelos antigos, híbridos, turbo e com injeção direta, além de 13 motocicletas fabricadas entre 2004 e 2024. Os ensaios avaliaram partidas a frio, dirigibilidade, aceleração, retomada e funcionamento em temperaturas extremas.
Segundo o IMT, não houve impactos significativos no desempenho nem aumento de falhas nos veículos testados. As pequenas variações observadas foram atribuídas à idade ou manutenção dos veículos. Os testes também indicaram nenhuma diferença relevante nas emissões de escapamento, embora o etanol traga ganhos ambientais no ciclo de carbono, já que a cana-de-açúcar absorve CO da atmosfera durante o cultivo.
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Apesar dos bons resultados, especialistas alertam para possível queda na autonomia dos veículos. Segundo Rogério Gonçalves, diretor da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), a maior proporção de etanol pode levar a um consumo um pouco maior, o que será percebido principalmente por motoristas que percorrem longas distâncias.
Veículos não flex, como motocicletas, carros antigos e importados, também exigem atenção. Esses modelos podem ter componentes menos adaptáveis ao etanol, o que poderia levar a problemas de corrosão, acúmulo de resíduos e maior desgaste de materiais.
Ainda assim, o governo reforça que o Brasil usa etanol na gasolina desde 1976 e, desde 1983, com proporções superiores a 20%. A gasolina E30 segue essa trajetória com ganho ambiental e potencial de independência energética.
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Além da gasolina, o diesel também passa por mudança: o teor de biodiesel sobe de 14% para 15%. Essa alteração, no entanto, é vista com mais cautela pelo setor de transporte. O biodiesel aumenta a absorção de água e a possibilidade de oxidação, podendo formar resíduos que comprometem o desempenho dos motores a diesel, especialmente os que rodam longas distâncias ou armazenam combustível por mais tempo.
A alteração vale apenas para as gasolinas comum e aditivada. A gasolina premium mantém sua composição com 25% de etanol e octanagem de 95 RON, sendo ainda a mais indicada para veículos importados ou com motores mais sensíveis.
O governo federal considera a adoção da gasolina E30 um passo estratégico na transição energética brasileira, equilibrando segurança energética, competitividade do etanol nacional e sustentabilidade ambiental. Além disso, a medida pode colocar o país novamente no caminho da autossuficiência na produção de gasolina, condição que o Brasil não alcança há mais de 15 anos.
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A mudança é sutil na bomba, mas significativa nos bastidores do setor energético e pode ser o início de uma nova era para os combustíveis no país.
