Nacional

Bactéria mortal está se tornando resistente a antibióticos, aponta estudo

Nas últimas três décadas, a eficácia de medicamentos contra a doença vem sendo corroída pela evolução de cepas resistentes

Ana Clara Durazzo

Publicado em 17/07/2025 às 12:10

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

A febre tifoide é uma doença infecciosa, transmitida principalmente pela ingestão de água ou alimentos contaminados por fezes ou urina de pessoas infectadas / Divulgação/GOV

Continua depois da publicidade

Apesar de ser uma doença milenar, a febre tifoide ainda representa um risco significativo no mundo contemporâneo, especialmente diante do avanço alarmante de cepas resistentes a antibióticos. Segundo um estudo publicado em 2022, a bactéria Salmonella enterica sorovar Typhi (S. Typhi), causadora da doença, está se tornando cada vez mais resistente aos tratamentos disponíveis, substituindo rapidamente variantes não resistentes.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

A febre tifoide é uma doença infecciosa, transmitida principalmente pela ingestão de água ou alimentos contaminados por fezes ou urina de pessoas infectadas. A doença é mais comum em áreas com más condições de saneamento básico e higiene. 

Continua depois da publicidade

Leia Também

• Febre da raposa: conheça doença mortal que permanece no corpo por até 15 anos

• Doença da Vaca Louca: entenda o que acontece quando o corpo se volta contra si mesmo

• Bactéria mortal se espalha e desafia antibióticos, dizem pesquisadores

Atualmente, os antibióticos são a única forma eficaz de tratamento. Contudo, nas últimas três décadas, a eficácia desses medicamentos vem sendo corroída pela evolução de cepas resistentes, incluindo a chamada Typhi XDR (extensivamente resistente a medicamentos).

Essa variante não apenas ignora os antibióticos de primeira linha, como ampicilina, cloranfenicol e trimetoprima/sulfametoxazol, mas também resiste a fármacos mais modernos, como as fluoroquinolonas e cefalosporinas de terceira geração.

Continua depois da publicidade

Disseminação global preocupa especialistas

Pesquisadores sequenciaram o genoma de 3.489 amostras de S. Typhi coletadas entre 2014 e 2019 em países do sul da Ásia e constataram o crescimento acelerado das cepas XDR.

Embora a maioria dos casos se concentre nessa região, quase 200 casos de disseminação internacional já foram documentados desde 1990, com registros no Sudeste Asiático, África e até mesmo nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido.

Último antibiótico oral em risco

Com o surgimento de múltiplas resistências, resta hoje apenas uma alternativa oral eficaz contra a febre tifoide: a azitromicina, um antibiótico da classe dos macrolídeos. No entanto, os pesquisadores já detectaram mutações que ameaçam a eficácia desse medicamento — e embora essas mutações ainda não tenham sido incorporadas pela variante XDR, o risco é iminente.

Continua depois da publicidade

A resistência antimicrobiana tem crescido de forma preocupante. No início dos anos 2000, mutações que conferem resistência às quinolonas já representavam mais de 85% dos casos em países como Bangladesh, Índia, Paquistão, Nepal e Singapura. A resistência às cefalosporinas também vem aumentando, restringindo drasticamente as opções terapêuticas.

Risco de crise sanitária global

Sem tratamento, a febre tifoide pode ser fatal em até 20% dos casos. Estima-se que a doença atinja cerca de 11 milhões de pessoas por ano. Para conter esse avanço, a principal alternativa preventiva são as vacinas conjugadas contra a febre tifoide, que vêm sendo aplicadas com sucesso em alguns países.

No Paquistão, pioneiro na imunização de rotina contra a doença, as campanhas de vacinação têm mostrado resultados positivos. Um estudo realizado na Índia estima que a vacinação infantil em áreas urbanas poderia prevenir até 36% dos casos e mortes por tifoide.

Continua depois da publicidade

Contudo, o acesso desigual às vacinas segue sendo um desafio.

O alerta da pandemia

A pandemia de COVID-19 mostrou ao mundo como doenças infecciosas podem atravessar fronteiras rapidamente. O sul da Ásia concentra 70% dos casos de febre tifoide, mas, sem medidas de controle eficazes e distribuição global de vacinas, o risco de uma nova emergência de saúde pública é real.

A resistência aos antibióticos já é uma das principais causas de morte no mundo, superando o HIV/Aids e a malária. Diante desse cenário, especialistas reforçam que vacinas são uma das ferramentas mais poderosas que temos para prevenir uma nova crise sanitária.

Continua depois da publicidade

Mais Sugestões

Conteúdos Recomendados

©2025 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software