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No discurso de abertura da Cúpula do Clima, o presidente do Brasil criticou o distanciamento entre a diplomacia e abordou o sofrimento popular
Presidente Lula em seu discurso na abertura da Cúpula do Clima da COP 30 / Bruno Peres/Agência Brasil
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (6), durante a sessão plenária da Cúpula do Clima em Belém, que "interesses egoístas e imediatos preponderam sobre o bem comum" quando se trata de preservação ambiental.
A reunião de líderes marca o encontro preparatório para a COP 30, a conferência da ONU sobre mudanças climáticas que será sediada pela capital paraense. O presidente Lula fez a fala de abertura do evento que reúne chefes de Estado e de governo de mais de 40 países.
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Em seu discurso, Lula destacou que, "para avançar, será preciso superar dois descompassos". O primeiro seria "a desconexão entre os salões diplomáticos e o mundo real". "As pessoas podem não entender o que são emissões ou toneladas métricas de carbono, mas sentem a poluição", destacou o petista.
"Podem não assimilar o significado de um aumento de um grau e meio na temperatura global, mas sofrem com secas, enchentes e furacões. O combate à mudança do clima deve estar no centro das decisões de cada governo, de cada empresa, de cada pessoa", prosseguiu.
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O segundo problema apontado pelo presidente é o distanciamento entre o contexto geopolítico e a urgência climática. Ele criticou o extremismo, dizendo que "forças extremistas fabricam inverdades para obter ganhos eleitorais e aprisionar as gerações futuras a um modelo ultrapassado que perpetua disparidades sociais e econômicas e degradação ambiental".
O presidente também cobrou menos recursos para fins de guerra e mais para a proteção ambiental, ressaltando que "justiça climática é aliada do combate à fome e à pobreza".
Em vários momentos do discurso, Lula destacou a importância de realizar um evento da magnitude de uma conferência da ONU em uma cidade na região da Amazônia, no lugar de uma grande metrópole. Ele descreveu que o Mundo precisa entender e ver de perto os desafios de uma floresta.
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"Pela primeira vez na história, uma COP do Clima terá lugar no coração da Amazônia. No imaginário global, não há símbolo maior da causa ambiental do que a floresta amazônica. Aqui correm os milhares de rios e igarapés que conformam a maior bacia hidrográfica do planeta. Aqui habitam as milhares de espécies de plantas e animais que compõem o bioma mais diverso da Terra", afirmou.
Lula ainda reiterou que este é o "momento de levar a sério os alertas da ciência", citando projeções de mortes e prejuízos financeiros com o avanço do aquecimento global. Por diversas vezes, o presidente condenou o negacionismo climático e citou a importância de nos unirmos.
O presidente argumentou que "rivalidades estratégicas e conflitos armados desviam atenção de recursos que deviam ser destinados para o enfrentamento do aquecimento global".
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"Enquanto isso, a janela de oportunidades está se fechando. A mudança do clima é resultado das mesmas dinâmicas que fraturam a nossa sociedade entre ricos e pobres. Será impossível conte-la sem superar as desigualdades entre nações".
Lula também afirmou que é necessário que os países se afastem de combustíveis fósseis para reverter o desmatamento. "A humanidade está ciente do impacto da mudança do clima há mais de 35 anos, desde a primeira publicação do relatório [da ONU], mas foi necessário 28 conferências para reconhecer a necessidade de se afastar dos combustíveis fosseis e de parar de reverter o desmatamento", disse ele.
Por fim, o presidente citou o tema cobrando planejamento. "Estou convencido de que, apesar das nossas dificuldades e contradições, precisamos de mapas do caminho para, de forma justa e planejada, reverter o desmatamento, superar a dependência dos combustíveis fósseis e mobilizar os recursos necessários para esses objetivos".
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A Cúpula de Líderes, que não define tratados climáticos ou outros assuntos, tem o objetivo de traçar as diretrizes que irão nortear os próximos debates da COP 30.