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Última unidade saiu da Alemanha em novembro; hatch que marcou gerações no Brasil se despede em meio à mudança global de estratégia da montadora
O modelo permanece forte no mercado de seminovos, especialmente entre entusiastas das primeiras gerações. / Divulgação
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O Ford Focus, um dos hatches médios mais influentes da indústria automobilística moderna, deixou oficialmente de ser produzido após quase três décadas. O último exemplar, um modelo branco de cinco portas, saiu da fábrica de Saarlouis, na Alemanha, em novembro, marcando o fim de um ciclo que começou em 1998 e acumulou mais de 12 milhões de unidades vendidas em todo o mundo.
O encerramento conclui uma história de 27 anos e simboliza a transição definitiva da Ford para um portfólio centrado em SUVs, picapes e veículos eletrificados, em um cenário global de retração dos hatches médios.
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A decisão não surpreende quem acompanha o setor. Desde 2022, a Ford já havia anunciado que o Focus deixaria de ser produzido em 2025, ao mesmo tempo em que avaliava o futuro da planta de Saarlouis, que perderá a fabricação de veículos em 2025 e busca um novo investidor.
Na Europa, o movimento é parte de um redesenho profundo da marca. O Focus segue a mesma trajetória de Mondeo e Fiesta, que saíram de linha em 2022 e 2023, respectivamente.
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Em comunicado, a Ford afirmou que está realocando recursos para “plataformas de próxima geração”, com maior potencial de crescimento e rentabilidade, reforçando o foco na eletrificação e no segmento SUV.
No Brasil, o Focus marcou presença entre 2000 e 2019, quando era produzido na Argentina e disputava o segmento com Volkswagen Golf, Chevrolet Vectra/Cruze, Fiat Bravo e Peugeot 308. O modelo chegou em versões hatch e sedã, com múltiplas motorizações.
Apesar do sucesso, o câmbio Powershift — que apresentou falhas recorrentes — afetou a reputação de algumas versões, contribuindo para a queda nas vendas.
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Quando a Ford encerrou a produção na América do Sul, o cenário já era claro: o consumidor brasileiro migrava definitivamente para os SUVs, reduzindo o espaço dos hatches médios.
A decisão global reflete tendências inequívocas:
SUVs e crossovers dominam o mercado europeu e latino-americano
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Sedãs e hatches médios encolhem ano após ano
Montadoras priorizam plataformas elétricas e híbridas com maior margem de lucro
Na Europa, a Ford reforça sua presença em SUVs eletrificados como Explorer EV e Capri, produzidos em Colônia. Já a planta de Valência, na Espanha, será o polo para uma nova arquitetura elétrica que estreia na segunda metade da década.
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Apesar do adeus ao hatch médio, o nome pode renascer em 2027.
Publicações especializadas relatam que a Ford desenvolve um SUV médio que poderá se chamar Focus, posicionado entre o Puma e o Kuga. O modelo usaria a plataforma C2 — a mesma do Focus, Bronco Sport e Maverick — e teria versões híbridas e totalmente elétricas.
A montadora não confirma oficialmente, mas executivos já admitem que trabalham em veículos menores e mais acessíveis para ocupar o espaço deixado por Focus e Fiesta.
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O fim do Focus reflete um fenômeno global:
Na Europa, sobrevivem Golf, Corolla, 308, Astra e alguns premium, mas todos com participação reduzida.
No Brasil, o segmento praticamente desapareceu — restaram versões esportivas importadas e modelos de luxo como A3, Série 1 e o elétrico MG4.
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Os SUVs ganharam pela altura, pelo espaço interno e pelos pacotes tecnológicos, condições que reduziram a atratividade dos hatches tradicionais.
A Ford garante continuidade de:
peças de reposição,
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assistência técnica,
suporte de concessionárias,
por período compatível com a vida útil dos veículos.
O modelo permanece forte no mercado de seminovos, especialmente entre entusiastas das primeiras gerações.
O Focus se despede como um ícone da engenharia automotiva. Reconhecido pelo acerto dinâmico, dirigibilidade afiada e projetos premiados, ele marcou presença tanto no Brasil quanto na Europa.
A pergunta que fica é: o Focus volta um dia?
Se voltar, será em outra forma — provavelmente alta, eletrificada e com espírito de SUV.