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Temperatura do mar supera índice histórico após calor recorde em fevereiro

Dados foram divulgados na madrugada desta quinta-feira (7) pelo observatório climático europeu Copernicus

Da Reportagem

Publicado em 10/03/2024 às 07:38

Atualizado em 10/03/2024 às 08:30

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Considerando a temperatura do ar, este também foi o fevereiro mais quente da história / Fernando Frazão/Agência Brasil

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A temperatura da superfície dos oceanos em fevereiro em todo o mundo foi a mais alta já registrada na história. A média para o mês chegou a 21,06°C, quebrando o recorde anterior, de agosto de 2023, quando o índice foi de 20,98°C.

Considerando a temperatura do ar, este também foi o fevereiro mais quente da história. A média foi de 13,54°C, superando em 0,12°C a temperatura do fevereiro mais quente até então, em 2016. Desde junho do ano passado, todos os meses quebraram os recordes de calor para aquele respectivo mês.

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Os dados foram divulgados na madrugada desta quinta-feira (7) pelo observatório climático europeu Copernicus.

No dia 29, também foi superado o recorde absoluto diário da temperatura do mar, chegando a 21,09°C. Na análise da temperatura da superfície marinha global, o Copernicus não inclui as regiões polares, seguindo padrão adotado no monitoramento climático.

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"Os oceanos estão quentes devido às altas concentrações de gases de efeito de estufa associadas às emissões humanas", explica o climatologista Alexandre Costa, professor da UECE (Universidade Estadual do Ceará). "Basicamente, 93% do excedente de calor associado ao aquecimento global fica armazenado nos oceanos. E, a partir das correntes oceânicas, parte desse calor é redistribuído, entregue para a atmosfera".

Mesmo com o arrefecimento do El Niño na região equatorial do oceano Pacífico, as temperaturas da superfície marinha permaneceram em um nível incomumente alto, especialmente para esta época do ano.

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O pesquisador ressalta que, normalmente, os oceanos têm dois picos de calor no ano: entre março e abril, e em agosto.

"Então, nós quebramos o recorde de temperatura global em fevereiro, mas muito provavelmente esse recorde pode ser quebrado [novamente] em março e até em abril. Nós ainda não chegamos na máxima temperatura este ano para os oceanos", diz.

Ele afirma que o El Niño contribui para as altas taxas, já que é caracterizado pela emersão do calor das camadas mais profundas dos mares para a superfície, mas não é o principal fator para o aquecimento dos oceanos. "Essa questão está relacionada ao aquecimento global. Não é normal temperaturas tão altas em fevereiro".

O Copernicus tem registros diários de temperatura global que datam até 1940. Os boletins mensais gerados pelo observatório usam bilhões de medições de satélites, navios, aeronaves e estações meteorológicas para analisar o estado do clima global.

Quanto à temperatura do ar, o mês passado foi 1,77°C mais quente do que uma estimativa da média de fevereiro de 1850 a 1900. Este período é usado como referência às temperaturas anteriores à Revolução Industrial, que fizeram disparar as emissões de gases de efeito estufa gerados pelas atividades humanas.

Os índices de fevereiro foram puxados pela primeira metade do mês, quando a temperatura média global diária foi excepcionalmente alta. Em quatro dias consecutivos (de 8 a 11), a taxa ficou 2°C acima dos níveis pré-industriais.

Considerando os últimos 12 meses (março de 2023 a fevereiro de 2024), a temperatura média global foi a mais alta já registrada.

"Fevereiro se junta à longa sequência de recordes dos últimos meses", disse em comunicado Carlo Buontempo, diretor do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, acrescentando que o fato não é surpreendente.

"[Isso porque] o aquecimento contínuo do sistema climático inevitavelmente leva a novos extremos de temperatura. O clima responde às concentrações reais de gases de efeito estufa na atmosfera, então, a menos que consigamos estabilizá-las, inevitavelmente enfrentaremos novos recordes de temperatura global e suas consequências", afirmou.

Costa, da UECE, explica que os gases de efeito estufa prendem o calor e impedem que ele se dissipe para o espaço, aquecendo o planeta e, consequentemente, os oceanos.

"Essa energia acumulada no sistema climático terrestre é redistribuída", diz. Assim, o calor é transportado para os polos, acelerando o degelo, provoca o branqueamento dos corais, impactando a biodiversidade marinha, e também se transforma em eventos climáticos mais intensos.

"Esse calor excessivo nos oceanos implica que eles são uma fonte mais intensa de evaporação de vapor d'água. Mais vapor d'água na atmosfera significa que você tem mais matéria-prima para produzir chuvas intensas. Então, oceanos muito quentes intensificam eventos extremos de precipitação", afirma.

"Um outro aspecto é que oceanos muito quentes contribuem para a formação de furacões, tufões, ciclones tropicais em geral, bastante intensos. Porque eles são um mecanismo de redistribuição de calor no sistema climático, funcionam como uma máquina térmica".

O ano de 2023 -que quebrou todos os recordes e foi o mais quente em 125 mil anos- foi marcado por eventos climáticos extremos, como a seca histórica que atingiu a amazônia, os gigantescos incêndios florestais no Canadá e os alagamentos na China.

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