Mundo

Solidão atinge milhões e se torna problema global de saúde, diz OMS

O alerta foi feito por uma comissão internacional criada pela OMS para estudar e combater esse fenômeno, que cresce em todas as faixas etárias e regiões do planeta

Ana Clara Durazzo

Publicado em 04/07/2025 às 10:30

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

A saúde mental também é diretamente afetada: o risco de depressão dobra em pessoas solitárias / Imagem: PxHere

Continua depois da publicidade

A solidão e o isolamento social afetam uma em cada seis pessoas no mundo e representam riscos sérios à saúde física e mental. O alerta foi feito por uma comissão internacional criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para estudar e combater esse fenômeno, que cresce em todas as faixas etárias e regiões do planeta.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

O relatório, divulgado nesta segunda-feira (1), revela que o problema vai além das fronteiras dos países ricos: 24% da população de nações de baixa renda sofrem com solidão, mais do que o dobro da taxa observada em países de alta renda (11%). O impacto é amplo e afeta desde um quarto dos adolescentes até um terço dos idosos.

Continua depois da publicidade

Leia Também

• Solidão na velhice: você vai se surpreender com o impacto na saúde dos idosos

• Sentimento de solidão pode gerar perda auditiva; entenda

“Vivemos em uma era de hiperconectividade, mas, paradoxalmente, nunca estivemos tão isolados”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante a apresentação do estudo.

Riscos para corpo e mente

De acordo com a Comissão para Conexão Social, liderada pelo ex-cirurgião-geral dos Estados Unidos, Vivek Murthy, e pela representante da União Africana para a Juventude, Chido Mpemba, a solidão e o isolamento social aumentam significativamente o risco de doenças cardíacas, diabetes, declínio cognitivo e até morte precoce. Juntas, essas condições estão ligadas a aproximadamente 871 mil mortes por ano.

Continua depois da publicidade

Sentimento de solidão também pode gerar perda auditiva; entenda

A saúde mental também é diretamente afetada: o risco de depressão dobra em pessoas solitárias. Entre adolescentes, a solidão está associada a um desempenho escolar 22% inferior em relação aos colegas. Já em adultos, o sentimento de isolamento pode dificultar a obtenção e a manutenção de empregos.

Além das consequências individuais, os impactos econômicos também são expressivos. A OMS estima que os custos com saúde e as perdas relacionadas ao emprego somam bilhões de dólares todos os anos.

Continua depois da publicidade

A resposta está na conexão social

Para enfrentar o problema, o relatório destaca que a chave está no fortalecimento das conexões sociais. Entre as principais recomendações estão campanhas públicas de conscientização, ampliação do acesso a cuidados psicológicos e investimentos em espaços que promovam a convivência, como parques, bibliotecas e cafés.

A Suécia foi apontada como exemplo positivo. O país adotou uma estratégia nacional contra a solidão, incluindo ações comunitárias e estímulo a interações sociais em espaços públicos. Segundo o ministro da Assistência Social, Jakob Forssmed, todas as crianças e adolescentes suecos receberão cartões pré-pagos para participar de atividades coletivas de lazer.

Redução do uso de celulares em escolas

Outra medida implementada pela Suécia é a proibição do uso de celulares em escolas públicas. Pesquisas indicam que a medida melhora a interação social entre alunos, reduz o bullying digital e contribui para uma melhor qualidade do sono. Forssmed também destacou que crianças demonstram frustração quando os pais estão constantemente distraídos por seus aparelhos.

Continua depois da publicidade

Apesar dos benefícios da tecnologia, como o trabalho remoto e a comunicação por vídeo, a comissão da OMS defende a criação de ambientes onde as pessoas possam se conectar de forma presencial, sem a mediação constante dos dispositivos digitais.

“Durante milênios, os humanos se comunicaram muito além das palavras — por meio de expressões faciais, gestos, silêncios e tons de voz”, observou Vivek Murthy. “Essas formas essenciais de conexão são prejudicadas quando nos limitamos às telas.”

Mais Sugestões

Conteúdos Recomendados

©2025 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software