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Sinal de 13 bilhões de anos surpreende cientistas e revela universo ainda 'bebê'

Explosão estelar detectada por satélite e analisada pelo James Webb mostra como eram as estrelas quando o cosmos tinha só 5% da idade atual

Luana Fernandes Domingos

Publicado em 18/12/2025 às 14:57

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Embora o surto inicial de raios gama tenha durado apenas alguns segundos, observar a supernova exigiu paciência / Reprodução

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Cientistas detectaram um sinal com cerca de 13 bilhões de anos de idade vindo do espaço, oferecendo um vislumbre inédito do universo quando ele tinha apenas 730 milhões de anos, o equivalente a 5% da idade atual do cosmos.

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A descoberta foi possível graças a uma combinação rara de rapidez, tecnologia de ponta e cooperação internacional.

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O evento foi registrado em 14 de março de 2025, quando o satélite SVOM, missão franco-chinesa dedicada a fenômenos extremos do universo, detectou um surto de raios gama — um clarão de energia colossal que durou cerca de 10 segundos.

Batizado de GRB 250314A, o sinal é típico do colapso de uma estrela massiva, evento que dá origem a uma supernova.

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Assim que o alerta foi emitido, uma verdadeira corrida científica global entrou em ação. Menos de duas horas depois, o observatório Swift, da NASA, localizou a fonte do sinal.

Em seguida, telescópios terrestres nas Ilhas Canárias e no Chile, incluindo o Very Large Telescope (VLT), ajudaram a estimar a distância extraordinária do objeto.

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A confirmação do recorde veio com a entrada em cena do James Webb Space Telescope (JWST), único instrumento capaz de analisar em detalhe uma explosão tão distante. Segundo Andrew Levan, professor da Universidade Radboud e autor principal do estudo, o Webb foi decisivo.

“Apenas o Webb podia mostrar diretamente que essa luz vinha de uma supernova, ou seja, do colapso de uma estrela massiva. Essa observação demonstra que conseguimos identificar estrelas individuais quando o universo tinha apenas 5% de sua idade atual”, afirmou.

Dilatação do tempo causada pela expansão do universo

Embora o surto inicial de raios gama tenha durado apenas alguns segundos, observar a supernova exigiu paciência. A explicação está na expansão do universo, que estica a luz ao longo de bilhões de anos de viagem.

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Esse fenômeno provoca uma dilatação temporal, fazendo com que eventos que durariam semanas pareçam se estender por meses quando observados da Terra.

Por isso, os astrônomos aguardaram até 1º de julho, mais de três meses após a detecção inicial, para apontar o James Webb ao local exato. Esse era o momento calculado em que o brilho da supernova estaria no auge para os instrumentos modernos.

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O resultado foi histórico: a supernova associada ao GRB 250314A tornou-se a mais distante já observada, superando todos os registros anteriores.

Uma descoberta que contrariou expectativas

O achado trouxe ainda uma surpresa científica. Esperava-se que estrelas da chamada Era da Reionização — período inicial do universo — fossem muito diferentes das atuais, com poucos elementos pesados e mecanismos de morte distintos. No entanto, os dados espectrais do James Webb revelaram algo inesperado.

“Chegamos com a mente aberta. E então o Webb nos mostra que essa supernova se parece exatamente com as supernovas modernas”, disse Nial Tanvir, professor da Universidade de Leicester e coautor do estudo.

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A descoberta sugere que os processos de formação e morte das estrelas podem ter se tornado complexos muito mais cedo do que os cientistas imaginavam. Isso levanta novas questões sobre a rapidez com que o universo se organizou após o Big Bang.

Enquanto novas respostas não chegam, o James Webb segue observando o passado profundo do cosmos, em busca de outros sinais antigos que ajudem a desvendar como tudo começou.

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