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Sinais de rádio misteriosos na Antártica desafiam explicações científicas

Pulsos detectados por antenas da NASA parecem surgir do subsolo e não podem ser explicados por partículas conhecidas, segundo novo estudo

Luana Fernandes Domingos

Publicado em 20/06/2025 às 18:20

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Pulsos detectados por antenas da NASA parecem surgir do subsolo / Freepik

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Em dois momentos distintos, nos anos de 2006 e 2014, cientistas captaram sinais de rádio vindos do interior do gelo da Antártica — e, desde então, o fenômeno permanece sem explicação. Os pulsos foram detectados pelo experimento ANITA (sigla para Antarctic Impulsive Transient Antenna), um conjunto de antenas de alta altitude lançado por balão pela NASA, projetado para estudar partículas cósmicas. Mas os dados colhidos deixaram a comunidade científica desconcertada.

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Ao contrário do esperado, os sinais não refletiam no solo, mas pareciam emergir de dentro da Terra, em ângulos tão inclinados que sugeriam uma travessia completa pelo planeta. Essa característica aponta para partículas de comportamento extremamente raro — como os neutrinos — mas mesmo eles, segundo a física atual, não explicam totalmente o fenômeno.

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O neutrino tau, por exemplo, é uma das poucas partículas capazes de atravessar a Terra sem interagir com a matéria. No entanto, para produzir os sinais detectados, ele teria que cruzar milhares de quilômetros sem colidir com nada, algo altamente improvável. Além disso, apenas um dos eventos captados teve alguma possível origem espacial identificável.

Para investigar mais a fundo, um novo estudo analisou 14 anos de dados do Observatório Pierre Auger, na Argentina — o maior do mundo para detecção de raios cósmicos. A expectativa era encontrar eventos semelhantes aos do ANITA, caso eles fossem causados por partículas reais. Mas nenhum sinal compatível foi registrado.

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O resultado, publicado na revista Physical Review Letters, praticamente descarta a hipótese de que neutrinos conhecidos estejam por trás dos pulsos misteriosos. Isso levanta novas perguntas: teria sido algum tipo de erro, um fenômeno físico ainda não compreendido ou até mesmo a presença de uma nova partícula subatômica?

Por enquanto, não há respostas definitivas. A comunidade científica aguarda o lançamento do experimento PUEO, sucessor do ANITA, com sensores mais sensíveis que poderão confirmar a natureza dos sinais. Até lá, o que emerge do subsolo gelado da Antártica permanece como um dos maiores enigmas da física contemporânea.

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