X

Mundo

Rihanna vira heroína nacional após Barbados se tornar república

Cantora, que foi criada na capital do País, já tinha o título de embaixadora extraordinária e plenipotenciária; Barbados se despediu da monarquia britânica após intensos debates sobre a herança escravocrata do período colonial

FolhaPress

Publicado em 30/11/2021 às 17:38

Comentar:

Compartilhe:

A-

A+

Rihanna ganha título de heroína nacional do dia em que Barbados se torna uma república / Divulgação

A ilha de Barbados se despediu da monarquia britânica à meia-noite desta terça (30), quando se tornou uma república após intensos debates sobre a herança escravocrata do período colonial. Durante o evento de celebração, a cantora Rihanna, criada na capital do país, Bridgetown, recebeu o título de herói nacional.

O país já havia dado à várias vezes ganhadora do Grammy o título de embaixadora extraordinária e plenipotenciária, uma forma de aumentar a promoção do turismo e da educação na ilha.

Assim, Rihanna, dona de uma fortuna de US$ 1,7 bilhão, soma-se a um seleto grupo de outros dez cocidadãos designados heróis nacionais de Barbados. Para a primeira-ministra Mia Mottley, a cantora, autora dos hits "Umbrella" e "Diamonds", incutiu "imaginação ao mundo por meio da busca por excelência com sua criatividade, disciplina e, acima de tudo, extraordinário compromisso com sua terra natal".

A mudança de sistema político ocorre depois de 400 anos de ligação do país caribenho ao trono britânico, o que fazia da rainha Elizabeth 2ª a chefe de Estado da ilha –agora, a posição passa para Sandra Mason, até então governadora-geral, eleita para o cargo em outubro. Para o trono britânico, a medida levanta temores de que outras ex-colônias ainda ligadas ao Reino Unido decidam fazer o mesmo.

O príncipe Charles, primeiro na linha de sucessão ao trono britânico, participou da cerimônia e disse que a mudança "oferece um novo começo". "Desde os dias mais sombrios de nosso passado e da terrível atrocidade da escravidão que mancha a nossa história, o povo desta ilha abriu seu caminho com firmeza."

O tom do discurso de Charles, ao se referir de maneira clara aos crimes da escravidão, foi bem recebido -o tema é, historicamente, um elefante branco na sala da monarquia britânica. Lord Woolley, fundador da organização Operation Black Vote, no Reino Unido, caracterizou a fala como "muito corajosa".

As falas do príncipe ajudam a alavancar um debate incômodo, disse Woolley ao jornal britânico The Guardian. "Estar com o príncipe Charles aqui, dizendo 'tivemos um passado muito sombrio, mas Barbados tem um futuro muito brilhante' é o início de uma conversa adulta liderada por um futuro rei", afirmou.

A rainha Elizabeth, que recentemente recebeu orientações médicas para repousar, não estava presente, mas enviou uma mensagem. Disse desejar aos barbadianos "votos de felicidade, paz e prosperidade".

O nascimento da república 55 anos depois de Barbados declarar independência desfaz todos os laços coloniais mantidos com o Reino Unido. "Trata-se do ponto final desta página colonial", disse Winston Farrell, um poeta local. "Estamos saindo dos canaviais, resgatando a nossa história."

Ao anunciar a decisão de cortar laços com a monarquia no ano passado, a primeira-ministra Mottley, que liderou a cerimônia de transição, disse que chegou a hora de Barbados "deixar para trás o passado colonial", embora alguns no país digam que o rompimento já devesse ter sido feito há muito tempo.

Ao Guardian o historiador barbadiano Hilary Beckles, vice-reitor da Universidade das Índias Ocidentais, argumentou que a relação com o trono britânico prejudicava inclusive a dignidade dos cidadãos. "Isso reduz psicologicamente o cidadão de uma nação em que os funcionários públicos têm de jurar fidelidade a um soberano que não faz parte de sua realidade." Uma pesquisa de opinião compartilhada com o jornal mostrou que mais de 60% dos cidadãos da ilha de diziam favoráveis à formação de uma república.

Apoie o Diário do Litoral
A sua ajuda é fundamental para nós do Diário do Litoral. Por meio do seu apoio conseguiremos elaborar mais reportagens investigativas e produzir matérias especiais mais aprofundadas.

O jornalismo independente e investigativo é o alicerce de uma sociedade mais justa. Nós do Diário do Litoral temos esse compromisso com você, leitor, mantendo nossas notícias e plataformas acessíveis a todos de forma gratuita. Acreditamos que todo cidadão tem o direito a informações verdadeiras para se manter atualizado no mundo em que vivemos.

Para o Diário do Litoral continuar esse trabalho vital, contamos com a generosidade daqueles que têm a capacidade de contribuir. Se você puder, ajude-nos com uma doação mensal ou única, a partir de apenas R$ 5. Leva menos de um minuto para você mostrar o seu apoio.

Obrigado por fazer parte do nosso compromisso com o jornalismo verdadeiro.

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Polícia

Homem é morto em confronto com PMs em Guarujá

Um dos agentes envolvidos alegou que sua câmera corporal estava descarregada no momento dos tiros

Cotidiano

Ônibus colidem com posto de combustível e deixam 13 feridos em Santos; ASSISTA

O acidente ocorreu por volta das 6h30, no cruzamento da Rua Comendador Martins com a Júlio de Mesquita

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software

Newsletter