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Assim como o Brasil, a Argentina está rachada politicamente, e a briga entre direita e esquerda -ou entre os que apoiam o novo presidente, Mauricio Macri, e os que defendem sua antecessora, Cristina Kirchner- chegou às novelas.
Nos últimos dias, as redes sociais foram tomadas por comentários que incentivavam o boicote ao novo drama do canal Telefe.
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A novela, chamada "La Leona", estreou na noite de segunda-feira (18) no horário nobre e tem atores que se declaram kirchneristas nos papéis principais.
Os macristas não aprovaram e criaram a hashtag #decilenoalanovelalaleona ("diga não à novela 'La Leona'"), que aparece na rede social Twitter acompanhada de comentários como "por favor, não vejam esses corruptos [os atores]" ou "não os vejo nem pago uma entrada para assistir esses ratos".
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Até o presidente entrou na discussão. Também no Twitter, Mauricio Macri pediu uma Argentina mais unida e desejou sorte ao ator Pablo Echarri, um dos protagonistas e produtor da trama. "Não acredito em boicotes a nenhuma expressão cultural", escreveu.
A novela conta a história de uma operária de uma fábrica têxtil que se tornará líder do movimento dos trabalhadores. O tema associado às bandeiras de esquerda gerou ainda mais polêmica.
"Eu vi esses comentários na internet [contra a novela]. Há uma parte conservadora da sociedade que não permite ideias diferentes em nenhum lugar", diz a professora aposentada Hilda Cruz, 66 anos, que se identifica com o kirchnerismo.
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Cruz afirma que a divisão política do país existe desde a época de Perón, mas as redes sociais exacerbam esse enfrentamento.
Também como ocorreu no Brasil, o fosso entre direita e esquerda exposto na internet causou brigas entre amigos e familiares durante as eleições. Cruz perdeu uma amiga que tinha havia 40 anos por divergências no Facebook.
Já Rodrigo Demey, que trabalha no Ministério da Segurança, teve uma discussão com seus colegas no WhatsApp. Ele havia sido marcado em uma foto no Facebook em que aparecia apoiando Cristina Kirchner em seu último dia de governo.
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"Me falaram que eu não vivia de acordo com o modo que pensava, mas não acredito nisso. Nos últimos seis meses, essa discordância política está cada dia mais forte", diz.