Carta que clama por combate firme à pedofilia será entregue antes do conclave / Reprodução/Vatican News
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Às vésperas do conclave que definirá o novo papa, um padre italiano que foi vítima de abuso sexual por membros do clero fez um apelo direto aos cardeais eleitores. Em uma carta comovente, o pároco Paolo Contini pede ações firmes contra os chamados “predadores sexuais” dentro da Igreja Católica. As informações são da ANSA Brasil.
O documento, assinado por Contini, será entregue aos cardeais durante as Congregações Gerais, encontros prévios ao conclave que terá início em 7 de maio, na Capela Sistina, para eleger o sucessor de Francisco, falecido em 21 de abril aos 88 anos, vítima de um AVC seguido de parada cardiorrespiratória.
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“Hoje me ajoelho diante de você e de seus irmãos cardeais e imploro: não se esqueça de nós, vítimas! Não aceitem meias medidas, mas que a sua seja uma única e unida voz contra a pedofilia”, escreve o padre na carta endereçada a “Sua Eminência”.
Contini revelou ter sido abusado ainda na infância por clérigos, e denuncia que suas tentativas de obter justiça enfrentaram resistência interna. Segundo ele, o caso foi acobertado por bispos e até mesmo por um juiz eclesiástico.
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“Não estou escandalizado pelas palavras de um pedófilo, estou devastado por saber que uma confissão tão explícita passou pelas mãos de pelo menos três bispos e um juiz, sem nenhuma resposta séria”, afirma.
O padre, que atua há 25 anos e é responsável por três paróquias, também leciona em uma universidade teológica. Ele nega qualquer motivação financeira ou desejo de vingança, e afirma ter perdoado os abusadores diante de Deus.
“Minha denúncia busca evitar que outras crianças passem pelo que eu passei. Também visa oferecer uma chance de redenção ao próprio abusador”, explica.
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Contini também critica o que chamou de “defensores injustificáveis” de pedófilos dentro da estrutura eclesiástica, e reforça que sua luta é pela Igreja, e não contra ela.
A carta termina com um apelo aos cardeais: que o próximo papa adote rígidos critérios de julgamento, punições claras e escuta real das vítimas.
“Sou apenas um pequeno grão de areia tentando bloquear as engrenagens de uma máquina que esconde e dissimula a verdade”, conclui.
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Nos últimos encontros entre os cardeais, o combate aos abusos sexuais tem sido um dos principais temas em pauta. A expectativa é que a escolha do novo pontífice leve em conta a urgência de enfrentar com mais firmeza os escândalos que abalaram a credibilidade da Igreja nas últimas décadas.