O calor intenso tem efeitos diretos e indiretos na saúde humana / Tânia Rego/Agência Brasil
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Ondas de calor tornaram-se 60% mais frequentes desde 2007 e representam uma ameaça crescente à saúde pública em escala global. É o que aponta uma revisão internacional publicada na Annual Review of Environment and Resources, liderada por pesquisadores da Universidade Monash, na Austrália.
A análise avaliou dados entre 1990 e 2023 em 18 países e mostrou que a média anual de dias com calor extremo subiu de 12 para 19,3. África, Oriente Médio e partes da Ásia concentram as regiões mais afetadas.
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O estudo alerta que o calor intenso, aliado à alta umidade, pode desencadear doenças graves, além de afetar a economia e os sistemas de energia.
No Brasil, o Inpe indica que calor extremo e sufocante pode ser o novo 'normal'.
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Ao contrário de outras revisões, o estudo utilizou não apenas a temperatura do ar, mas também o índice conhecido como WBGT, que leva em consideração umidade, radiação solar e vento.
Isso permitiu mapear de forma mais precisa os efeitos reais do calor no corpo humano, revelando que a umidade agrava significativamente os impactos do calor extremo, sobretudo em populações vulneráveis.
O calor intenso tem efeitos diretos e indiretos na saúde humana. Entre os problemas mais comuns estão doenças relacionadas ao calor, distúrbios renais, doenças cardiorrespiratórias, metabólicas, infecciosas e até complicações na gravidez e no parto.
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Também há impactos sobre a saúde mental e prejuízos à produção e consumo de energia, o que amplia as consequências sociais e econômicas.
A pesquisa destaca que os atuais planos de ação existentes em alguns países, como os sistemas de alerta para calor, são limitados.
As estratégias, em geral, não consideram a umidade e não atendem de forma justa às populações mais vulneráveis. Diante disso, os pesquisadores propõem uma nova estrutura multinível para fortalecer a preparação e resposta ao calor extremo.
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Internacionalmente, é necessário coordenar ações globais, apoiar políticas públicas, promover cooperação técnica e fortalecer a capacidade dos países menos preparados para enfrentar o calor extremo.
Em território nacional, estabelecer metas claras, tomar decisões com transparência e formular políticas equitativas que priorizem os mais afetados pelas altas temperaturas são boas recomendações.
Para as instituições, é preciso promover integração entre setores como saúde e meteorologia, melhorar previsões climáticas, realizar pesquisas conjuntas e comunicar riscos à população de forma rápida e acessível.
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Em comunidade, mobilizar recursos locais, adaptar planos regionais, preparar respostas emergenciais e atuar na educação e no suporte às pessoas mais expostas.
De forma individual, é importante adotar cuidados pessoais como evitar exposição prolongada, manter hidratação, usar roupas leves e recorrer a meios de ventilação ou refrigeração.
O estudo conclui que os eventos de calor intenso não são mais uma projeção futura. Eles já estão em curso e se intensificam de forma desigual pelo planeta, exigindo respostas urgentes e coordenadas para proteger vidas em um mundo que aquece e se torna mais úmido a cada ano.
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