A iniciativa surge como uma resposta direta aos problemas enfrentados pelo Canal do Panamá / Divulgação
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Uma nova rota logística vem ganhando destaque na América Latina e pode mudar o cenário do comércio interoceânico global. Enquanto o tradicional Canal do Panamá enfrenta atrasos, filas e limitações operacionais, o México aposta em uma alternativa terrestre ousada e estratégica que já começa a atrair grandes empresas globais.
Batizado de Corredor Interoceânico do Istmo de Tehuantepec (CIIT), o projeto conecta os portos de Salina Cruz, no Pacífico, e Coatzacoalcos, no Atlântico, por meio de uma ferrovia de aproximadamente 300 quilômetros.
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Com parte da estrutura já em operação, a expectativa é que a obra esteja totalmente concluída até o primeiro semestre de 2026.
A proposta é ambiciosa: cruzar o país de costa a costa em menos de três dias, superando em agilidade os 15 a 20 dias necessários para realizar a travessia completa pelo Canal do Panamá.
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A iniciativa surge como uma resposta direta aos problemas enfrentados pelo Canal do Panamá, afetado por secas prolongadas, restrições de calado e aumento no tamanho das embarcações.
Esses fatores têm causado atrasos e elevado os custos operacionais para as empresas que dependem dessa via marítima para escoar suas mercadorias.
O novo corredor ferroviário oferece uma solução terrestre moderna, com potencial para redefinir as rotas comerciais entre os principais mercados do mundo, especialmente América do Norte e Ásia.
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Uma operação-piloto realizada em abril de 2025, por exemplo, conseguiu transportar 900 veículos da Hyundai entre os dois oceanos em apenas 72 horas, demonstrando o impacto logístico da nova alternativa.
Mais do que apenas uma via de transporte, o CIIT representa uma tentativa do México de se reposicionar como um centro logístico e industrial estratégico. O plano prevê ainda a criação de dez polos industriais ao longo da ferrovia, acompanhados de incentivos fiscais para atrair empresas internacionais.
A expectativa é de que o projeto gere até 50 mil empregos diretos e indiretos, beneficiando especialmente a região sul-sudeste do país, historicamente marcada por desigualdade social.
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Empresas como a Hyundai já manifestaram interesse em ampliar suas operações na região, atraídas pela agilidade da nova rota e pelas vantagens econômicas oferecidas pelo governo mexicano.
Com um cronograma claro e resultados já visíveis, o corredor interoceânico mexicano desponta como uma alternativa concreta aos gargalos do Canal do Panamá.
Ao contrário de projetos que permaneceram apenas no papel, como o Canal da Nicarágua, o CIIT apresenta avanços reais e se mostra viável tanto técnica quanto economicamente.
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O cenário também abre possibilidades futuras para o Brasil. A maior economia da América Latina pode, no médio prazo, se beneficiar de novas conexões logísticas com a Ásia, especialmente por meio dos portos das regiões Norte e Nordeste, caso haja uma integração entre as redes de transporte do continente.
O novo corredor ferroviário no México, portanto, não só representa uma alternativa ao Canal do Panamá como pode influenciar a dinâmica comercial de toda a região.