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Novo tratamento preventivo para HIV é aprovado nos Estados Unidos

O tratamento consiste em apenas duas injeções por ano, o que representa uma evolução significativa em termos de praticidade e adesão ao tratamento preventivo

Ana Clara Durazzo

Publicado em 20/06/2025 às 10:25

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Segundo a Gilead, o medicamento estará disponível para adultos e adolescentes com peso mínimo de 35 kg / Pexels

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Na última quarta-feira (18)s Estados Unidos aprovaram um novo tratamento para a prevenção do HIV, considerado um marco na luta contra a Aids. A decisão foi anunciada nesta segunda-feira (17) pela FDA (Agência de Alimentos e Medicamentos dos EUA).

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Embora existam medicamentos para prevenir a transmissão do HIV há mais de uma década, eles geralmente exigem o uso diário de comprimidos. Em 2021, a FDA havia autorizado o primeiro tratamento injetável com essa finalidade, o Apretude, do laboratório ViiV Healthcare.

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Agora, a novidade chega com o Yeztugo, desenvolvido pela farmacêutica Gilead. O tratamento consiste em apenas duas injeções por ano, o que representa uma evolução significativa em termos de praticidade e adesão ao tratamento preventivo.

Segundo a Gilead, o medicamento estará disponível para adultos e adolescentes com peso mínimo de 35 kg.

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Marco histórico

Daniel O'Day, presidente e CEO da Gilead, classificou a aprovação como "um dia histórico". O novo medicamento é baseado na molécula lenacapavir, já conhecida por ser utilizada no Sunlenca, outro tratamento antirretroviral da empresa aprovado em 2022.

O Yeztugo se destaca por sua alta eficácia. De acordo com estudos clínicos, o lenacapavir foi capaz de reduzir em mais de 99,9% o risco de transmissão do HIV entre adultos e adolescentes, atingindo níveis de proteção comparáveis aos de uma vacina.

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A Gilead realizou dois grandes ensaios clínicos para testar o medicamento. No primeiro, com mais de 2 mil mulheres da África Subsaariana, não foi registrada nenhuma infecção por HIV durante o período do estudo. No segundo, que incluiu mais de 2 mil participantes de diferentes gêneros, foram registradas apenas duas infecções, confirmando a taxa de prevenção de 99,9%.

Entre os efeitos colaterais relatados estão reações no local da aplicação, dores de cabeça e náuseas.

Reconhecimento científico e desafios no acesso

Os resultados dos ensaios foram publicados no New England Journal of Medicine, e o lenacapavir foi apontado pela revista Science como o "Avanço do Ano" em 2024.

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Apesar do entusiasmo, há preocupação com o preço. Embora a Gilead ainda não tenha divulgado os valores oficiais, analistas preveem que o custo anual do tratamento nos Estados Unidos pode chegar a US$ 25 mil (cerca de R$ 135 mil).

Especialistas alertam que, com esses preços, o acesso ao tratamento pode ser inviável até mesmo para países de alta renda. Andrew Hill, da Universidade de Liverpool, lidera uma equipe que defende a produção de versões genéricas do medicamento.

Segundo ele, o lenacapavir poderia ser fabricado em larga escala e vendido por cerca de US$ 25 ao ano por pessoa (aproximadamente R$ 135).

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Winnie Byanyima, subsecretária-geral da ONU, elogiou a inovação, mas reforçou que a acessibilidade será fundamental. Segundo ela, o lenacapavir tem potencial para se tornar uma ferramenta crucial no controle de novas infecções por HIV, desde que chegue a todas as pessoas que dele precisam.

Em outubro, a Gilead anunciou parcerias com seis farmacêuticas para a produção e distribuição de versões genéricas em 120 países de baixa e média renda, ainda em processo de aprovação regulatória.

Como a produção nesses locais levará tempo, a empresa também firmou, em dezembro, um acordo com o Fundo Global, uma aliança internacional, para garantir doses suficientes para 2 milhões de pessoas.

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No entanto, cortes orçamentários recentes do governo do ex-presidente Donald Trump lançaram dúvidas sobre a continuidade desse acordo, deixando o futuro da distribuição global do lenacapavir ainda incerto.

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