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Na Índia, notícias falsas se espalham com velocidade nas redes sociais

O blogueiro de tecnologia e ativista indiano Thejesh GN disse à reportagem que as pessoas

Folhapress

Publicado em 08/02/2017 às 21:00

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A epidemia de notícias falsas não afeta somente a população comum / Divulgação

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A "pós-verdade" chegou à Índia por Whatsapp. O aplicativo tem seu maior mercado nacional na Índia, com mais de 160 milhões de usuários ativos, superando as demais redes sociais, como Facebook e Twitter.

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Se o serviço de mensagens instantâneas ajuda os indianos a se comunicar melhor -pode-se contratar diversos tipos de serviço pelo aplicativo e, em partes do país, a polícia até  recebe denúncias- ele também tem contribuído para a rápida disseminação de informações falsas.

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Em novembro, depois de o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, anunciar a substituição de cédulas de rúpias com o intuito de combater a sonegação de impostos, começaram a circular nas redes sociais boatos de que o novo dinheiro continha microchips e podia ser rastreado por GPS.

Vídeos falsos mostravam a localização de notas no Google Maps a partir de seus números de série.

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Pouco depois, o Banco Central desmentiu a informação sobre as cédulas rastreáveis, classificando-a de "fábula da imaginação".

No mesmo mês, circularam pelo Whatsapp notícias sobre o suposto desabastecimento de sal e outros alimentos em alguns Estados do país, provocando pânico e levando pessoas a correr para estocar produtos. Em um tumulto na cidade de Kanpur, uma mulher morreu após ser empurrada e cair em um bueiro.

As autoridades vieram a público para negar a escassez de comida.

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O blogueiro de tecnologia e ativista indiano Thejesh GN disse à reportagem que as pessoas "abusam das vantagens" do Whatsapp ao encaminhar informações não verificadas para muitas pessoas ao mesmo tempo.

"Não estou dizendo que é culpa do Whatsapp", afirma Thejesh. Ele sugere que o aplicativo poderia trazer melhorias, como incluir mecanismo de denúncia de spams.

Políticos 

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A epidemia de notícias falsas não afeta somente a população comum.

Na campanha eleitoral de 2014, políticos divulgaram mensagens que exaltavam o então candidato Modi falsamente atribuídas a Julian Assange, fundador do Wikilieaks. A ONG desmentiu a citação.

Segundo Thejesh, a disseminação de notícias falsas pelo governo "era maior durante as eleições, mas não parou aí".

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Em uma ocasião, o governo divulgou nas redes sociais imagens digitalmente manipuladas que mostravam Modi sobrevoando uma área atingida por inundações.

Os internautas reagiram à montagem com memes, levando o governo a apagar a publicação.

Mais recentemente, o próprio primeiro-ministro disseminou um boato da internet em um comício em dezembro em que defendeu a adoção de tecnologias para desmonetizar a economia indiana.

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"Eu não sei até que ponto é verdade, mas há um vídeo viralizando no Whatsapp em que um homem diz a um mendigo que, embora quisesse ajudá-lo, não tinha dinheiro trocado", discursou Modi. "O mendigo diz para ele não se preocupar e mostra uma máquina de cartão de débito."

O vídeo, na verdade, foi feito em novembro de 2013 por um canal de entretenimento do YouTube. Seus criadores afirmaram ter combinado a encenação com o morador de rua usando uma máquina de cartão emprestada.

Fenônemo mundial 

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A disseminação de notícias falsas não é um fenômeno exclusivamente indiano.

No Ocidente, a prática chamou a atenção de meios de comunicação e analistas desde as eleição presidencial nos Estados Unidos, em novembro.

Na reta final da campanha, aumentou o acesso a notícias falsas sobre o pleito, principalmente àquelas contrárias à candidata democrata, Hillary Clinton, derrotada pelo republicano Donald Trump.

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As notícias falsas contribuem para o que ficou conhecido como "pós-verdade". O termo foi escolhido como palavra do ano de 2016 pelos Dicionários Oxford, que o  definiram como adjetivo "relacionado a circunstâncias em que fatos objetivos são menos influentes na formação da opinião pública do que apelos à emoção e à crença pessoal".

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