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Maior produtor de feijão do mundo ultrapassa 27 milhões de toneladas e domina mercado global

O país responde por quase 30% de todo o feijão colhido no planeta, um pilar essencial para a segurança alimentar de 1,4 bilhão de pessoas e de dezenas de países

Ana Clara Durazzo

Publicado em 01/12/2025 às 09:00

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Com metas para ampliar irrigação inteligente e reduzir perdas pós-colheita, a Índia pretende chegar a 30 milhões de toneladas nos próximos anos / Freepik

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Poucos brasileiros sabem, mas o maior produtor de feijão do mundo não é uma superpotência de soja, tampouco uma nação ultramecanizada como os Estados Unidos. A líder global é a Índia, um país onde o feijão é mais do que alimento: é cultura milenar, estratégia de Estado, base nutricional e motor econômico.

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Com mais de 27 milhões de toneladas anuais, segundo a FAO (ONU), o país responde por quase 30% de todo o feijão colhido no planeta, um pilar essencial para a segurança alimentar de 1,4 bilhão de pessoas e de dezenas de países dependentes de suas exportações.

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A engenharia agrícola que sustenta 1,4 bilhão de habitantes

A força da Índia não está apenas na terra disponível, mas em como ela é utilizada. Em regiões como Madhya Pradesh, Maharashtra, Rajasthan e Uttar Pradesh, agricultores conseguem colher duas e até três safras por ano, algo impensável em grande parte das lavouras brasileiras.

Esse desempenho só é possível graças a:

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Rotação intensiva de culturas, integrando feijões, lentilhas e outras leguminosas;

Sementes criadas para resistir ao calor extremo, à seca e às pragas — desenvolvidas pelo ICAR (Indian Council of Agricultural Research);

Ciclos curtos, que elevam a produtividade e reduzem perdas.

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Áreas que, no Brasil, renderiam uma safra anual, na Índia alcançam mais de 2,5 toneladas por hectare em ciclos múltiplos.

Megaprojetos de irrigação: a espinha dorsal do recorde mundial

Se a terra nem sempre é fértil, a engenharia compensa. O país construiu alguns dos maiores sistemas de irrigação do planeta, entre eles:

Sardar Sarovar, no rio Narmada;

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Canais do Ganges, que alimentam zonas agrícolas inteiras;

Redes de microaspersão e gotejamento mais extensas do mundo.

Essas estruturas distribuem bilhões de litros por dia, permitindo que áreas semiáridas se tornem polos agrícolas de alta produtividade. A irrigação é controlada por sensores de umidade, previsão climática por satélite e sistemas que ajustam o volume de água em tempo real — tecnologia que reduz desperdícios e mantém a produção mesmo em solos pobres.

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Agricultura familiar e megassistemas industriais: o modelo que ninguém esperava

Ao contrário do imaginário agrícola brasileiro, a base da produção indiana está nas mãos de milhões de pequenos agricultores, que cultivam entre 1 e 4 hectares. Mas esses produtores não trabalham sozinhos: são sustentados por cooperativas que funcionam como centrais de inteligência agrícola, responsáveis por:

Comprar insumos em grande escala;

Financiar sistemas de irrigação;

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Fornecer assistência técnica;

Auxiliar na venda e garantir preço mínimo;

Conectar vilarejos inteiros às grandes tradings.

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Quando a colheita termina, o sistema industrial assume: nas zonas conhecidas como agri belts, colheitadeiras trabalham 24 horas por dia, e ferrovias dedicadas levam a produção para centros de processamento.

Do campo às exportações: como o feijão indiano circula pelo planeta

Após a colheita, o feijão passa por etapas industriais de alto padrão, como:

Descascamento;

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Seleção por densidade;

Separação óptica por cor;

Remoção de defeitos em máquinas que processam até 20 toneladas por hora.

O resultado abastece mercados como:

Oriente Médio

Sudeste Asiático

África

América Latina

E cresce também o uso em proteínas vegetais, produtos veganos e blends nutricionais, setores impulsionados pelo aumento do consumo global de alimentos à base de plantas.

Por que a Índia domina o planeta?

A resposta está na integração entre cultura, economia e ciência. O feijão é parte da identidade nacional indiana, mas também é:

Política pública de segurança alimentar

Tecnologia de ponta em sementes e irrigação

Base econômica para milhões de famílias

Produto estratégico para o mercado interno e externo

A soma desses elementos torna a Índia praticamente imbatível. Não é o maior exportador mas é, de longe, o maior produtor e maior consumidor de feijão do mundo.

O futuro: mais tecnologia, mais precisão, ainda mais produção

Com metas para ampliar irrigação inteligente e reduzir perdas pós-colheita, a Índia pretende chegar a 30 milhões de toneladas nos próximos anos. Novas pesquisas trabalham com cultivares capazes de crescer com 30% menos água e florescer sob calor de 45 °C, ampliando ainda mais a resiliência da produção.

Especialistas da FAO afirmam que, mesmo se atingir apenas metade do que está projetado, o país consolidará uma liderança quase inalcançável — não apenas pela quantidade produzida, mas pela capacidade de integrar milhões de pequenos agricultores a um sistema nacional que funciona como uma grande indústria.

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