O crescimento populacional de Jacarta contrasta com sua dramática condição geológica / Reprodução/ Youtube Vox
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Jacarta, capital da Indonésia, acaba de conquistar um título impressionante e alarmante. Segundo um novo relatório das Nações Unidas, a cidade é agora a maior megalópole do planeta, com quase 42 milhões de habitantes. Ela supera Daca, no Bangladesh (40 milhões), e Tóquio, no Japão (33 milhões).
O estudo foi divulgado pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (Desa) e revela que a urbanização é hoje uma força dominante em 71 países, abrigando 45% da população mundial, estimada em 8,2 bilhões de pessoas.
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Mas apesar de todo esse crescimento urbano, Jacarta vive uma crise silenciosa que ameaça sua própria sobrevivência: a cidade está afundando e pode ficar totalmente submersa dentro de três décadas.
Os dados da ONU mostram que o número total de áreas urbanas no globo mais que dobrou entre 1975 e 2025. A projeção para 2050 indica um salto de 12 mil para 15 mil cidades, um crescimento de 25%.
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No entanto, a maioria dessas áreas urbanas tem menos de 250 mil habitantes. O fenômeno mais marcante está nas megalópoles, áreas formadas pela junção de várias regiões metropolitanas, com mais de 10 milhões de habitantes.
Segundo o Desa, o número de megalópoles quadruplicou, passando de 8, há 50 anos, para 33 atualmente, mais da metade delas localizadas na Ásia.
'A urbanização é uma força determinante do nosso tempo. Se gerida de forma inclusiva e estratégica, pode abrir caminho para mudanças transformadoras na ação climática, no crescimento econômico e na equidade social', afirmou Li Junhua, chefe do Desa.
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Enquanto isso, as zonas rurais apresentam queda acentuada: em 1975, eram predominantes em 115 países; em 2050, devem permanecer majoritárias em apenas 44.
Na contramão desse cenário estão alguns países europeus, como Áustria, Finlândia e Romênia e nações africanas como República Centro-Africana e Chade. Moçambique é o único país onde a população rural segue crescendo significativamente.
O crescimento populacional de Jacarta contrasta com sua dramática condição geológica. A antiga capital indonésia enfrenta uma das piores crises urbanas do planeta: ela está afundando a uma taxa média de 7,5 cm por ano.
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O fenômeno, conhecido como subsidência, já fez com que 40% da área da cidade esteja abaixo do nível do mar, segundo estudos recentes.
Um dos relatórios mais importantes sobre o tema — Land Subsidence of Jakarta (Indonesia) and Its Relation with Urban Development — analisou o terreno da cidade entre 1982 e 2011 e concluiu que o problema está diretamente ligado:
à extração excessiva de água subterrânea
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ao desenvolvimento urbano acelerado
à ocupação de terrenos naturalmente instáveis
A combinação entre elevação do nível do mar e afundamento do solo torna Jacarta extremamente vulnerável. A cidade já sofre com enchentes constantes, mas o cenário deve piorar drasticamente.
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Se nada for feito, especialistas preveem:
crise hídrica severa
danos crescentes à infraestrutura
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perda de grandes áreas habitáveis
deslocamento em massa da população
A ameaça é tão grande que o governo da Indonésia já iniciou a transferência da capital para uma nova cidade, Nusantara, construída na ilha de Bornéu.
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Uma corrida contra o tempo
Para evitar um desastre irreversível, Jacarta precisa adotar medidas urgentes, como:
reduzir drasticamente o uso de água subterrânea
construir sistemas robustos de proteção contra enchentes
investir em infraestrutura resiliente
promover políticas de urbanização sustentável
O futuro da maior megalópole do planeta depende dessas ações. Mais do que uma questão urbanística, é um desafio de sobrevivência.
O que está em jogo é se Jacarta conseguirá enfrentar sua própria instabilidade ou se sucumbirá ao peso de suas condições geológicas e ao impacto do crescimento descontrolado.