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Kim concorda em desativar complexo nuclear e pede ação recíproca dos EUA

As afirmações fazem parte da declaração conjunta divulgada após encontro em Pyongyang de Kim com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in

Folhapress

Publicado em 19/09/2018 às 20:45

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Kim Jong-un prometeu fechar o principal complexo nuclear do país / Associated Press

O ditador norte-coreano, Kim Jong-un, prometeu nesta quarta-feira (19) fechar o principal complexo nuclear do país e permitir a presença de inspetores internacionais do país, desde que os Estados Unidos se comprometam a tomar ações semelhantes.

As afirmações fazem parte da declaração conjunta divulgada após encontro em Pyongyang de Kim com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, no qual os dois líderes negociaram a implementação de um caminho para a desnuclearização da península.

Os dois governos anunciaram ainda uma série de medidas diplomáticas, incluindo uma visita do ditador a Seul até o fim do ano, o aumento dos encontros entre famílias separadas e o desejo de sediar de forma conjunta a Olimpíada de 2032, mas sem entrar em detalhes.

Representantes militares dos dois lados também assinaram acordos para diminuir a tensão na zona desmilitarizada que divide os países, incluindo a proibição de voos nas suas proximidades (para impedir incidentes) e a diminuição do número de soldados armados e de postos de vigilância de ambos os lados.

"Concordamos em fazer a península coreana uma terra de paz, livre de armas e da ameaça nuclear", afirmou o ditador após o encontro.

Segundo a declaração, Kim aceitou também desativar permanentemente e sem pré-requisitos o complexo de Dongchang-ri, usado para o lançamento de mísseis, e afirmou que vai autorizar a presença de inspetores internacionais no local, no que foi considerado um avanço.

Em maio, quando os norte-coreanos desativaram um outro complexo, o de Punggye-ri, jornalistas puderam observar a distância a ação, mas a presença dos inspetores não foi permitida -o que fez analistas especularem que o fechamento poderia ser enganoso.

Mas, além de Dongchang-ri, Kim pela primeira vez aceitou fechar também o complexo de Yongbyon, o principal do país e centro do programa nuclear norte-coreano. Para isto, porém, o ditador impôs como exigência que os Estados Unidos tomem "medidas correspondentes", sem especificar exatamente quais seriam.

O fim do complexo seria uma importante concessão a Washington, que busca há décadas o fechamento -o máximo que os americanos conseguiram foi seu congelamento durante o governo de Bill Clinton.

O presidente Donald Trump afirmou a jornalistas na Casa Branca que o encontro entre os líderes coreanos resultou em um "tremendo progresso" e em boas notícias. Mais cedo, ele já tinha elogiado as declarações nas redes sociais.

"Kim Jong-un concordou em permitir inspeções nucleares, sujeitas a negociações finais, e a desativar permanentemente um local de teste e uma plataforma de lançamento na presença de especialistas internacionais. Enquanto isso não haverá foguetes ou testes nucleares", escreveu o americano. Ele não comentou sobre o pedido de medidas recíprocas feito por Kim.

Apesar da aproximação de Pyongyang com Seul e Washington desde o início de 2018 -que culminou com o histórico encontro entre Kim e Trump em junho em Singapura- as conversas para por fim ao programa nuclear norte-coreano estão paradas.

No fim de agosto Trump afirmou que as negociações não estavam avançando e cancelou a ida de seu secretário de Estado, Mike Pompeo, a Coreia do Norte. Pyongyang respondeu em uma carta quatro dias depois na qual afirmou que a relação entre os dois estavam "novamente em risco e podem naufragar".

Washington quer que o governo norte-coreano se comprometa unilateralmente com uma desnuclearização completa da península, mas Pyongyang exige algumas medidas de Washington em troca. Analistas consideram que as promessas feitas pelos dois lados até o momento são muito vagas.

Entre os pontos de desavenças está a possibilidade de por um fim oficial a Guerra das Coreias, uma exigência norte-coreana.

O conflito, que durou de 1950 a 1953, que terminou em um armistício, deixando a península tecnicamente em guerra até hoje.

Assim, o encontro de Kim com o presidente sul-coreano, que começou na terça (18) e vai até esta quinta (20), tem como objetivo salvar essas conversas para a desnuclearização da península.

Foi a terceira a reunião entre o ditador e Moon este ano e a primeira na capital norte-coreana -as duas cúpulas anteriores, em abril e maio, foram realizadas na zona desmilitarizada entre os dois países.

O próximo passo será a visita que Kim se comprometeu a fazer a Seul ainda este ano. Caso confirmada, será a primeira vez que um líder norte-coreano irá a capital do país vizinho.

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