X

Mundo

Juan Guaidó chega a Brasília para encontro com Bolsonaro nesta quinta

No encontro, marcado para as 14h, o venezuelano agradecerá ao brasileiro pelo apoio na tentativa de entrada de ajuda humanitária na Venezuela

Folhapress

Publicado em 28/02/2019 às 12:00

Atualizado em 28/02/2019 às 13:24

Comentar:

Compartilhe:

A-

A+

Após o encontro com Bolsonaro, Guaidó será recebido no Palácio do Itamaraty / Marcelo Camargo/Agência Brasil

O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, chegou ao Brasil no começo da madrugada desta quinta-feira (28), no aeroporto de Brasília.


O líder oposicionista da Venezuela será recebido nesta quinta pelo presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. No encontro, chamado de uma visita pessoal e marcado para as 14h, o venezuelano agradecerá ao brasileiro pelo apoio na tentativa de entrada de ajuda humanitária na Venezuela e tratará da possível transição no país sul-americano.


Como o ditador Nicolás Maduro ainda está no comando do governo, Guaidó, mesmo reconhecido pelo governo brasileiro como presidente interino, não será recebido com honras de chefe de Estado.


Após o encontro com Bolsonaro, o venezuelano será recebido pelo chanceler Ernesto Araújo no Palácio do Itamaraty, onde deverá fazer um pronunciamento à imprensa brasileira.


O plano do líder opositor é fazer uma visita de agradecimento a Bolsonaro e conversar sobre temas relacionados a uma possível transição no país sul-americano em crise. O Brasil, junto à Colômbia e com coordenação dos EUA, ajudou na tentativa frustrada de entrada de ajuda humanitária no país vizinho.


A embaixadora encarregada por Guaidó no Brasil, María Teresa Belandria, disse que o líder da oposição também será recebido "por numerosos representantes das delegações diplomáticas presentes em Brasília que o reconheceram como o legítimo presidente interino da Venezuela".


Os países que não reconhecem o presidente Nicolás Maduro alegam que sua reeleição foi fraudulenta. Diante dese cenário, Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, se proclamou em 23 de janeiro como presidente interino.


Os Estados Unidos submeterão à votação no Conselho de Segurança da ONU nesta quinta-feira um projeto de resolução que exige eleições presidenciais na Venezuela e a entrada "sem exigências" da ajuda humanitária com alimentos e remédios.


Contudo, o chanceler chavista Jorge Arreaza pediu nesta quarta-feira (27) uma reunião entre Maduro e Trump, mas o vice-presidente americano, Mike Pence, rechaçou essa possibilidade. "A única coisa para ser discutida com Maduro neste momento é a hora e a data de sua saída", escreveu Pence no Twitter.


VOLTA A CARACAS


Guaidó tem insistido em regressar esta semana a Caracas, apesar da possibilidade de ser preso. Na segunda (25), a Colômbia denunciou "sérias e críveis ameaças" contra Guaidó e responsabilizou o governo "usurpador" por isso. Maduro disse que Guaidó deverá responder diante da Justiça por burlar uma ordem que o impedia de deixar a Venezuela.

"Um preso não ajuda ninguém, tampouco um presidente exilado. Minha função e meu dever são estar em Caracas apesar dos riscos", disse o opositor.


Seus simpatizantes anunciaram que se mobilizarão para recebê-lo na sexta (29) na capital venezuelana. A cidade também será palco de manifestações de grupos leais ao chavismo. Contudo, Guaidó não definiu a data de retorno e nem se voltará diretamente do Brasil.


A Folha de S.Paulo apurou que a equipe de Guaidó trabalha com três possibilidades. A primeira seria enfrentar o regime entrando pelo aeroporto Maiquetía, em Caracas. "Se algo acontecer comigo, a reação internacional seria imensa", declarou na Colômbia.


A segunda seria voltar como entrou, pelas trilhas clandestinas da fronteira entre Venezuela e Colômbia, na região de Cúcuta. A opção, porém, é perigosa. A área tem a presença de paramilitares colombianos, coletivos e forças de segurança do chavismo, além de guerrilheiros do ELN (Exército de Libertação Nacional), guerrilha colombiana alojada em parte do lado venezuelano da fronteira e pró-Maduro.


Guaidó contou à reportagem que levou mais de 40 horas para cruzar a fronteira entre a Venezuela e a Colômbia e que teve a ajuda de contatos nas Forças Militares. Agora, porém, as atenções do regime sobre seus passos seriam maiores.


A terceira opção poderia ser via fronteira brasileira, e este pode ser um dos assuntos tratados na reunião com Bolsonaro.


Apesar das duras críticas a Maduro, a declaração final do Grupo de Lima, fórum que reúne 14 países das Américas, descartou qualquer intervenção militar para tirá-lo do poder.


No dia anterior à cúpula em Bogotá, Guaidó afirmou à Folha de S.Paulo que não descartava pedir uma intervenção estrangeira à comunidade internacional.


FORTE CRISE


A Venezuela está mergulhada em uma severa escassez de alimentos e remédios, que gerou o êxodo de 2,7 milhões de pessoas para países da região desde o agravamento da crise em 2015.


Para Maduro, esta crise é consequência do bloqueio financeiro aplicado por Washington. Também garante que o envio da ajuda humanitária patrocinada por Donald Trump esconde um plano de intervenção militar na Venezuela.


A tentativa de entrega no fim de semana de alimentos e remédios através das fronteiras com o Brasil e Colômbia, fechadas do lado venezuelano, terminou em confrontos que deixaram quatro mortos.


A Colômbia reabriu seu lado da fronteira nesta quarta-feira, mas com restrições, devido aos confrontos entre venezuelanos que tentam entrar no país e a Guarda Nacional Bolivariana de Maduro.


As autoridades migratórias indicam que 326 membros das Forças Armadas de Venezuela desertaram e foram para a Colômbia.

Apoie o Diário do Litoral
A sua ajuda é fundamental para nós do Diário do Litoral. Por meio do seu apoio conseguiremos elaborar mais reportagens investigativas e produzir matérias especiais mais aprofundadas.

O jornalismo independente e investigativo é o alicerce de uma sociedade mais justa. Nós do Diário do Litoral temos esse compromisso com você, leitor, mantendo nossas notícias e plataformas acessíveis a todos de forma gratuita. Acreditamos que todo cidadão tem o direito a informações verdadeiras para se manter atualizado no mundo em que vivemos.

Para o Diário do Litoral continuar esse trabalho vital, contamos com a generosidade daqueles que têm a capacidade de contribuir. Se você puder, ajude-nos com uma doação mensal ou única, a partir de apenas R$ 5. Leva menos de um minuto para você mostrar o seu apoio.

Obrigado por fazer parte do nosso compromisso com o jornalismo verdadeiro.

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Cotidiano

'Lua Cheia Rosa' acontece nesta terça (23)

Evento pode ser visto em todo o Brasil, a partir das 17h30

Cubatão

105 escrituras definitivas são entregues a moradores da Vila Natal, em Cubatão

Evento faz parte do processo de regularização fundiária que vem sendo implementado no município desde 2017

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software

Newsletter