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Hiena mais rara do planeta é fotografada em cidade fantasma no meio do deserto

A imagem, batizada de 'A Caçadora da Cidade-Fantasma', se tornou símbolo da convivência improvável entre a natureza e os vestígios da presença humana

Ana Clara Durazzo

Publicado em 22/10/2025 às 11:22

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Além da composição cinematográfica, o destaque está na protagonista rara: a hiena-marrom (Hyaena brunnea), a mais incomum entre as espécies de hiena e considerada 'quase ameaçada'. / Wim van den Heever

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Sob o luar que cobre as ruínas de Kolmanskop, uma antiga cidade de mineração de diamantes tomada pela areia no deserto da Namíbia, uma hiena-marrom solitária surge entre as sombras. O clique, iluminado por um único flash, marcou o ápice de uma década de tentativas do fotógrafo sul-africano Wim van den Heever — e acaba de conquistar o grande prêmio de Fotógrafo da Vida Selvagem do Ano de 2025, promovido pelo Museu de História Natural de Londres.

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A imagem, batizada de 'A Caçadora da Cidade-Fantasma', se tornou símbolo da convivência improvável entre a natureza e os vestígios da presença humana. Além da composição cinematográfica, o destaque está na protagonista rara: a hiena-marrom (Hyaena brunnea), a mais incomum entre as espécies de hiena e considerada 'quase ameaçada'.

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Foto feita por Wim van den Heever
Foto feita por Wim van den Heever
Foto feita por Marie Lemerle
Foto feita por Marie Lemerle
Foto feita por Wim van den Heever
Foto feita por Wim van den Heever
Foto feita por Wim van den Heever
Foto feita por Wim van den Heever

A busca pela foto 'impossível'

Van den Heever visita o deserto do Namibe há mais de dez anos, convencido de que uma hiena-marrom vagava por Kolmanskop após o pôr do sol.

'Eu via rastros, excrementos, sinais de que ela passava por ali', contou.

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O fotógrafo passou inúmeras madrugadas entre duas e três horas da manhã, montando câmeras automáticas em pontos estratégicos da cidade-fantasma. Foram anos de tentativas frustradas, câmeras destruídas pela areia trazida pelo vento e noites encobertas pela neblina do Atlântico.

Até que, numa madrugada recente, a hiena caminhou exatamente pelo ponto previsto.

'Minha câmera disparou três vezes naquela noite. Na terceira, ela apareceu. Quando vi a imagem, quase chorei. Era exatamente o que imaginei desde o primeiro dia', revelou Van den Heever.

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A rara hiena-marrom

Estima-se que existam entre 4,3 mil e 10 mil hienas-marrons no sul da África. Silenciosa e noturna, essa espécie evita o contato humano e se adapta a ambientes inóspitos.

Em Kolmanskop, encontrou abrigo nas ruínas da mineração, antigas cozinhas, porões e canos enferrujados viraram tocas e esconderijos.

De acordo com Marie Lemerle, chefe do Projeto de Pesquisa da Hiena-Marrom, sediado em Lüderitz, as cidades abandonadas oferecem refúgio do calor extremo e espaço para a reprodução.

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'Essas construções antigas funcionam como abrigos naturais. Uma fêmea chegou a dar à luz dentro de um velho fogão de ferro', relata.

Apesar disso, a espécie enfrenta riscos crescentes fora das áreas protegidas: atropelamentos, perda de habitat e perseguição por fazendeiros.

Kolmanskop: beleza e decadência

Fundada no início do século 20, Kolmanskop prosperou com a extração de diamantes, mas foi abandonada na década de 1950, após o esgotamento das jazidas. Hoje, as casas soterradas pela areia são cenário surreal de um turismo que mistura história, arte e melancolia.

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Durante o dia, grupos de visitantes caminham entre os prédios inclinados e silenciosos; à noite, apenas o vento e os animais tomam conta do lugar.

A força da fotografia

Para Natalie Cooper, zoóloga do Museu de História Natural de Londres, o trabalho de Van den Heever vai além da arte:

'A imagem nos lembra que humanos e animais compartilham o mesmo ambiente — e que precisamos aprender a coexistir.'

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Em um momento em que a biodiversidade global está em declínio, fotos como a de Kolmanskop ajudam o público a visualizar o impacto humano e a importância da preservação da vida selvagem.

Van den Heever, agora premiado, diz que ainda não considera o trabalho concluído:

'Os fotógrafos nunca estão satisfeitos. A hiena poderia estar com um filhote, poderia haver duas... Sempre há algo novo a tentar.'

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