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O ucraniano Vyacheslav Penchukov, conhecido mundialmente pelo codinome Tank, se tornou um dos hackers mais temidos e procurados da história moderna
Tank foi condenado a duas penas de nove anos e obrigado a pagar US$ 54 milhões em indenizações / FBI
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O ucraniano Vyacheslav Penchukov, conhecido mundialmente pelo codinome Tank, se tornou um dos hackers mais temidos e procurados da história moderna. A ascensão de Tank ao topo do submundo cibernético começou ainda na adolescência, quando, em fóruns de trapaças de videogames, ele buscava códigos e modificações para jogos como FIFA 99 e Counter-Strike.
O que era curiosidade se tornou carreira criminosa. Rapidamente, Tank atraiu outros jovens hackers e formou sua primeira quadrilha em Donetsk, na Ucrânia. O que os unia não era apenas técnica — mas o carisma e a influência de Penchukov, capaz de liderar grupos inteiros mesmo sem ser o programador mais habilidoso.
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Na década de 2000, Tank se tornou líder da Jabber Zeus, uma das quadrilhas mais perigosas já identificadas pelo FBI. O grupo utilizava o malware Zeus, que revolucionou o roubo de dados bancários, permitindo acessar contas corporativas e desviar dinheiro diretamente para laranjas ao redor do mundo.
O impacto foi devastador:
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mais de 600 vítimas no Reino Unido,
£4 milhões roubados em apenas três meses,
prejuízos globais de dezenas de milhões de dólares.
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Pequenas empresas, instituições de caridade e negócios familiares foram dizimados financeiramente. Enquanto isso, Tank levava uma vida de luxo: carros esportivos alemães, festas e uma dupla carreira como DJ Slava Rich.
Quando o FBI identificou sua verdadeira identidade ao interceptar mensagens internas da quadrilha, Tank escapou por pouco.
Ao perceber a polícia em seu retrovisor, acelerou um Audi S8 com motor Lamborghini de 500 cavalos e passou por sinais vermelhos até desaparecer — cena que se tornaria parte do mito que o cercava.
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Ele ficou quase 10 anos na lista dos mais procurados do FBI. Mesmo assim, continuou vivendo na Ucrânia, protegido por corrupção local e por seu dinheiro, que o tornava alvo constante de extorsões.
Após perder seu negócio legítimo com a guerra na Crimeia e ser extorquido por funcionários ucranianos, Tank retornou ao cibercrime com força total. O mundo digital já havia mudado: agora, o alvo era o ransomware, modalidade de ataque que sequestra sistemas e exige resgate.
Penchukov se juntou a grupos como Maze, Egregor, Conti e IcedID, este último responsável por infectar 150 mil computadores globalmente. A quadrilha selecionava vítimas estratégicas — inclusive grandes empresas e instituições de saúde.
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Um dos ataques mais graves atribuídos ao grupo atingiu o Centro Médico da Universidade de Vermont, nos EUA, em 2020, causando:
mais de US$ 30 milhões em prejuízos,
5.000 computadores desativados,
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interrupção de serviços essenciais por duas semanas.
Com operações lucrativas que chegavam a US$ 200 mil por mês, Tank se tornou um dos principais nomes do ecossistema global de ransomware — e alvo prioritário das autoridades.
Depois de quase duas décadas de crimes, Penchukov cometeu um erro fatal: deixou a Ucrânia. Em 2022, durante uma viagem à Suíça, foi alvo de uma operação policial cercada de alto risco.
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Ele foi detido com:
atiradores posicionados em telhados,
ruas fechadas,
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forte escolta policial,
rendição forçada diante dos próprios filhos.
A captura pôs fim à caçada de 15 anos, envolvendo FBI, autoridades europeias e órgãos de inteligência de diversos países.
Tank foi condenado a duas penas de nove anos e obrigado a pagar US$ 54 milhões em indenizações. As autoridades o consideram responsável por uma das maiores ondas de crimes financeiros da internet moderna.
Mesmo preso, seus antigos parceiros continuam livres — especialmente Maksim Yakubets, o “Aqua”, líder da Evil Corp, por quem os EUA oferecem US$ 5 milhões de recompensa.
A trajetória de Vyacheslav Penchukov deixa um legado sombrio:
ataques que destruíram empresas e hospitais,
prejuízos milionários em todo o mundo,
influência sobre gerações de hackers,
vínculos com serviços de segurança russos,
e a transformação do crime cibernético em uma indústria global.
Tank pode estar preso, mas sua história permanece como advertência: no submundo digital, carisma pode ser tão perigoso quanto técnica — e alguns hackers, mesmo atrás das grades, continuam a moldar o futuro do crime online.