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Hacker mais perigoso do mundo roubou milhões, paralisou hospitais e driblou o FBI por anos

O ucraniano Vyacheslav Penchukov, conhecido mundialmente pelo codinome Tank, se tornou um dos hackers mais temidos e procurados da história moderna

Ana Clara Durazzo

Publicado em 13/11/2025 às 09:45

Atualizado em 13/11/2025 às 09:51

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Tank foi condenado a duas penas de nove anos e obrigado a pagar US$ 54 milhões em indenizações / FBI

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O ucraniano Vyacheslav Penchukov, conhecido mundialmente pelo codinome Tank, se tornou um dos hackers mais temidos e procurados da história moderna. A ascensão de Tank ao topo do submundo cibernético começou ainda na adolescência, quando, em fóruns de trapaças de videogames, ele buscava códigos e modificações para jogos como FIFA 99 e Counter-Strike.

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O que era curiosidade se tornou carreira criminosa. Rapidamente, Tank atraiu outros jovens hackers e formou sua primeira quadrilha em Donetsk, na Ucrânia. O que os unia não era apenas técnica — mas o carisma e a influência de Penchukov, capaz de liderar grupos inteiros mesmo sem ser o programador mais habilidoso.

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A era Jabber Zeus: o roubo que abalou bancos e empresas

Na década de 2000, Tank se tornou líder da Jabber Zeus, uma das quadrilhas mais perigosas já identificadas pelo FBI. O grupo utilizava o malware Zeus, que revolucionou o roubo de dados bancários, permitindo acessar contas corporativas e desviar dinheiro diretamente para laranjas ao redor do mundo.

O impacto foi devastador:

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mais de 600 vítimas no Reino Unido,

£4 milhões roubados em apenas três meses,

prejuízos globais de dezenas de milhões de dólares.

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Pequenas empresas, instituições de caridade e negócios familiares foram dizimados financeiramente. Enquanto isso, Tank levava uma vida de luxo: carros esportivos alemães, festas e uma dupla carreira como DJ Slava Rich.

Fuga cinematográfica e anos na lista dos mais procurados

Quando o FBI identificou sua verdadeira identidade ao interceptar mensagens internas da quadrilha, Tank escapou por pouco.

Ao perceber a polícia em seu retrovisor, acelerou um Audi S8 com motor Lamborghini de 500 cavalos e passou por sinais vermelhos até desaparecer — cena que se tornaria parte do mito que o cercava.

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Ele ficou quase 10 anos na lista dos mais procurados do FBI. Mesmo assim, continuou vivendo na Ucrânia, protegido por corrupção local e por seu dinheiro, que o tornava alvo constante de extorsões.

A volta ao crime e o salto para o ransomware

Após perder seu negócio legítimo com a guerra na Crimeia e ser extorquido por funcionários ucranianos, Tank retornou ao cibercrime com força total. O mundo digital já havia mudado: agora, o alvo era o ransomware, modalidade de ataque que sequestra sistemas e exige resgate.

Penchukov se juntou a grupos como Maze, Egregor, Conti e IcedID, este último responsável por infectar 150 mil computadores globalmente. A quadrilha selecionava vítimas estratégicas — inclusive grandes empresas e instituições de saúde.

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Um dos ataques mais graves atribuídos ao grupo atingiu o Centro Médico da Universidade de Vermont, nos EUA, em 2020, causando:

mais de US$ 30 milhões em prejuízos,

5.000 computadores desativados,

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interrupção de serviços essenciais por duas semanas.

Com operações lucrativas que chegavam a US$ 200 mil por mês, Tank se tornou um dos principais nomes do ecossistema global de ransomware — e alvo prioritário das autoridades.

A captura após 15 anos de caça internacional

Depois de quase duas décadas de crimes, Penchukov cometeu um erro fatal: deixou a Ucrânia. Em 2022, durante uma viagem à Suíça, foi alvo de uma operação policial cercada de alto risco.

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Ele foi detido com:

atiradores posicionados em telhados,

ruas fechadas,

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forte escolta policial,

rendição forçada diante dos próprios filhos.

A captura pôs fim à caçada de 15 anos, envolvendo FBI, autoridades europeias e órgãos de inteligência de diversos países.

Condenação histórica e um legado de destruição

Tank foi condenado a duas penas de nove anos e obrigado a pagar US$ 54 milhões em indenizações. As autoridades o consideram responsável por uma das maiores ondas de crimes financeiros da internet moderna.

Mesmo preso, seus antigos parceiros continuam livres — especialmente Maksim Yakubets, o “Aqua”, líder da Evil Corp, por quem os EUA oferecem US$ 5 milhões de recompensa.

Uma era marcada por medo e prejuízo

A trajetória de Vyacheslav Penchukov deixa um legado sombrio:

ataques que destruíram empresas e hospitais,

prejuízos milionários em todo o mundo,

influência sobre gerações de hackers,

vínculos com serviços de segurança russos,

e a transformação do crime cibernético em uma indústria global.

Tank pode estar preso, mas sua história permanece como advertência: no submundo digital, carisma pode ser tão perigoso quanto técnica — e alguns hackers, mesmo atrás das grades, continuam a moldar o futuro do crime online.

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