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Geração dos millennials acredita que ataque nuclear deve ocorrer nesta década, diz pesquisa

Entrevistas foram feitas entre junho e outubro de 2019, ou seja, antes da recente escalada no conflito entre Irã e Estados Unidos

Folhapress

Publicado em 16/01/2020 às 13:22

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O medo de um ataque nuclear é grande entre os millennials / VAHID SALEMI/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

A maioria dos millennials acha provável que ocorra um ataque nuclear nos próximos dez anos, e quase a metade deles considera que deve haver uma terceira guerra mundial enquanto estiver vivo. É o que afirma uma pesquisa feita pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) com 16 mil pessoas dessa faixa etária -de 20 a 35 anos de idade- em 16 países.

O levantamento, realizado pelo Instituto Ipsos, entrevistou gente tanto em países que se encontram em conflito quanto os que estão em situação de paz. São eles: Afeganistão, Colômbia, EUA, França, Indonésia, Israel, Malásia, México, Nigéria, Reino Unido, Rússia, Síria, África do Sul, Suíça, territórios palestinos ocupados e Ucrânia. O Brasil não fez parte da amostra.

As entrevistas foram feitas entre junho e outubro de 2019, ou seja, antes da recente escalada no conflito entre Irã e Estados Unidos.

"Os millennials são os políticos, os responsáveis pela adoção de decisões, os estrategistas e formadores de opinião de amanhã. Os pontos de vista que têm hoje sobre a guerra poderiam ser indícios do rumo que o mundo tomará no futuro", afirmou o presidente do CICV, Peter Maurer, no documento de apresentação da pesquisa.

Um em cada quatro entrevistados (27%) afirma ter tido experiência direta com conflitos armados, ou seja, viveu situações como combater, ter que abandonar sua casa ou perder algum familiar próximo na guerra. Nos países afetados atualmente por conflitos, essa porcentagem sobe para quase metade (46%). No caso dos sírios, praticamente a totalidade (96%) viveu diretamente a experiência do conflito. Entre os afegãos, mais da metade (55%) responderam o mesmo.

O medo de um ataque nuclear é grande entre os millennials. Mais da metade dos entrevistados (54%) disseram achar provável que isso ocorra nos próximos dez anos. O temor é maior na Malásia, que registrou 77% de respostas positivas, e menor na Síria, onde 56% opinam o contrário.

Afetados por uma violenta guerra que já dura nove anos, os sírios, aliás, foram os que mais desaprovaram o uso de armas de destruição massiva: 96% disseram que não é aceitável, em nenhuma circunstância, empregar armas químicas e biológicas e 98% disseram o mesmo sobre as nucleares. No total da pesquisa, 84% dos millennials são favoráveis à proibição desse tipo de armamento.

Sobre a possibilidade de que ocorra uma terceira guerra mundial ao longo de sua vida, os millennials se mostraram divididos: 47% consideram provável e 46%, não.

Questionados sobre a chance de serem afetados pessoalmente por um conflito armado no futuro, os mais pessimistas são os malaios (68% acreditam que isso é muito provável) e os mais otimistas, os suíços (76% acham o cenário improvável).

Entre os que já vivem em países em conflito, os mais pessimistas são os habitantes de Israel e dos territórios palestinos: 65% e 52%, respectivamente, consideram que a guerra no local onde vivem não acabará nunca. Na Ucrânia estão os mais otimistas, com 69% dizendo acreditar que o conflito em seu país terminará nos próximos cinco anos. Entre os sírios, 60% responderam o mesmo.

Os pesquisadores também perguntaram sobre os limites impostos pela Convenção de Genebra, conjunto de acordos internacionais que dispõe, por exemplo, sobre a proibição da tortura e a redução dos efeitos de conflitos sobre a população civil.

Três em cada quatro millennials acreditam que ainda é necessário impor esses limites, mas o CICV considera preocupante que 41% considerem a tortura aceitável em algumas circunstâncias e 36% opinem que não se deve permitir que inimigos capturados estabeleçam contato com seus familiares.

Para 15%, os combatentes devem fazer tudo o possível para ganhar guerras, independentemente das vítimas civis que se produzam.

O comitê destaca que a maior disposição a defender condutas humanitárias veio dos jovens que vivem em países em conflito. Entre os sírios, por exemplo, 70% não consideram a tortura aceitável e 85% pensam que os presos devem ter contato com parentes. Além disso, 87% deles disseram que a atenção à saúde mental das vítimas de conflitos é tão importante quanto lhes prover alimento, água e refúgio.

São os millennials desses países também que se mostraram mais esperançosos. Enquanto 46% acreditam que as guerras no mundo vão diminuir ou acabar nos próximos 50 anos, 30% dos países em paz disseram o mesmo.

"Há esperança, e paradoxalmente os mais esperançosos são os que se veem mais afetados de maneira direta pela guerra", escreveu Maurer.

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