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Envolvido no escândalo dos 'Panama Papers', ministro espanhol renuncia

O ministro da Indústria, Energia e Turismo, José Manuel Soria, anunciou que deixará o cargo após a revelação de que seu nome está entre os citados nos "Panama Papers"

Folhapress

Publicado em 15/04/2016 às 18:30

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Soria renunciou para minimizar os danos ao atual governo conservador interino e ao Partido Popular / Divulgação

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O ministro espanhol da Indústria, Energia e Turismo, José Manuel Soria, anunciou nesta sexta (15) que deixará o cargo após a revelação de que seu nome está entre os citados nos "Panama Papers".

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Por meio de um comunicado, ele informou o chefe do governo, Mariano Rajoy, "a decisão irrevogável de apresentar minha demissão", acrescentando que a saída não implica no reconhecimento de nenhuma atividade ilegal.
 

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Soria, 58, é a vítima política mais recente dos chamados "Panama Papers", escândalo que eclodiu no início de abril, quando um consórcio de jornalistas de todo o mundo publicou uma série de investigações a partir de 11,5 milhões de documentos vazados do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca.

A revelação, que apontava para supostas fraudes fiscais praticadas por políticos, atletas, artistas e aristocratas, já levou à renúncia do primeiro-ministro da Islândia, Sigmundur David Gunnlaugsson. Soria, muito criticado por sua gestão ministerial em questões energéticas e ambientais, reconheceu apenas "erros cometidos ao longo dos últimos dias".

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Na segunda-feira (11), ele havia expressado surpresa e indignação após a revelação de que seu nome está associado a uma empresa nas Bahamas. Ele negou a notícia e pediu uma investigação.

No dia seguinte, porém, foi divulgada a informação de que Soria aparece como secretário da empresa UK Lines, registrada no Reino Unido, à qual ele atribuiu a um "novo erro".

No entanto, a publicação pela imprensa de um documento comercial britânico o forçou a admitir, um dia depois, que a empresa havia sido fundada por seu pai. Ele afirmou, entretanto, nunca ter participado da companhia.

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O argumento do espanhol também foi desmentido pela divulgação de um documento da empresa com a sua assinatura, ao mesmo tempo em que vários meios de comunicação afirmaram que Soria foi, até 2002, diretor de uma empresa localizada no paraíso fiscal britânico de Jersey.

"Acho que o Sr. Rajoy é o único espanhol que acredita que o ministro Soria não mentiu para nós", disse o porta-voz do partido de extrema-esquerda Podemos, Inigo Errejón.

Tanto o líder socialista Pedro Sanchez quanto o centro-direitista Albert Rivera, do Cidadãos, defenderam nesta sexta que Rajoy compareça ao Congresso para esclarecer o caso de Soria. Enquanto isso, o vice-presidente do governo, Soraya Sáenz de Santamaría, limitou-se a defender "a presunção da inocência" do ex-ministro.

Soria renunciou para minimizar os danos ao atual governo conservador interino e ao Partido Popular, que lidera o país em meio à possibilidade de novas eleições em junho após uma série de dificuldades enfrentadas pelas forças políticas espanholas para formar um novo governo.

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A renúncia de Soria é a segunda causada por um escândalo desde que o PP chegou ao poder, em dezembro de 2011. Em novembro de 2014, a ministra da Saúde Ana Mato renunciou ao ser investigada como beneficiária de supostos subornos cobrados por seu ex-marido.

A renúncia de Soria satisfaz associações ambientais que o enfrentaram durante sua gestão à frente do ministério. Casos como a autorização para explorar petróleo ao largo da costa das Ilhas Canárias e a compensação de € 1.350 milhão ao fim de um controverso projeto de armazenamento submarino de gás no Mediterrâneo marcaram o ex-ministro.

"José Manuel Soria passou sua gestão falsificando informação e enganando o povo, colocando em prática medidas que apenas beneficiam as grandes corporações multinacionais", afirmou, em um comunicado, a ONG Ecologistas em Ação.

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