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Elevação histórica do nível do mar agrava alerta global sobre mudanças climáticas

O fenômeno é uma das consequências do aquecimento global e representa uma ameaça a comunidades costeiras, ecossistemas e atividades econômicas em todo o mundo

Ana Clara Durazzo

Publicado em 16/06/2025 às 09:40

Atualizado em 16/06/2025 às 10:01

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Desde 1901, o nível médio do mar subiu aproximadamente 20 centímetros, com aceleração expressiva nas últimas décadas / PublicCO/Pixabay

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O nível médio global do mar alcançou um novo recorde em 2023, segundo dados de instituições internacionais como a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO (IOC/UNESCO) e o serviço europeu Copernicus de Monitoramento Marinho.

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O relatório State of the Global Climate 2023 revela que o ritmo da elevação mais que dobrou nos últimos 30 anos: saltou de 2,13 mm por ano (entre 1993 e 2002) para 4,77 mm por ano no período de 2014 a 2023.

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Desde 1901, o nível médio do mar subiu aproximadamente 20 centímetros, com aceleração expressiva nas últimas décadas. Entre 1993 e 2018, o aumento foi de cerca de 8,1 centímetros e, em 2023, atingiu 9,4 centímetros acima da média registrada em 1993.

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As informações, confirmadas por organismos como o IPCC e a NOAA, refletem o impacto direto da expansão térmica dos oceanos e do derretimento de geleiras e calotas polares, ambos agravados pelas mudanças climáticas.

Por que o nível do mar está subindo?

O fenômeno é uma das consequências mais graves do aquecimento global e representa uma ameaça de longo prazo a comunidades costeiras, ecossistemas e atividades econômicas em todo o mundo.

Brasil tem papel central em conferência internacional sobre oceanos

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Duas causas principais explicam a elevação:

 Expansão térmica dos oceanos: os mares absorvem cerca de 90% do excesso de energia gerado pelas emissões de gases de efeito estufa, o que dilata o volume de água.

Derretimento de gelo continental: o recuo acelerado de geleiras, além da perda de gelo na Groenlândia e na Antártida, libera grandes volumes de água doce nos oceanos.

O conteúdo de calor nas camadas superiores do oceano (até 2.000 metros de profundidade) também atingiu níveis recordes em 2023, fator que contribui para a intensificação de fenômenos extremos como ciclones, ondas de calor marinhas e alterações nas correntes oceânicas.

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Impactos já sentidos nas zonas costeiras

O avanço do mar representa uma ameaça concreta para cerca de 900 milhões de pessoas que vivem em regiões costeiras de baixa altitude, de acordo com a IOC/UNESCO. Essas áreas são vulneráveis a inundações, erosão e salinização de aquíferos.

No Brasil, os efeitos já começam a ser percebidos. Embora o país ainda não enfrente migrações em massa causadas pela elevação do mar, há registros de recuo da linha de costa, aumento da erosão, inundações e avanço das águas sobre áreas urbanas. A tendência é que esses impactos se agravem ao longo deste século.

Além das consequências sociais e econômicas, os ecossistemas costeiros, como manguezais, estuários e recifes de coral, também estão sob risco. Esses ambientes são essenciais para a proteção contra tempestades e para a manutenção da biodiversidade marinha.

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O que esperar para o futuro?

Projeções do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indicam que, até o final do século, o nível do mar poderá subir entre 30 centímetros e 1 metro, dependendo da trajetória das emissões globais de gases de efeito estufa.

Mesmo com uma redução drástica nas emissões, o processo de elevação continuará por séculos, devido à chamada “inércia climática”,  resultado do calor já acumulado nos oceanos e da dinâmica de derretimento das geleiras.

Monitoramento e respostas globais

A medição do nível do mar é feita por uma rede internacional de satélites, marégrafos e sensores oceânicos, operada por instituições como a NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica dos EUA), o Copernicus, a IOC/UNESCO e, no Brasil, o IBGE, por meio da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia.

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Esses dados alimentam sistemas de alerta precoce e orientam políticas públicas, desde o planejamento urbano até a construção de infraestrutura resiliente.

No cenário internacional, a ONU tem promovido iniciativas como o Decênio da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (2021–2030), que busca fortalecer a base científica para a gestão sustentável dos oceanos.

A elevação do nível do mar deixou de ser uma preocupação futura: já é uma realidade mensurável e cientificamente comprovada, exigindo atenção, cooperação internacional e ações urgentes de mitigação e adaptação.

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