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Diretores dedicam exibição de 'Bacurau' a Lula em festival de Nova York

A exibição ocorreu nesta terça-feira (1) na 57ª edição do festival de cinema da cidade americana

Folhapress

Publicado em 02/10/2019 às 15:01

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A produção foi toda rodada no povoado de Barra, parte rural da cidade de Parelhas, no interior do Rio Grande do Norte / Vitrine Filmes/Divulgação

Com gritos e faixas de "Lula Livre" e momentos de catarse coletiva, Nova York se transmutou, por algumas horas, em São Paulo, Rio de Janeiro -e, quem sabe, Recife?-, nesta terça-feira (1º), com a estreia de "Bacurau" na 57ª edição do festival de cinema da cidade americana.

"É um prazer estar aqui nesta noite. É um momento muito especial para nós e quero dedicar essa exibição a Luiz Inácio Lula da Silva", disse, minutos antes da exibição, Juliano Dornelles, codiretor do longa ao lado de Kleber Mendonça Filho.

"Ele está na prisão agora, mas nós o queremos de volta", referiu-se ao ex-presidente condenado a oito anos, dez meses e 20 dias de encarceramento, em decorrência da operação Lava Jato.

Diante de uma plateia lotada no complexo cultural Lincoln Center, em Manhattan, Mendonça enalteceu a experiência coletiva que é o cinema. "'Bacurau' estar em cartaz, nesse momento, no Brasil, é algo importante."

Pouco mais de um mês desde a sua estreia, o filme já arrecadou cerca de R$ 700 mil em bilheteria, segundo o Filme B, portal que monitora esse tipo de dado no país. E ocupa, atualmente, a nona posição entre os mais vistos nos cinemas nacionais.

Durante a exibição, o público não economizou em reações emocionadas, como risos e palmas. Quando os créditos finais surgiram na tela, a audiência -majoritariamente brasileira- aplaudiu de pé. Também estavam presentes as atrizes Sônia Braga e Barbara Colen, além de outros produtores e atores.

Kleber Mendonça Filho ratificou o sertão nordestino como paisagem clássica do cinema nacional desde os tempos do cinema novo e neste roteiro -cuja gestação se iniciou há dez anos- trocou o isolamento pela conexão.

"Estivemos sempre conectados, talvez procrastinando. Acompanhando as redes sociais, a imprensa, as mídias eletrônicas. Podíamos sentir a temperatura do que estava acontecendo. Nos Estados Unidos, Donald Trump foi eleito. O golpe, que algumas pessoas chamam de impeachment no Brasil, também aconteceu. Todas essas coisas se tornaram elementos para trabalharmos no filme", disse.

O diretor de "Som ao Redor" (2012) e "Aquarius" (2016) também brincou com o fato de "Bacurau" -vencedor do prêmio do júri do Festival de Cannes 2019- se passar num futuro ficcional indeterminado.

"O filme abre com palavras importantes, que eu considero efeitos especiais baratos: 'alguns anos depois'. Palavras que levam a audiência a pensar que isso tudo não está acontecendo. Mas, a maior parte das suas tensões, são questões históricas crônicas da sociedade brasileira: corrupção, violência, a falta de água no Nordeste. Nos últimos três anos, quando o Brasil deixou de seguir a via democrática, 'Bacurau' ficou mais perto da realidade. E essa é a parte triste. Nosso filme é mais sobre nossa história do que sobre o nosso futuro."

A produção foi toda rodada no povoado de Barra, parte rural da cidade de Parelhas, no interior do Rio Grande do Norte. "Bacurau existe e não só no sertão brasileiro. É nas favelas e em todo lugar em que as pessoas precisam estar juntas para poderem sobreviver", disse Juliano Dornelles.

Sônia Braga destacou o pôr do sol da região e a vitalidade das pessoas que ali moravam e fizeram parte do elenco do longa-metragem.

Western à brasileira com pitada de sci-fi, "Bacurau" estreou em Nova York uma semana após a passagem de Bolsonaro pela cidade, onde discursou pela primeira vez na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas).

Questionados pela escolha de mercenários dos EUA, associados a políticos brasileiros, como os vilões da história, os diretores não tergiversaram. "Por que um filme como 'Duro de Matar' pode escolher um alemão, chamado Hans Gruber, como vilão e nós não podemos ter vilões americanos?", desafiou Kleber Mendonça Filho.

*Alberto Pereira Jr. da Folhapress
 

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