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Democratas condenam envio de supostos explosivos a Obama, Hillary e CNN

Em declarações no início da tarde, a ex-secretária de Estado criticou as divisões no país e pediu votos para eleger políticos que possam mudar o atual cenário

Folhapress

Publicado em 24/10/2018 às 19:20

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Policiais posicionados diante da residência da ex-secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton / Associated Press

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A 13 dias para as disputadas eleições legislativas dos Estados Unidos, os principais nomes democratas que vieram a público condenar o envio de pacotes contendo artefatos explosivos a proeminentes figuras do partido adotaram um tom político em suas declarações.

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Pelo menos seis objetos suspeitos foram enviados entre segunda-feira (22) e esta quarta a políticos do partido ou ligados a ele, como o ex-presidente Barack Obama e a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, além do megainvestidor George Soros, grande doador democrata.

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A emissora CNN, feroz crítica do republicano Donald Trump, recebeu um pacote com explosivo e um envelope com pó branco não identificado.

Em declarações no início da tarde, Hillary, que foi derrotada por Donald Trump nas eleições presidenciais de 2016, criticou as divisões no país e pediu votos para eleger políticos que possam mudar o atual cenário.

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Os democratas tentam retomar o controle da Câmara dos Deputados e do Senado, hoje nas mãos dos republicanos.

"É um tempo perturbador, não é? E é um tempo de profundas divisões, e nós temos que fazer tudo o que pudermos para unificar nosso país", disse.
Fazendo referência às eleições legislativas de 6 de novembro, ela afirmou que os eleitores precisam votar em candidatos que entendam quais desafios os EUA enfrentam. "Como pessoa, estou bem. Como americana, estou preocupada", afirmou.

Em coletiva convocada pelos responsáveis pelas investigações, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, e o governador do estado, Andrew Cuomo -ambos democratas- criticaram as divisões e o extremismo crescente nos Estados Unidos.

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"Isso é claramente um ato de terror", afirmou o prefeito. "É um tempo muito doloroso em nosso país. É um tempo em que as pessoas estão sentindo muito ódio no ar. Incidentes como esse exacerbam essa dor, e exacerbam o medo."

De Blasio afirmou que a "vasta maioria dos americanos, a vasta maioria dos nova-iorquinos" são pessoas boas que tentam viver em paz umas com as outras. "Há poucas pessoas -e nós não sabemos quem elas são hoje-, mas há poucas pessoas tentando nos afastar por atos de violência. É imperativo que nós asseguremos que elas fracassem."

Cuomo, que busca um terceiro mandato à frente do governo de Nova York, também lamentou a atual divisão nos EUA. Ele tem se apresentado com um dos mais combativos adversários do presidente Donald Trump, embora oficialmente descarte qualquer intenção de disputar o comando da Casa Branca com o republicano em 2020.

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"Este é o mundo em que vivemos. Terrorismo, a tentativa de espalhar o medo é o mundo em que vivemos", disse. "Nós não vamos permitir que esses criminosos terroristas mudam a maneira como vivemos nossas vidas."

Após a entrevista, ele foi questionado se tinha alguma mensagem a Trump. "Eu quero diminuir a temperatura. Eu quero diminuir o rancor. Há um aparente padrão político nisso", acrescentou. "Pelo bem de todos, presidente, Senado, Congresso, governadores, diminuam a retórica."

Outro nome apontado como grande adversária de Trump em 2020, a senadora Elizabeth Warren, de Massachusetts, escreveu: "A violência contra cidadãos privados, oficiais públicos e organizações de imprensa não tem lugar em nossa democracia."

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A demora de Trump em se pronunciar sobre os episódios se tornou alvo de críticas.

No início desta tarde, ele fez um discurso no qual pediu união. Em evento na Casa Branca sobre opioides, Trump defendeu que se investigue a origem dos artefatos explosivos.

"Eu só quero dizer a vocês que nesses tempos nós temos de nos unir, nós temos que nos juntar e enviar uma mensagem clara, forte e inconfundível de que atos ou ameaças de violência política de qualquer tipo não têm lugar nos Estados Unidos", disse.

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O republicano afirmou ainda que toda estrutura do governo seria empregada para investigar pacotes e que "os responsáveis por esses atos deploráveis seriam levados à Justiça."

"A segurança do povo americano é muita maior e mais absoluta prioridade", acrescentou.

Antes disso, o republicano só havia compartilhado uma mensagem do vice Mike Pence nas redes sociais, na qual condenava o envio dos pacotes e pedia que os responsáveis fossem levados à Justiça.

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O único comentário que fez foi: "Eu concordo com todo coração."

Mais cedo, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, emitiu um comunicado condenando o envio dos artefatos e pedindo que os responsáveis fossem punidos.

Se Trump demorou para se manifestar sobre o caso, outras lideranças republicanas foram mais rápidas e se apressaram a condenar o envio dos explosivos.

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Steve Scalise, líder da maioria republicana na Câmara dos Deputados e que sobreviveu a um atentado a tiros contra legisladores em um campo de beisebol em 2017, afirmou que as "tentativas de ataques que foram feitas são mais que criminosas, são atos de puro terror."

"Violência e terror não têm lugar em nossa política ou em qualquer lugar de nossa sociedade."

O senador republicano Orrin Hatch, de Utah, defendeu o presidente, ao ser questionado sobre se a retórica de Trump poderia ter contribuído para o envio de artefatos. "Muitas coisas podem ter contribuído para isso", disse. "Nossa sociedade se tornou muito complexa. Nós achamos que as pessoas precisam moderar nos dois lados."

Já Marco Rubio, senador republicano pela Flórida, escreveu que "um ataque em uma América que é democrata, republicana ou independente é um ataque à América". "O terrorista por trás disso vai descobrir em breve que, enquanto as pessoas livres têm políticos que estão em conflito, se você tentar matar qualquer um de nós, vai ter que enfrentar todos."

Em artigo de opinião publicado nesta quarta no The New York Times, Alexander Soros, filho do bilionário George Soros, criticou o "ódio que está nos consumindo."

Ele reconheceu que sua família é alvo de hostilidades daqueles que rejeitam sua filosofia de realizar um trabalho filantrópico apartidário, mas político em um sentido mais amplo: "busca apoiar os que promovam sociedades onde todos tenham vozes".

No texto, Alexander Soros ressaltou que "algo mudou em 2016", quando Trump foi eleito em uma campanha que recebeu o endosso de supremacistas brancos e antissemitas como David Duke, ex-líder da Ku Klux Klan, afirmou.

"Eu não tenho ilusão de que o ódio dirigido a nós é único", afirmou. "Há muitas pessoas nos EUA e no mundo que sentiram a força desse espírito maligno. Agora é tudo muito 'normal' que pessoas que falem o que está em sua cabeça sejam rotineiramente submetidas a hostilidades pessoais, mensagens de ódios nas mídias sociais ou ameaças de morte."

"Temos que encontrar nosso caminho para um novo discurso político que evite a demonização de todos os adversários políticos", defendeu Alexander Soros, afirmando que um primeiro passo para isso seria votar e rejeitar políticos "cinicamente responsáveis por minar as instituições de nossa democracia."

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