O tratado criou o Escritório Internacional de Pesos e Medidas (BIPM), encarregado de definir padrões como o metro e o quilograma / Freepik
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Muita gente não sabe, mas um acordo internacional, firmado há 150 anos, foi responsável por padronizar as medidas que sustentam a vida moderna.
Toda vez que você usa uma régua, pesa algum alimento ou enche o tanque do carro, está utilizando de um sistema inventado há décadas atrás.
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Em 20 de maio de 1875, representantes de 17 nações reuniram-se em Paris e assinaram a Convenção do Metro, também conhecida como Tratado do Metro.
O acordo estabeleceu as bases para a criação de um sistema de medidas universal, em um momento em que cada país usava métodos próprios para medir distância e peso, dificultando o comércio e o avanço científico.
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O tratado criou o Escritório Internacional de Pesos e Medidas (Bureau International des Poids et Mesures ou BIPM, na sigla em francês), encarregado de definir padrões como o metro e o quilograma.
Ao longo das décadas, mais países aderiram, entre eles a Austrália, em 1947. As definições iniciais se expandiram, dando origem ao Sistema Internacional de Unidades (SI), base do sistema métrico atual.
O Bureau Internacional de Pesos e Medidas é uma organização intergovernamental que atua como referência global na padronização das medições científicas e industriais.
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Fundado em 20 de maio de 1875, por meio da assinatura da Convenção do Metro por 17 países, o BIPM está sediado no Pavillon de Breteuil, em Saint-Cloud, nos arredores de Paris, França.
Composto atualmente por 64 Estados-membros, o BIPM tem como missão estabelecer e manter um sistema único e coerente de medições em todo o mundo, baseado no Sistema Internacional de Unidades (SI).
Esse sistema abrange áreas como química, radiação ionizante, metrologia física e o Tempo Universal Coordenado (UTC) .
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A organização desempenha um papel fundamental na manutenção e disseminação das unidades do SI, garantindo que as medições realizadas em diferentes países sejam comparáveis e rastreáveis aos padrões internacionais.
Ao fornecer uma base comum para as medições, a organização contribui para a confiança nos resultados obtidos em diversas áreas, desde a indústria até a saúde pública.
A história do metro remonta ao final do século 18, durante a Revolução Francesa. Rompendo com tradições monárquicas, os revolucionários propuseram um sistema de medição baseado em propriedades naturais, acessível a todos e livre de influências religiosas ou políticas.
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Cientistas franceses definiram o metro como um décimo de milionésimo da distância do Polo Norte ao Equador, passando pelo Observatório de Paris. Dois astrônomos levaram sete anos para calcular essa medida.
Em 1799, apresentaram à Academia Francesa de Ciências a versão oficial: uma barra de platina conhecida como “Metro dos Arquivos”.
Embora os cálculos tenham se mostrado levemente imprecisos, visto que o metro real era 0,2 mm menor que o ideal, o padrão foi amplamente adotado.
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No final do século 19, réplicas feitas de liga de platina-irídio foram distribuídas globalmente como referências oficiais.
Com o avanço da ciência surgiu a necessidade de definições mais precisas. Em 1960, o metro passou a ser definido com base em propriedades da luz: exatamente 1.650.763,73 vezes o comprimento de onda de uma luz laranja-avermelhada emitida por átomos de criptônio-86.
Contudo, a miniaturização da tecnologia e a fabricação de componentes em escalas nanométricas exigiram ainda mais precisão. A resposta veio dos relógios atômicos e da constante universal da velocidade da luz.
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Em 1983, o metro foi redefinido como a distância que a luz percorre no vácuo em 1/299.792.458 de segundo, uma medida baseada no tempo, extremamente confiável e precisa. Essa definição é a que seguimos até hoje.
Com essa nova definição, cientistas puderam medir com exatidão a distância entre a Terra e a Lua. Isso é feito ao disparar lasers contra refletores deixados na superfície lunar por astronautas da missão Apollo.
A cronometragem do percurso de ida e volta da luz permite calcular a distância e revelou, por exemplo, que a Lua está se afastando da Terra a uma taxa de 3,8 centímetros por ano.
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Apesar de sua precisão e utilidade, a adoção do sistema métrico foi desigual. A Austrália, por exemplo, só adotou oficialmente o sistema em 1970, quase 100 anos após assinar o Tratado do Metro.
Nos Estados Unidos, outro signatário original, o sistema métrico é oficialmente reconhecido, mas na prática o uso das unidades imperiais prevalece no cotidiano. Ainda assim, as medições científicas e padrões nacionais seguem baseados no metro e no quilograma.
Mesmo em países que adotaram o sistema métrico, como a Austrália, é possível encontrar exceções.
Tamanhos de televisores, medidas de roupas e até utensílios de cozinha ainda mantêm padrões herdados do sistema imperial.
Com 150 anos de história, o sistema métrico é hoje uma das maiores conquistas da padronização internacional, sustentando desde compras do dia a dia até a exploração espacial.