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Confrontos violentos precedem entrada de ajuda na Venezuela

Segundo o jornal venezuelano Tal Cual, várias pessoas ficaram feridas, enquanto manifestantes montavam barricadas e disparavam pedras contra os militares.

Folhapress

Publicado em 23/02/2019 às 14:08

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Confronto em Ureña, na Venezuela, na fronteira com a Colômbia. / Reuters/Andres Martinez Casares

Militares venezuelanos dispararam neste sábado (23) bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra dezenas de pessoas que tentavam chegar à Colômbia por uma ponte fronteiriça em Ureña.

Na noite de sexta, o regime do ditador Nicolás Maduro determinou o fechamento da divisa para evitar a entrada de ajuda humanitária vinda dos EUA.

Segundo o jornal venezuelano Tal Cual, várias pessoas ficaram feridas, enquanto manifestantes montavam barricadas e disparavam pedras contra os militares.

"Queremos trabalhar", gritava a multidão diante de oficiais da Guarda Nacional que bloqueavam a ponte Francisco de Paula Santander, uma das quatro que ligam o estado venezuelano de Táchira ao departamento colombiano Norte de Santander.

Segundo a agência de migração da Colômbia, quatro militares da guarda deixaram seus postos na manhã deste sábado, antes da entrega prevista da ajuda.

Três deles se desmobilizaram na ponte Simón Bolívar, na cidade colombiana de Cúcuta.

Segundo a agência colombiana, os militares "desertaram da ditadura de Nicolás Maduro".

Ao jornal britânico "The Guardian" um sargento que desertou disse que muitos membros das forças de segurança se opõem a Maduro mas têm medo de sair.

"Há medo porque você não pode falar, você não pode dizer nada contra o governo", afirmou. Seu uniforme trazia apenas o nome Liñares.

De acordo com o "The New York Times", um grupo de cerca de 300 mulheres, conhecido com "Mulheres de branco" se uniu para uma marcha.

Em outras partes de Urenã, manifestantes invadiram uma escola ocupada por cerca de 100 milicianos do governo e fizeram com que se rendessem, ainda de acordo com o NYT.

Na capital, Caracas, manifestantes preparavam uma marcha em direção ao aeroporto militar de La Carlotta.

A operação de entrega de ajuda foi articulada pelo líder oposicionista e autodeclarado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, em coordenação com os governos da Colômbia e dos EUA.

Guaidó foi reconhecido como presidente interino por cerca de 50 países, entre eles Brasil e EUA.

Um dos objetivos é constranger os membros das Forças Armadas a desobedecerem a ordem de Maduro de não deixar entrar a ajuda.

O ditador considera que a operação é uma tentativa de realizar uma intervenção militar no país caribenho.

Tanto Guaidó como Maduro convocarão seus seguidores às ruas neste sábado. O primeiro para acompanhar as caravanas com a ajuda humanitária; o segundo, para manifestar apoio ao seu governo e rejeita uma "intervenção militar".

Na noite de sexta, Guaidó desafiou a proibição de que deixasse o país e cruzou a fronteira para Cúcuta, na Colômbia.
"Maduro quer gerar violência bloqueando a passagem [da ajuda]", afirmou Guaidó neste sábado. "O avanço será pacífico, mas firme, de ajuda humanitária."

"Às Forças Armadas, digo: bem-vindos ao lado certo da história. A anistia é para todos os militares que ajudarem com o envio da ajuda humanitária", acrescentou.

"Impedir [a ajuda] será um crime de lesa humanidade", afirmou, ao seu lado, o colombiano Iván Duque. "Hoje se realiza um exercício multilateral de caráter pacífico e humanitário."

"Maduro será responsável por qualquer ato de violência", acrescentou Duque.

Ao menos 14 caminhões estavam carregados com os mantimentos enviados pelos EUA.

A operação se transformou em um enorme espetáculo, com a presença de centenas de jornalistas de todo mundo.

Moradores de Ureña pediam aos militares autorização para atravessar a ponte, como fazem cotidianamente.

Após momentos de tensão, os militares avançaram e começaram a disparar bombas de gás lacrimogêneo. Os moradores responderam com pedras.

"Tenho de passar para cumprir minhas oito horas de trabalho. O que acontece se não chego? Minha família depende de mim", afirmou Unay Velasco, 24, que trabalha em um supermercado em Cúcuta.

Cerca de 40 mil venezuelanos cruzam diariamente as fronteiras em Táchira, segundo autoridades migratórias. A maioria volta ao país após trabalhar ou comprar remédios e outros produtos em escassez.

Na noite de sexta, a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, anunciou o fechamento da fronteira venezuelana com a Colômbia em Táchira (oeste).

"Devido às graves e ilegais ameaças tentadas pelo Governo da Colômbia contra a paz e a soberania da Venezuela", Caracas "tomou a decisão de um fechamento total temporário" de todas as pontes que unem os dois países por Táchira, escreveu Rodríguez em uma rede social.

Na sexta-feira, militares venezuelanos abriram fogo contra um grupo de civis que tentava ajudar a manter aberta a fronteira da Venezuela com o Brasil um dia após o fechamento da divisa entre os dois países. Ao menos duas pessoas morreram.

Durante a semana, Maduro havia ordenou a suspensão das fronteiras marítima e aérea com Curaçao, que estoca carregamento vindo de Miami.

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