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Segundo o Itamaraty, o grupo viajou mesmo após a orientação da Embaixada do Brasil em Tel Aviv desaconselhando viagens não essenciais a Israel
Em junho, duas comitivas de autoridades brasileiras aceitaram convites do governo israelense e viajaram ao país, desconsiderando a orientação consular / Reprodução/X
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O Ministério das Relações Exteriores informou nesta segunda-feira (16) que as autoridades brasileiras que viajaram a Israel ignoraram um alerta oficial do Itamaraty para evitar deslocamentos ao Oriente Médio devido aos conflitos armados na região.
Segundo o Itamaraty, o grupo viajou mesmo após a orientação da Embaixada do Brasil em Tel Aviv, que desde outubro de 2023 mantém um alerta desaconselhando viagens não essenciais a Israel. Desde então, a recomendação tem sido para que os brasileiros que já estavam no país considerassem deixar o território.
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De acordo com o ministério, 1.413 brasileiros foram retirados de Israel por aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) desde o início da crise.
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Em junho, duas comitivas de autoridades brasileiras aceitaram convites do governo israelense e viajaram ao país, desconsiderando a orientação consular. Com o início dos ataques de Israel ao Irã e o consequente fechamento do espaço aéreo israelense, os dois grupos de autoridades passaram a aguardar informações e providências para o retorno ao Brasil.
Na manhã desta segunda-feira (16), um grupo de doze gestores brasileiros deixou Israel de ônibus e chegou à Jordânia. Eles estavam retidos em solo israelense desde o agravamento do conflito com o Irã. Agora, seguem em direção a Amã, capital jordaniana, de onde irão, por via terrestre, até Riad, na Arábia Saudita, para embarcar de volta ao Brasil em um voo particular. O deslocamento foi viabilizado por um acordo entre as embaixadas brasileiras em Amã e Riad.
A operação de retirada foi articulada pelo chanceler brasileiro Mauro Vieira, que no fim de semana conversou com o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita para garantir o apoio necessário. Segundo o governo brasileiro, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, manteve contato telefônico desde sábado com o coordenador da delegação brasileira, o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União), informando-o sobre as negociações com autoridades de Israel e da Jordânia.
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Dos 18 integrantes da comitiva municipal, 12 decidiram retornar por conta própria em um voo particular. A operação, segundo a Comissão de Relações Exteriores do Senado, foi organizada de forma independente pelo prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP).
Outras seis pessoas continuam em Israel, somando-se ao grupo do Consórcio Brasil Central, que reúne 22 autoridades estaduais, entre elas o governador de Rondônia, Marcos Rocha (União).
O Itamaraty informou que negocia a saída desse segundo grupo e que a opção mais viável, no momento, é um resgate em aeronaves da FAB, via Jordânia, país que tem demonstrado maior abertura para auxiliar nas operações. Também são consideradas alternativas como o uso de voos comerciais, com apoio logístico e financeiro do governo israelense.
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Ao todo, pelo menos 42 políticos e assessores estavam em Israel quando os ataques ao Irã se intensificaram. Além dos prefeitos de Belo Horizonte e João Pessoa, o grupo inclui o governador de Rondônia, Marcos Rocha. A intenção do grupo parlamentar Brasil-Israel é organizar uma operação de resgate que contemple todas as autoridades e turistas brasileiros que ainda estão em Israel.
O senador Carlos Viana (Podemos-MG), presidente do grupo, afirmou já ter solicitado ao governo de Benjamin Netanyahu uma relação completa dos brasileiros em território israelense para agilizar a retirada, em articulação com o Ministério das Relações Exteriores.
As próximas saídas devem ocorrer via Jordânia ou Egito, dependendo da evolução do conflito. Na última sexta-feira (13), Israel lançou uma ofensiva contra Teerã, que retaliou com ameaças de intensificação dos ataques. Até o domingo (16), o saldo era de 14 mortos em Israel e 224 no Irã.
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O senador Carlos Viana destacou que o governo israelense tem colaborado de forma significativa, mas ponderou que a continuidade das operações dependerá da escalada ou contenção da guerra. Segundo ele, caso os ataques diminuam, haverá mais tempo para organizar as retiradas, mas uma intensificação pode dificultar as operações.
A FAB informou que permanece de prontidão para realizar os resgates, mas aguarda autorização formal do Ministério das Relações Exteriores para iniciar as operações.
Álvaro Damião (União) – prefeito de Belo Horizonte
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Cícero Lucena (PP) – prefeito de João Pessoa
Welberth Porto (Cidadania) – prefeito de Macaé (RJ)
Johnny Maycon (PL) – prefeito de Nova Friburgo (RJ)
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Claudia da Silva (Avante) – vice-prefeita de Goiânia
Janete Aparecida (Avante) – vice-prefeita de Divinópolis (MG)
Flávio Guimarães (PSD) – vereador do Rio de Janeiro
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Márcio Lobato – secretário de Segurança Pública de Belo Horizonte
Gilson Chagas – secretário de Segurança Pública de Niterói (RJ)
Francisco Vagner – secretário de Planejamento de Natal (RN)
Davi de Matos – chefe executivo do Civitas (Centro de Inteligência, Vigilância e Tecnologia de Segurança Pública do Rio de Janeiro)
Francisco Nélio – tesoureiro da Confederação Nacional de Municípios (CNM)