A instalação, que já opera em plena capacidade, funciona como um gigantesco sistema de armazenamento capaz de equilibrar o consumo de energia / Ministério de Recursos Hídricos da China
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O leste da China, região que abriga megacidades como Xangai, Nanjing e Hangzhou, ganhou um novo reforço energético com a inauguração da Usina Hidrelétrica Reversível de Jurong, considerada um marco na engenharia mundial.
A instalação, que já opera em plena capacidade, funciona como um gigantesco sistema de armazenamento capaz de equilibrar o consumo de energia em uma das áreas mais densamente povoadas do planeta.
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Situada no Delta do Rio Yangtzé, na província de Jiangsu, a usina tornou-se peça-chave para sustentar o crescimento econômico da região, que concentra mais de um quinto da população chinesa e registra alguns dos maiores índices de consumo elétrico do país.
A usina impressiona pelos números. A barragem do reservatório superior atinge 182,3 metros, altura equivalente a um arranha-céu de 60 andares, o que a torna a mais alta do mundo em seu tipo. Seus dois reservatórios somam incríveis 17,07 milhões de metros cúbicos de água, o que equivale a cerca de 6,8 mil piscinas olímpicas.
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A capacidade instalada chega a 1.350 megawatts, e a geração anual estimada ultrapassa 13,5 bilhões de quilowatts-hora, suficiente para atender grande parte das necessidades energéticas de Jiangsu.
A região, que bateu recorde de consumo no último verão — 156 milhões de kWh em um único dia — depende cada vez mais de sistemas estáveis para evitar sobrecargas.
“Em plena operação, ela fornecerá aproximadamente 2,7 milhões de quilowatts de capacidade de regulação bidirecional, aliviando a pressão nos horários de pico e melhorando a integração de novas fontes de energia”, explicou Wang Chenhui, diretor de desenvolvimento da State Grid Zhenjiang Power Supply Company.
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Além do porte monumental, a estrutura incorpora inovações de engenharia, como materiais impermeabilizantes inéditos aplicados à barragem e sistemas modernos de elevação para grandes válvulas esféricas — tecnologias que, segundo especialistas, podem servir de modelo para futuras usinas em regiões populosas com pouca capacidade de geração própria.
Também chamadas de usinas de bombeamento, essas instalações funcionam como enormes baterias naturais. O processo ocorre em duas etapas:
Em baixa demanda: excesso de energia é usado para bombear água ao reservatório superior.
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Em alta demanda: a água desce, aciona turbinas e gera eletricidade.
O esquema é essencial para lidar com oscilações de consumo e para armazenar energia gerada por fontes renováveis — como eólica e solar — cuja produção varia ao longo do dia.
A nova usina fortalece a matriz energética chinesa em um momento de expansão acelerada das energias renováveis. Mais da metade da eletricidade gerada no país já provém de fontes limpas, mas a integração dessas tecnologias depende de sistemas capazes de compensar sua intermitência.
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Ao evitar desperdício de energia renovável e reduzir picos de demanda, Jurong se torna um 'pulmão energético' que melhora a estabilidade da rede elétrica de uma região que reúne milhões de consumidores e boa parte das indústrias chinesas.
Atualmente, a China conta com cerca de 80 usinas hidrelétricas reversíveis em operação, e o número deve crescer nas próximas décadas, conforme o país investe em soluções para garantir segurança energética em larga escala.