A bactéria Halomonas titanicae pode fazer com que os restos do navio desapareçam em 20 anos / Reprodução/Youtube
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O Titanic continua afundado no Atlântico Norte, mas não está parado no tempo. Nas expedições mais recentes, o que aparece nas imagens não é só o fascínio do “navio mais famoso do mundo”, e sim sinais claros de que ele muda, cede e se transforma a cada ano.
Os destroços estão no fundo do mar a cerca de 3.800 metros de profundidade, e as novas varreduras mostram um recado incômodo: aquilo que a humanidade aprendeu a reconhecer como “o Titanic” está literalmente se desfazendo graças a uma bactéria agora identificada.
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O achado que mais chamou atenção foi uma perda simbólica e visível: um trecho grande do guarda-corpo (corrimão) do lado esquerdo da proa, na região mais fotografada do naufrágio, simplesmente não está mais onde sempre esteve. A expedição confirmou que uma seção considerável se desprendeu e caiu para o leito oceânico. É o tipo de mudança que mexe com o imaginário popular porque altera o “cartão-postal” do navio e reforça a ideia de colapso progressivo, não de deterioração abstrata.
No mesmo pacote de notícias, surgiu uma surpresa que parece saída de um baú de arqueologia: a redescoberta da estatueta “Diana of Versailles”, peça decorativa que ficava em um salão de primeira classe e foi parar no campo de destroços. Ela havia sido registrada décadas atrás e passou muito tempo sem aparecer em novas imagens. O reencontro, documentado em alta definição, devolveu ao público um símbolo material daquele interior luxuoso que o mar engoliu, e funcionou quase como um “flash” do Titanic original no meio do cenário de ferrugem.
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Outra novidade importante não está no metal, mas no digital. Nos últimos anos, equipes passaram a criar um “gêmeo digital” do Titanic: um modelo 3D completo, feito com varreduras e centenas de milhares de imagens, que permite estudar o navio com precisão de detalhes e comparar mudanças ao longo do tempo. Esse tipo de mapeamento ajuda a entender melhor como a estrutura se partiu, onde estão áreas mais frágeis e como o campo de detritos se distribui, sem depender de visitas frequentes ou intervenções físicas.
E aí entra o detalhe que dá nome ao “inimigo invisível” do Titanic. O vilão popular não é um fungo, e sim uma bactéria: Halomonas titanicae.
Ela foi descrita por cientistas a partir de amostras coletadas nos próprios destroços e ficou famosa por estar associada aos rusticles, aquelas formações de “estalactites de ferrugem” que pendem do casco. O que muita gente chama de “bactéria que come o navio” é, na prática, um processo biológico e químico em conjunto: colônias microbianas transformam o ferro em parte do seu ciclo de vida, acelerando a corrosão e deixando a estrutura cada vez mais frágil.
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A imagem do Titanic sendo “devorado” faz sucesso porque traduz, em uma frase, a realidade mais triste: o naufrágio não está sendo preservado pelo frio e pela escuridão, e sim reciclado lentamente pelo oceano.