O cálculo não previa um colapso repentino ou apocalíptico, mas indicava um limite crítico no qual as tensões se tornariam cada vez mais difíceis de administrar / Divulgação
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Desde a década de 1970, o físico austríaco Heinz von Foerster chamava atenção para um cenário preocupante: a possibilidade de que a humanidade atingisse, em 2026, um ponto de ruptura provocado pela combinação entre crescimento populacional, pressão sobre recursos naturais e degradação ambiental.
Na época, a projeção parecia distante e até alarmista. Hoje, porém, especialistas de diferentes áreas avaliam que o alerta pode não ter sido exagerado.
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Von Foerster utilizou modelos matemáticos avançados para estimar quando o sistema global entraria em um estado de saturação.
O cálculo não previa um colapso repentino ou apocalíptico, mas indicava um limite crítico no qual as tensões se tornariam cada vez mais difíceis de administrar.
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O crescimento da população mundial tem efeitos diretos sobre a demanda por água, alimentos, energia e áreas agricultáveis. A cada década, o consumo avança em ritmo acelerado, nem sempre acompanhado pela capacidade de reposição da Terra.
Esse cenário é agravado por fatores como urbanização acelerada, desmatamento e os impactos das mudanças climáticas, que reduzem a resiliência dos ecossistemas. Secas prolongadas, ondas de calor, perda de colheitas e crises hídricas já fazem parte da realidade de diversos países, reforçando a percepção de que o equilíbrio ambiental está sob forte pressão.
As ideias de von Foerster dialogam com o pensamento do economista Thomas Malthus, que ainda no século XVIII alertava que a população tende a crescer mais rápido do que a produção de alimentos.
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Embora os avanços tecnológicos tenham ampliado a capacidade produtiva global, muitos especialistas apontam que há limites físicos que não podem ser ultrapassados indefinidamente.
No modelo matemático desenvolvido pelo físico, o século XXI aparecia como um período decisivo, e 2026 se consolidou como um marco simbólico desse possível ponto de saturação.
Ao longo das últimas décadas, a tecnologia adiou vários cenários de colapso previstos no passado. Avanços agrícolas, sistemas de irrigação inteligentes, biotecnologia e energias renováveis ampliaram a oferta de recursos e melhoraram a eficiência produtiva.
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No entanto, especialistas destacam que a inovação tem limites. A tecnologia não consegue recuperar ecossistemas destruídos de forma imediata, nem eliminar desigualdades no acesso a recursos básicos. Mesmo com modernização, muitos países enfrentam apagões energéticos, escassez de água e impactos cada vez mais severos de eventos climáticos extremos.
Para von Foerster, a solução não passaria apenas pelo avanço tecnológico, mas também por decisões éticas e estruturais. Ele chegou a propor o conceito de 'peoplo-stat', um mecanismo de regulação preventiva para evitar que crises se tornassem inevitáveis.
A ideia, porém, levanta debates sensíveis sobre liberdade individual, autonomia e responsabilidade social. Alternativas como planejamento familiar, educação em saúde reprodutiva e políticas urbanas mais eficientes surgem como caminhos possíveis, mas exigem diálogo internacional e respeito às diferenças culturais.
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A superpopulação impacta não apenas a produção de alimentos, mas também a disponibilidade de água potável, o consumo de energia, a perda de biodiversidade e a transformação das cidades em ambientes cada vez mais densos e vulneráveis.
Somado a isso, o aumento da frequência de eventos climáticos extremos exige respostas rápidas de governos e sociedades que, muitas vezes, não estão preparados. O acúmulo dessas pressões cria um cenário de instabilidade econômica, social e ambiental.
A previsão de Heinz von Foerster não aponta para um fim do mundo literal, mas para um alerta crítico. Sem cooperação global e políticas eficazes, 2026 pode se tornar não o início de um colapso, mas o momento em que a humanidade percebe, talvez tarde demais, que ignorar limites tem consequências reais.
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