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As informações são de um artigo publicado pelo portal The Conversation, assinado por cientistas do clima que integram a equipe responsável pelo relatório Indicators of Global Climate Change
O relatório mostra que o aquecimento causado exclusivamente por atividades humanas já atingiu 1,36°C, e que os extremos climáticos, como ondas de calor e chuvas intensas, estão se intensificando / Pixabay/Pexels
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O planeta está aquecendo em um ritmo alarmante e os governos ainda não estão respondendo à altura da crise climática. É o que afirma um artigo publicado pelo portal The Conversation, assinado por cientistas do clima que integram a equipe responsável pelo relatório Indicators of Global Climate Change.
A publicação, divulgada a poucos meses da COP30, a conferência global do clima, alerta que 2024 registrou um aquecimento médio global de 1,52°C, ultrapassando temporariamente a meta de 1,5°C do Acordo de Paris.
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A situação é crítica. O relatório mostra que o aquecimento causado exclusivamente por atividades humanas já atingiu 1,36°C, e que os extremos climáticos, como ondas de calor e chuvas intensas, estão se intensificando em todas as regiões do mundo.
Todos os 197 países signatários da Convenção do Clima das Nações Unidas deveriam ter apresentado seus planos climáticos atualizados (as chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas – NDCs) até fevereiro de 2024. Esses documentos delineiam as estratégias para redução de emissões de gases de efeito estufa.
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Entretanto, apenas 25 países, que representam cerca de 20% das emissões globais, entregaram suas NDCs. Entre os países africanos, apenas Somália, Zâmbia e Zimbábue o fizeram. O dado levanta preocupação quanto à seriedade com que a comunidade internacional está tratando a emergência climática.
Pior: dos planos apresentados, apenas o do Reino Unido está verdadeiramente alinhado com a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C. Isso demonstra um descompasso entre o compromisso político firmado no Acordo de Paris e as ações concretas dos países.
Segundo o Indicators of Global Climate Change, o “orçamento de carbono”, a quantidade de gases que ainda pode ser emitida antes que o planeta ultrapasse de vez os 1,5°C de aquecimento, está se esgotando rapidamente. Se as emissões seguirem nos níveis atuais, esse limite poderá ser atingido em menos de três anos.
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Apesar de os efeitos das mudanças climáticas serem cada vez mais visíveis, os autores denunciam que os dados climáticos ainda chegam tarde demais para embasar decisões políticas eficazes. Eles comparam a situação com o setor econômico: “Se tratássemos os dados climáticos com a mesma urgência dos relatórios financeiros, o pânico seria diário”, afirmam.
Além de ação, os autores defendem mais equidade na resposta global ao clima. Países desenvolvidos, que historicamente emitiram mais gases poluentes, devem liderar os esforços de mitigação e financiar a transição energética nos países em desenvolvimento.
Até agora, apenas cinco países do G20, Brasil, Canadá, Japão, Estados Unidos e Reino Unido, apresentaram NDCs atualizadas para 2035. O grupo, responsável por 80% das emissões globais, precisa assumir a dianteira. A presidência sul-africana no G20 é vista como oportunidade estratégica para pressionar por maior compromisso, especialmente em apoio aos países mais vulneráveis.
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Outro dado preocupante: apenas 10 NDCs atualizadas reafirmaram o compromisso com o afastamento dos combustíveis fósseis, sinalizando que, para muitos governos, a transição energética ainda não é prioridade.
A expectativa recai agora sobre a COP30, que será realizada no Brasil em 2025. Até lá, países como União Europeia, China e Índia terão papel decisivo: seus planos climáticos servirão como referência para outras nações.
Em setembro deste ano, a Semana do Clima da ONU em Adis Abeba, na Etiópia, abordará o acesso ao financiamento climático e discutirá formas de garantir uma transição energética justa.
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Para os autores do relatório, ainda há tempo para reverter o cenário, mas é preciso agir com urgência. “Cada tonelada de carbono conta. O momento de transformar promessas em ações é agora”, concluem.