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A pressa da inovação faz carros elétricos perderem valor e durarem menos de 4 anos, diz estudo

Segundo levantamento os carros a combustível duram até 3x mais

Jeferson Marques

Publicado em 11/10/2025 às 17:40

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Carro elétrico estacionado enquanto é carregado em poste / Imagem gerada por IA/Gemini

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A revolução dos carros elétricos chegou com força ao Brasil, mas um dado curioso vem chamando atenção de analistas do setor: os veículos movidos a bateria estão sendo trocados três vezes mais rápido do que os modelos a combustão.

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Segundo um estudo da S&P Global, divulgado originalmente pelo portal mexicano El Imparcial, a vida útil média dos carros elétricos é de apenas 3,6 anos, enquanto os veículos a gasolina permanecem nas mãos de seus donos por cerca de 12 anos. O levantamento aponta que o ritmo acelerado de inovação tecnológica — com lançamentos constantes de novos modelos, baterias mais eficientes e sistemas inteligentes — é o principal fator por trás dessa diferença.

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Tecnologia que envelhece rápido

Especialistas ouvidos pelo El Imparcial afirmam que o setor automotivo elétrico vive um ciclo semelhante ao da telefonia móvel: a cada novo lançamento, a tecnologia anterior rapidamente se torna ultrapassada. Isso leva os motoristas a trocar de carro mesmo antes de atingir metade da vida útil esperada.

No Brasil, esse fenômeno já é perceptível. Modelos como o BYD Dolphin, o GWM Ora 03, o Renault Kwid E-Tech e o Caoa Chery iCar são exemplos de veículos que ganharam novas versões em menos de dois anos, com baterias de maior autonomia e sistemas embarcados mais modernos.

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Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o país já ultrapassou 250 mil veículos eletrificados em circulação em 2025, incluindo híbridos e 100% elétricos — um número 63% maior que o registrado em 2023. A rápida evolução tecnológica, aliada a incentivos de marcas como BYD e GWM, vem estimulando trocas cada vez mais frequentes.

Leasing e incentivos impulsionam renovação

O levantamento da S&P Global também apontou que muitos consumidores trocam de carro por contratos de leasing de 36 meses, que favorecem a substituição rápida por modelos mais novos. No Brasil, montadoras como Toyota, BMW, BYD e Volvo já oferecem programas de assinatura ou recompra após três anos de uso, o que reforça o comportamento de atualização constante.

Outro fator é o avanço da infraestrutura de recarga. De acordo com o Programa Nacional de Mobilidade Elétrica (Pró-Eletro), o país já superou a marca de 5 mil pontos públicos de recarga, distribuídos principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. O crescimento desse ecossistema tem facilitado a adoção — e a troca — de veículos elétricos, especialmente nas grandes cidades.

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Gasolina ainda reina fora dos grandes centros

Apesar do entusiasmo, os carros a combustão ainda dominam o interior do país. A própria Anfavea estima que cerca de 93% da frota nacional ainda é composta por veículos movidos a gasolina, etanol ou diesel. Isso ocorre porque, fora das capitais, a infraestrutura para recarregar carros elétricos ainda é limitada, e a manutenção dos modelos a combustão continua mais acessível.

“Enquanto um veículo a gasolina pode rodar facilmente por mais de 10 anos, os elétricos ainda sofrem com a percepção de obsolescência e com o custo elevado de substituição de baterias”, explica a economista Márcia Mendonça, especialista em mobilidade sustentável da USP. Segundo ela, o mercado brasileiro ainda está “amadurecendo” nesse segmento, e a rotatividade alta é natural em uma fase de inovação intensa.

Mercado de usados e futuro da eletrificação

O mercado de carros elétricos usados vem crescendo no Brasil, impulsionado pela rápida renovação da frota. Sites como Webmotors e iCarros já registram modelos elétricos com quedas de preço entre 15% e 25% após apenas dois anos de uso — um movimento semelhante ao observado nos EUA, segundo o estudo da S&P Global citado pelo El Imparcial.

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Para os especialistas, essa tendência deve mudar à medida que as baterias ganhem maior durabilidade e os custos de manutenção caiam. “Com o avanço de marcas como WEG, Moura e BYD na produção nacional de baterias de lítio, teremos componentes mais acessíveis e recicláveis, o que tende a aumentar o tempo de permanência dos veículos nas mãos dos proprietários”, avalia Mendonça.

O desafio do equilíbrio

Embora a rápida troca de veículos elétricos possa parecer contraditória à ideia de sustentabilidade, o El Imparcial lembra que cada nova geração tende a ser mais eficiente, emitindo menos carbono e utilizando materiais mais recicláveis. No Brasil, o desafio está em conciliar inovação com durabilidade, garantindo que a eletrificação avance de forma ambientalmente responsável.

Enquanto isso, os números deixam claro: o carro elétrico pode ser o futuro, mas, por enquanto, ele ainda vive no presente — e em alta velocidade.

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