"Resgatar a solidariedade entre os vizinhos, mudar hábitos e agir de forma preventiva". Esse é o lema do Programa Vizinhança Solidária (PVS), no bairro Suarão, em Itanhaém, segundo a tutora do PVS no bairro, Santina Gimenes. O programa é realizado em parceria com o 29º Batalhão da Polícia Militar e já existe há cerca de quatro anos.
Hoje, a presença das viaturas da PM e as rondas nas ruas devolveram a segurança aos moradores do bairro com queda significativa nas ocorrências. "Participar do PVS não significa ter um atendimento preferencial, mas sim um canal de comunicação diferenciado", explica a tutora.
Eles decidiram se mobilizar porque em 2016 havia um alto número de furtos e roubos a residências. Os moradores criaram um grupo no WhatsApp e foram conversar com o comando da Polícia Militar para participar do PVS. Em abril de 2017, cerca de 160 pessoas de várias ruas aderiram ao programa.
Hoje o PVS já conta com 700 pessoas, entre moradores, veranistas e comerciantes de 54 ruas cadastradas no Suarão, um dos bairros mais antigos do município. "Nosso grupo cresceu bastante e tivemos que criar um único grupo no Telegram", salienta.
A comunicação com a Polícia Militar é feita por meio do grupo, além de um canal diferenciado por um telefone fixo da PM, em casos de ocorrências graves, e as pessoas se identificam como cadastrados.
Após a ligação na PM é preciso ligar também no número 190, para o registro da ocorrência. O grupo deve ter consciência que só pode acionar diante de uma situação suspeita para alertar os demais participantes.
Também são utilizadas placas e pinturas de muros para identificar as residências cadastradas. "Realizamos ações de arrecadação entre os cadastrados, pois é preciso fazer as placas e pintar os muros, mas cada um contribui com o que puder".
Santina criou outro grupo voluntário, o "Suarão Participativo", onde são realizadas ações sociais e campanhas solidárias com o objetivo de buscar melhorias ao bairro.
"Na Operação Verão no ano passado, o grupo se mobilizou para comprar uma tenda que está montada na orla da praia, onde fica a viatura da PM", conta. Outras ações voluntárias aconteceram como a arrecadação de alimentos e o Natal Solidário, doados à Casa Lar São Franciscano. Além da arrecadação de roupas e sapatos doados aos moradores de rua no Suarão.
Um exemplo de solidariedade ocorreu com a moradora Fátima Rodrigues, há quatro anos, no bairro. Ela caiu e bateu a cabeça na sua casa e acionou o grupo do PVS. "A PM chegou em cinco minutos e a Samu em 15 minutos para prestar o socorro. O grupo é importante, pois temos mais segurança", diz a moradora.
Outro projeto é a instalação de câmeras por meio de uma plataforma de visualização, com câmeras fornecida por uma franquia. Santina explica que não é uma empresa de segurança e nem é obrigatório participar, mas há um custo mensal. Já funcionam 45 câmeras em diversas quadras e 91 moradores aderiram ao projeto.
Caso haja uma ocorrência a imagem é postada no grupo do PVS para todos terem acesso às imagens. "Houve um assalto à mão armada em uma casa na rua Araci, com a família rendida, identificamos as pessoas, o veículo e a placa. No mesmo dia, a PM localizou o carro e os assaltantes".
Uma das questões para que o PVS possa funcionar melhor, segundo Santina, é a falta de um canal de comunicação mais ágil.
Desde que o capitão Alexandre Voigt assumiu a 2ª Cia, no início de 2020, uma das viaturas faz as rondas no bairro. "O grupo doou um aparelho celular à PM para agilizar as chamadas. O celular acompanhou a viatura, por alguns meses, dando um retorno mais rápido às chamadas das ocorrências, mas foi desativado", lamenta.
Santina afirma ser fundamental que as diretrizes do PVS sejam revistas e atualizadas, já que o programa é amparado por lei estadual.