Monique, que atua pela primeira vez como motogirl, tem consciência dos inúmeros riscos da profissão. / NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL
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Uma das únicas mulheres a trabalhar como motogirl, em Itanhaém, Monique Duarte dos Santos, de 26 anos, conta sobre a sua experiência ao trabalhar, pela primeira vez, nessa profissão. Apesar de não ser registrada em carteira e nem ter direito aos benefícios trabalhistas, ela afirma que gosta bastante de atuar como motogirl.
Monique explica que a ideia surgiu ao ficar desempregada, após ter fechado a sua lanchonete devido à pandemia do coronavírus. "Fiquei sem condições de montar outro negócio e como tive a oportunidade de ter a minha moto de volta, comecei a trabalhar como motogirl para não ficar parada".
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Ela já atua há quatro meses como freelancer para vários estabelecimentos comerciais, como restaurantes e pizzarias. "Temos o grupo de motoboys no WhatsApp e, assim, o pessoal coloca as ofertas de trabalho que surgem".
Durante o dia, ela trabalha no horário das 11 às 16h e, à noite, das 19h até a meia noite, de segunda a segunda. Durante o dia, ela entrega até 15 marmitas ao dia e, à noite, o movimento é maior e chega a entregar de 20 a 30 pizzas, no horário das 19h à meia noite.
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Ela costuma tirar uma folga às segundas-feiras, pois está fazendo dois cursos técnicos. Monique já trabalhou em setores administrativo e em alguns estabelecimentos comerciais na cidade.
RISCOS
Sobre os riscos da profissão, Monique se preocupa com os acidentes de moto, pois não há proteção em caso de queda. "Temos que dirigir por nós e pelos outros. No último feriado de 7 de setembro houve quatro acidentes de moto em um dia", frisa. Mas garante que nunca sofreu acidentes durante o trabalho.
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O grupo de motoboys é bastante unido e costuma fazer vaquinhas para ajudar os colegas que precisam de ajuda, em casos de acidente. "Sempre paramos para ajudar quando alguém se acidenta. Como não temos um trabalho fixo, se deixar de trabalhar não recebemos".
A maioria dos que trabalham como motoboys são freelancer, não são registrados em carteira, e nem recebem os benefícios trabalhistas.
Monique salienta que uma das vantagens é que ela pode fazer o seu horário. "Caso não possa ir trabalhar posso colocar outra pessoa no meu lugar. Apesar de ser uma função de risco, também podemos ganhar mais do que em outros locais".
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Para achar os endereços, ela explica que usa o GPS, além de contar com a ajuda de alguns amigos que a ajudam a chegar no local da entrega. E ganha cerca de R$ 2 mil ao mês, no período noturno, já que os ganhos durante o dia são para pagar o combustível.
PREVENÇÃO
Ela garante que segue todas as medidas de higiene e segurança, para fazer as entregas nas residências e comércios. "Minha mãe é enfermeira e sempre sigo as regras de prevenção, com o uso de luvas, máscara e o álcool em gel. É uma prevenção para mim e aos clientes".
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Diz que nunca sofreu preconceito ao fazer as entregas, mas ao chegar nas residências, às vezes, as pessoas a tratam como se fosse um rapaz.
"Os clientes costumam falar "E aí Jon", por estar de capacete. Em dias de chuva, é ainda mais difícil de identificar, mas nem ligo, pois a maioria que trabalha nessa função é rapaz", comenta.
Para compensar, Monique também recebe elogios de vários clientes. Alguns falam que torcem para que a pizzaria a contrate como funcionária. O grupo de motoboys de Itanhaém tem ainda mais duas mulheres na função.
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ESTUDAR
A jovem, que possui o ensino médio, tem planos de estudar e ter uma profissão. Ela estuda à noite e começou este ano o curso técnico de Desenvolvimento de Sistemas, na Etec. Faz ainda outro curso técnico de barbearia.
"Apesar de ser bastante puxado estudar e trabalhar à noite, dou um jeito. Não quero ser motoboy o resto da minha vida, devido aos riscos", desabafa. Monique pensa ainda na sua mãe, que é enfermeira e fica muito preocupada com os acidentes de moto.
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No próximo dia 12, Dia das Crianças, o grupo de motoboys vai fazer uma vaquinha e arrecadar doces junto aos comércios para distribuir às crianças de bairros carentes do município.