Surfista de Guarujá vence prêmio nacional com filme sobre maternidade e ondas grandes

A surfista de ondas grandes Juliana Frare, de Guarujá, vive um novo capítulo em sua trajetória pessoal e profissional. Aos 38 anos, ela decidiu se dedicar de vez ao desafiador universo das ondas gigantes, conciliando treinos intensos com a rotina de mãe solo de quatro filhos, uma realidade que agora também ganhou espaço no cinema.

Essa transformação foi retratada no curta-metragem “Entre Mundos”, produzido pela própria Juliana em parceria com o cinegrafista Thiago Gonçalves. O filme foi o vencedor da categoria “Melhor narrativa feminina no esporte” na 3ª edição do Prêmio Naborda Melhores do Ano 2025, evento voltado à cultura do surf.

No documentário, a atleta expõe momentos íntimos de sua vida, incluindo episódios de violência doméstica, os desafios da maternidade, o trabalho como consultora empresarial e a busca por espaço no cenário do surf de ondas grandes. A exibição no Cine Roxy emocionou o público presente e rendeu reconhecimento à força e autenticidade de sua história.

“Foi uma emoção que ainda estou processando. Não pelo troféu em si, mas pelo reconhecimento de uma história real, imperfeita e humana”, afirmou Juliana após a premiação. A surfista revelou ainda que quase não conseguiu comparecer à cerimônia por conta de um alerta de ondas grandes no Sul do país.

Juliana define a produção do curta como uma experiência transformadora. Segundo ela, o filme nasceu da necessidade de mostrar, sem filtros, tudo o que existe por trás de suas escolhas e da construção de sua identidade. “Eu queria que as pessoas enxergassem não só a Ju mãe ou a Ju atleta, mas a mulher que aprende, erra, cai, levanta e segue acreditando”, disse.

“Produzir esse filme foi revisitar dores, vitórias, medos e recomeços. Foi entender que tudo aquilo que um dia achei que fosse me quebrar, na verdade me construiu”, completou a surfista, que hoje se consolida como referência e inspiração para outras mulheres dentro e fora do esporte.