Guarujá

Caso ‘Mensalinho’ começa a ser julgado em Guarujá

Testemunhas de acusação foram ouvidas nesta segunda-feira (24); primeira audiência sobre o caso acontece dez anos após o escândalo de propina a vereadores em troca de aprovação de projetos

Da Reportagem

Publicado em 25/10/2016 às 10:50

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Diário do Litoral divulgou, com exclusividade, o esquema de pagamento de propina no Guarujá / Arquivo/DL

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Três testemunhas de acusação do caso que ficou conhecido como ‘Mensalinho’, em Guarujá, foram ouvidas nesta segunda-feira (24). Dois funcionários da Câmara e o advogado Sidnei Aranha participaram da primeira audiência sobre o esquema de pagamento de propina no Legislativo da cidade.

As duas principais testemunhas arroladas nos processos judiciais já morreram. Eram os ex-vereadores Luis Carlos Romazzini, assassinado em casa na noite de 26 de novembro de 2010, e o ex-secretário de Esportes e Lazer e ex-vereador Paulo Flávio Affonso Piasenti, falecido na noite do dia 2 de janeiro de 2011, vítima de complicações decorrentes de doença cardíaca.

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Segundo denúncia do Ministério Público, os vereadores recebiam propina para aprovar projetos de interesse do então prefeito Farid Madi. Além do ex-prefeito, outros 11 acusados respondem a processo criminal impetrado na 2ª Vara Criminal do Fórum de Guarujá três anos e quatro meses após a denúncia do Ministério Público. São eles o ex­presidente da Câmara Gilson Fidalgo Salgado, os ex-vereadores Antonio Addis Filho, Helder Saraiva de Albuquerque, Honorato Tardelli Filho, Joaci Cidade Alves, José Nilton de Lima Oliveira, Marcos Evandro Ferreira, Nilson de ­Oliveira Fontes, Sirana Bosonkian, o atual vereador Mário Lúcio da ­Conceição e o irmão de Farid, Ysam Said Madi. Eles são ­investigados por­ crimes de corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha que supostamente teriam praticado.

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Todos os doze réus foram dispensados do julgamento e representados por seus advogados. As próximas audiências sobre o caso estão marcadas para os dias 8 e 9 de novembro, quando serão ouvidas as testemunhas de defesa.

Uma ação cível também tramita na 4ª Vara Civil do Fórum de Guarujá, que investiga um possível crime de responsabilidade. O processo atualmente aguarda a decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), que deverá ser proferida no processo criminal sobre a licitude ou ilicitude das provas.

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Escândalo completou 10 anos sem punições

Há dez anos, o Diário do Litoral e a Rede Bandeirantes denunciaram, com exclusividade, o esquema de pagamento de propina na Câmara de Guarujá, que ficou conhecido como ‘Mensalinho’. Na Baixada Santista, o Diário foi o primeiro veículo a ter acesso às imagens da atividade ilícita. O escândalo envolvendo o Legislativo e o Executivo estampou a capa do Diário do Litoral do dia 7 de setembro de 2006 e a cobertura completa do caso foi noticiada no telejornal Band Cidade. No entanto, passados dez anos, os 12 indiciados criminalmente, incluindo vereadores e o ex-prefeito Farid Madi, continuam impunes.

Nas imagens, gravadas com uma câmera escondida dentro de um gabinete, o então vereador e presidente da Câmara Gilson Fidalgo Salgado aparecia entregando maços de dinheiro para parlamentares. As imagens haviam sido gravadas entre 31 de maio e 1º de junho de 2006. No primeiro vídeo, Gilson aparece retirando uma maleta de um armário, onde está guardado o dinheiro. O primeiro vereador a chegar é Mário Lúcio. O parlamentar conta as cédulas e guarda o maço no bolso da calça.

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Depois é a vez de Marcos Evandro Ferreira receber sua parte. Preocupado em não chamar a atenção com o volume das notas, ele guarda o dinheiro nas meias. Uma funcionária da Câmara também entra na sala e pega um maço de notas que estava em cima da mesa. O vereador Gilson de Oliveira Fontes é o terceiro a receber dinheiro. Seu maço de notas é entregue enrolado em um jornal.

Três comissões processantes foram propostas pelo Legislativo na época para investigar o esquema. As duas comissões anteriores, apresentadas em 2006, quando estourou o escândalo, foram anuladas.

Em fevereiro de 2007, a 10ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo afastou oito vereadores do Guarujá. Conforme consta nos autos do processo, o ex-prefeito Farid Madi teria comandado o esquema de corrupção que ficou conhecido como ‘Mensalinho’, quando ainda era prefeito da cidade. O esquema supostamente consistia em oferecimento de cargos e quantias em dinheiro aos vereadores em troca de aprovação de projetos de seu interesse.

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