Esportes
Adquirir ingressos para jogos de futebol em casas lotéricas é o resultado de uma parceria da Caixa Econômica Federal com os clubes de futebol
Continua depois da publicidade
O palmeirense Keller Celso Knebel Bravo entrou na casa lotérica Ponto Quente, na rua Turiaçu, e pediu um ingresso para o jogo do seu time contra o Rio Claro, na última quarta-feira. A atendente não estranhou o pedido. Keller separou o dinheiro, informou o CPF e, em menos de três minutos, estava com o comprovante. Ficou satisfeito por fazer a compra no mesmo lugar em que paga contas e faz uma fé na Mega Sena. Ficou mais satisfeito ainda depois da partida: vitória do Palmeiras por 3 a 0. A lotérica deu sorte.
Adquirir ingressos para jogos de futebol em casas lotéricas é o resultado de uma parceria da Caixa Econômica Federal com os clubes de futebol e a iniciativa privada divulgada com exclusividade. Por enquanto, só é possível comprar entradas para jogos do Palmeiras no Allianz Parque, o primeiro clube do País a oferecer o serviço. De acordo com a Caixa, vários estádios e clubes estão cadastrados em fase de implantação. “É mais um serviço que a Caixa coloca à disposição do cidadão, visando à comodidade e acesso a eventos esportivos”, disse a nota da Caixa.
Para comprar os ingressos, é preciso ser sócio-torcedor (não é vendido o bilhete físico, apenas um comprovante cujos dados ficam armazenados no cartão de sócio). As vendas são feitas em dinheiro ou cartão de débito da Caixa (no caso de correntistas) em 13.250 casas lotéricas em todo o Brasil. “O objetivo principal é facilitar a compra do ingresso e o acesso do torcedor ao estádio”, afirmou Robson de Oliveira, executivo da Futebol Card, empresa responsável pela venda dos bilhetes.
A inovação também contribuiu com a profissionalização do futebol brasileiro. “O combate à venda ilegal de ingressos é fundamental para a modernização do futebol”, disse um trecho do comunicado da Caixa.
Continua depois da publicidade
Cartão de crédito
A venda de ingressos nas casas lotéricas representa a última novidade de um longo processo de inovação nos serviços. Nesse aspecto, as arenas brasileiras competem de igual para igual com as estrangeiras. Desde 2007, por exemplo, é possível entrar só com o cartão de crédito nos estádios - inovação que vem crescendo aceleradamente nos últimos anos. Nesse caso, basta comprar o ingresso no site da empresa com o mesmo cartão apresentado na catraca do estádio.
Continua depois da publicidade
Foi assim que o engenheiro elétrico Sérgio Germano Oliveira acompanhou a goleada do Botafogo sobre o Bonsucesso por 4 a 0 na reabertura do estádio Nilton Santos (antigo Engenhão). Quatro catracas estavam destinadas unicamente para a entrada com cartão de crédito. Também é possível fazer isso nas arenas na Ilha do Retiro (PE), Ressacada e Orlando Scarpelli (SC), Couto Pereira (PR) e um setor do Mineirão. “A gente não enfrenta fila na bilheteria. É uma tranquilidade ter uma catraca exclusividade. Achei sensacional”, disse o botafoguense de 53 anos.
No caso do Botafogo, o serviço está inserido em um processo de modernização do clube, que está tentando se reerguer no meio de uma grave crise financeira. Uma das saídas para aumentar as receitas é facilitar a vida dos torcedores. A mesma carteirinha do clube dá também acesso ao estádio. Além disso, o Botafogo criou as categorias de sócio-torcedor, sócio-proprietário, além do torcedor comum. “Atualmente, 20% dos torcedores que entram no estádio utilizam o cartão. A tendência é aumentar”, afirmou Klay Salgado, diretor comercial do Botafogo. “O torcedor quer mais comodidade e estamos oferecendo isso”, completou o diretor.
Celular
Continua depois da publicidade
Também é possível entrar no estádio só com o aparelho celular. O estudante de Teologia Raylson Araújo Gomes comprou o ingresso pela internet, fez o download da imagem do bilhete e, no momento de entrar no Allianz Parque para assistir ao jogo Palmeiras x Rio Claro, posicionou o visor do celular no leitor da catraca. Com isso, não precisou ficar em nenhum das longas filas que se formaram perto da hora do jogo, uma para comprar ingressos e outra para retirar bilhetes adquiridos pela internet. “Foi muito fácil usar o celular. Vou fazer isso sempre”, disse Raylson.
As inovações tecnológicas sempre têm dois lados. No caso da venda de ingresso, os bilheteiros - profissionais responsáveis pela venda nos estádios - estão praticamente em processo de extinção.
Representantes de clubes ouvidos pelo Estado informam que houve uma redução de 15% no quadro de funcionários por causa das facilidades para adquirir bilhetes. Em algumas agremiações, acabam remanejados para outras funções administrativas. Isso acontece porque, em alguns jogos, as bilheterias nem chegam a ser abertas, pois tudo já foi vendido pela internet. E, a partir de agora, também pelas casas lotéricas.
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade