14 de Outubro de 2024 • 07:53
Esportes
Se em 2014 os salários atrasados foram quitados na véspera do segundo jogo da grande final contra Ituano, em 2015 o Santos parece ter entrado no eixo mesmo sem ter todos os pagamentos regularizados
Às vésperas da grande final do Campeonato Paulista, o Santos é dominado por um clima de mistério. Na contramão da postura aberta adotada por Oswaldo de Oliveira em 2014, quando o time acabou vice-campeão do Estadual, perdendo o título para o Ituano, o técnico Marcelo Fernandes tem fechado praticamente todos os treinamentos da equipe e dificultando o acesso aos principais jogadores.
Em contrapartida, os problemas financeiros no clube ainda incomodam e, mais uma vez em meio às finais, o presidente, agora Modesto Roma Jr, vive dias de incerteza quanto à renovação do nome de destaque do atual elenco: Ricardo Oliveira.
No ano passado, durante a disputa das finais, o então meia santista Cícero cobrava de Odílio Rodrigues um aumento salarial em sua renovação de contrato de empréstimo, após ter sido o grande nome da equipe na competição, assumindo, inclusive, a artilharia e a faixa de capitão. Sem acordo, transferiu-se para o Fluminense.
Neste ano, o atacante Ricardo Oliveira chegou à Baixada Santista sem alarde e assinou contrato com prazo estipulado até o fim do Paulistão por R$ 50 mil mensais. A aposta deu certo e o avançado foi a grande surpresa do campeonato. Agora, quando tudo já parecia acertado para sua renovação contratual, por R$ 150 mil mensais, mais bonificações, e vínculo até maio de 2018, Modesto e o staff do atleta já cogitam rever partes do acordo do centroavante definir sua permanência no Alvinegro Praiano.
Se em 2014 os salários atrasados foram quitados na véspera do segundo jogo da grande final contra Ituano, em 2015 o Santos parece ter entrado no eixo mesmo sem ter todos os pagamentos regularizados, já que os direitos de imagem dos jogadores seguem pendentes há mais de um semestre. Mesmo assim, a mescla de nomes experientes com os mais jovens tem rendido dias de alegria aos jogadores no CT Rei Pelé. O clima é dos melhores.
Mais distantes da imprensa nesta reta final de Campeonato Paulista, os jogadores convivem com o primeiro desafio de Marcelo Fernandes como técnico profissional. Acostumado ao elenco santista, o ex-auxiliar, mesmo amigo pessoal de Oswaldo de Oliveira, tem apostado em um caminho completamente oposto para sair campeão paulista em 2015: mistério.
Enquanto Oswaldo preocupava-se apenas em não expor exageradamente Gabriel e Geuvânio, que recém haviam subido da base, e não escondia a escalação e nem a preparação do time, fechando apenas o último treinamento para os jornalistas, Marcelo evita ao máximo a aproximação midiática em suas atividades no CT com os jogadores. Treinamentos fechados se arrastam desde antes do clássico contra o Corinthians, pela penúltima rodada da fase de grupos.
Tentando transformar os segredos em título, o Santos de Marcelo Fernandes enfrenta o Palmeiras de Oswaldo de Oliveira neste domingo, às 16h, na Vila Belmiro. O time da Capital venceu o primeiro confronto por 1 a 0 e joga na casa adversária por um empate para ser campeão paulista.
Marcelo esconde jogadores importantes; Lucas Lima vira 'porta-voz'
Todo o clima de mistério implantado pelo Santos nesta reta final de Campeonato Paulista não se restringe apenas aos excessivos treinos fechados, sem a presença da imprensa. Com os problemas de lesão de Robinho, Gustavo Henrique e Valencia, além de Werley, que contraiu dengue na semana que antecedeu a primeira decisão contra o Palmeiras, o técnico Marcelo Fernandes aproveitou a oportunidade para intensificar as dúvidas sobre sua equipe, talvez, com a intenção de confundir o rival deste domingo.
A pedido do treinador, os quatro atletas foram orientados a não concederem entrevistas nestas duas semanas de finais. Algumas, já previamente marcadas, tiveram de ser canceladas. Tudo para que a incerteza paire no CT Rei Pelé.
Já Ricardo Oliveira vive um momento semelhante, porém, por um motivo distinto. Diante da novela que se transformou a renovação de contrato do camisa 9 do Peixe, o CEO do clube, Dagoberto Santos, também preferiu ‘calar’ o jogador às vésperas do clássico, o que não aconteceria se Modesto Roma Jr tivesse cumprido a promessa de selar o novo vínculo com o atleta na última segunda-feira.
Outros jogadores do elenco santista também se tornaram inacessíveis nos últimos dias. Casos de Geuvânio e Gabriel. Com isso, a comissão técnica acredita que pode tirar alguma vantagem para reverter o placar de 1 a 0, conquistado pelos palmeirenses, no Palestra Itália, no último domingo.
Por outro lado, Lucas Lima se transformou em uma espécie de para-raios. Além de ser disponibilizado para entrevistas exclusivas, o meia de 24 anos atenderá a imprensa, em geral, pela quarta vez só neste mês de abril. Depois de conceder entrevista coletiva dias 1º e 13 e ser escolhido pelo clube para acompanhar Chiquinho na zona mista do dia 23, Lucas voltou a ser escalado para a coletiva desta quinta-feira, o que gerou, no mínimo, estranheza pelos profissionais que acompanham o dia-a-dia do Alvinegro Praiano.
Vale lembrar que, em janeiro, o Santos comprou os 10% que ainda pertenciam ao Internacional de Porto Alegre sobre o atleta e, desta forma, passou a possuir 50% do camisa 20. O grupo de investimentos maltês Doyen Sports detém 40% e a empresa Khodor Soccer, que pertence ao empresário do jogador, ficou os 10% restantes.
Não é segredo para ninguém que clubes como Cruzeiro e do exterior têm interesse em tirar Lucas Lima do time da Vila Belmiro. Vivendo uma crise financeira alarmante, o Peixe vê no jogador, que tem contrato até dezembro de 2017, uma grande chance de ganhar dinheiro para sanar algumas dívidas e, até por isso, já se mexeu e contratou, sem custos, o jovem Rafael Longuine, meia que se destacou neste Paulistão atuando pelo Audax.
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