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Retrospectiva Santos: fim “digno” em ano de despedidas e transição

A exemplo de 1974 e 2005, 2013 foi marcado pela despedida, pelo fim de um conjunto vencedor: assim como aconteceu nos anos em que perdeu Pelé e Robinho (pela primeira vez)

Publicado em 25/12/2013 às 10:59

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2013 não entrará para a história do Santos como um ano de glórias e conquistas. Na temporada que começou embalada pelo sonho do inédito tetra paulista na era profissional, repetiu-se o sentimento de abandono e desilusão por que já passara o torcedor santista em pelo menos outras duas ocasiões. A exemplo de 1974 e 2005, 2013 foi marcado pela despedida, pelo fim de um conjunto vencedor: assim como aconteceu nos anos em que perdeu Pelé e Robinho (pela primeira vez), o Peixe não conquistou títulos no ano caracterizado pela saída de Neymar.

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A única oportunidade de vencer um campeonato em 2013 foi perdida contra o arquirrival Corinthians. Nos dois jogos decisivos do Campeonato Paulista, evidenciou-se o desgaste do modelo de jogo empregado por Muricy Ramalho e o esgotamento de Neymar, craque do time, visivelmente cansado pela persistência de um esquema tático viciado nos lampejos do então camisa 11 santista.

Considera por todos uma questão de tempo, a transferência de Neymar para o futebol europeu foi antecipada. Diante da recusa do jogador em renovar o contrato que terminaria na metade de 2014, o Santos se encontrou no dilema: permanecer com o craque até a Copa e perdê-lo sem ser compensado financeiramente ou aproveitar o interesse de grandes clubes do exterior para lucrar – mais – com o jogador? A venda para o Barcelona foi selada na véspera da partida contra o Flamengo - válida pela primeira rodada do Campeonato Brasileiro e disputada em Brasília -, que marcou a despedida de Neymar do futebol brasileiro.

Superado o desgaste pelas negociações que culminaram na saída de seu melhor jogador, a diretoria do Santos decidiu repensar o planejamento da equipe para o restante da temporada. A demissão de Muricy Ramalho, seis dias após a transferência de Neymar, foi o segundo ato dos dirigentes santistas no ano que ficou marcado por uma palavra de ordem na Vila Belmiro: transição.

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Em seu jogo de despedida, contra o Flamengo, Neymar chorou durante o Hino Nacional (Foto: Ed Ferreira/Estadão)

Responsável por reconduzir o Alvinegro Praiano ao título da Copa São Paulo de Juniores após um jejum de quase três décadas, Claudinei Oliveira foi promovido ao cargo de treinador da equipe principal (em um primeiro momento, de forma interina) e incumbido da missão de reconstruir a equipe sem Neymar. Apesar de irregular, o começo de Claudinei teve resultados notáveis (como vitórias no clássico contra o São Paulo, no Morumbi, e diante do Atlético-MG, na Vila Belmiro), mas acabou manchado pela goleada de 8 a 0 sofrida contra o Barcelona, em amistoso disputado no estádio Camp Nou no começo de agosto.

Muito pressionado pela oposição santista pelo resultado diante dos espanhóis, o presidente Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro solicitou, em meados de agosto, licença do cargo pelo período de um ano, alegando problemas de saúde. Reeleito e com mandato até o fim de 2014, Laor (como é conhecido o mandatário alvinegro) passou a responsabilidade de contornar a crise ao vice-presidente do clube, Odílio Rodrigues, que permanece no cargo desde então.

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Questionado como nunca, Claudinei Oliveira foi mantido e conseguiu recuperar ao longo do Campeonato Brasileiro parte da confiança perdida pelo vexame histórico diante dos espanhóis. A eliminação na Copa do Brasil não abalou a confiança dos dirigentes santistas em relação ao trabalho de Claudinei, que foi garantido como treinador até o fim de 2013. Como legado, o técnico santista deixou ao Santos a promoção de diversos jovens revelados nas categorias de base do clube (Gustavo Henrique, Alison e Geuvânio terminaram o ano como titulares) e a elevação da autoestima dos jogadores, empolgados pelas três vitórias seguidas nos últimos jogos do ano.

Apesar de prever um ano de dificuldades financeiras por causa das atenções dos patrocinadores voltadas à Copa do Mundo, a diretoria do Santos trabalha para montar uma equipe mais competitiva em 2014. Com os nomes do técnico Oswaldo de Oliveira e do centroavante Leandro Damião já confirmados, o Peixe ainda tenta contratar o chileno Vargas, do Napoli-ITA, e sonha em repatriar o meia Diego, atualmente no Wolfsburg-ALE.

CAMPEONATO PAULISTA

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Fora da Libertadores, o Santos voltou suas atenções no primeiro semestre para o Campeonato Paulista, em que o time buscava um feito inédito, nem mesmo alcançado pela geração de Pelé: conquistar quatro vezes seguidas a competição, algo que aconteceu apenas uma vez na história, quando o Paulistano, ainda na era amadora, venceu nos anos de 1916, 1917, 1918 e 1919.

Relativamente tranquila, a fase de classificação teve apenas um momento de maior turbulência, na sétima e oitava rodadas. As duas derrotas seguidas por 3 a 1, diante do Paulista, no estádio do Pacaembu, e contra a Ponte Preta, no Moisés Lucarelli, acenderam os questionamentos sobre o trabalho de Muricy Ramalho e até a respeito do comprometimento de Neymar, expulso ainda no primeiro tempo da partida contra a Macaca, após desentendimento com o lateral direito Artur.

Um dos palcos do Paulistão, a Toca do Leão, em Santa Bárbara D’Oeste, recebeu a última grande atuação de Neymar com a camisa do Santos. Em partida válida pela 18ª rodada da primeira fase, o camisa 11 marcou os quatro gols da goleada santista sobre a União Barbarense, por 4 a 0.

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Na segunda fase, o Peixe teve um caminho penoso até a final. Nas quartas, em partida na Vila Belmiro, o Santos sofreu o gol de empate contra o Palmeiras já no fim da partida, e precisou passar pelo sofrimento dos pênaltis para chegar à semifinal. Diante do Mogi Mirim, fora de casa, o Alvinegro saiu perdendo, buscou o empate, e, novamente nos pênaltis, com atuação destacada do goleiro Rafael, chegou à quinta final estadual consecutiva.

Os dois jogos decisivos contra o Corinthians comprovaram a dependência excessiva do time em relação a Neymar. Na primeira partida, no Pacaembu, as circunstâncias transformaram a derrota por 2 a 1, com um gol de Durval no final, em bom resultado. O gol de Cícero, no primeiro tempo do jogo de volta, na Vila, empolgaram os santistas. Mas o empate corintiano, logo em seguida, decretou o 1 a 1 como resultado final e enterrou o sonho do tetra.

COPA DO BRASIL

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O ano de pouco brilhantismo do time santista teve seus principais momentos na Copa do Brasil, quando o Peixe enfrentou adversários de menor expressão até as oitavas de final. A estreia na competição foi marcada por um frustrante empate em 2 a 2 contra o Flamengo-PI, na capital Teresina. Na Vila, mesmo jogando mal, o Santos venceu por 2 a 0, e Neymar, ao marcar o segundo gol, provocou a torcida, que criticava o time.

Na segunda e terceira fases, o time seguiu sem empolgar. Contra o Joinville, a vitória por 1 a 0 fora de casa e o empate sem gols na Vila Belmiro garantiram o Santos na eliminatória seguinte. Após o empate no primeiro jogo contra o Crac, em casa, por 1 a 1, levantou-se a suspeita de que o Santos faria “corpo mole” para ser eliminado na Copa do Brasil e disputar a Copa Sul-americana, caminho aparentemente mais fácil até a Libertadores. Os santistas, porém, honraram a camisa e derrotaram os goianos por 2 a 0 na partida de volta, garantindo vaga nas oitavas.

Maior vencedor da competição ao lado do Cruzeiro – com quatro títulos -, o Grêmio foi o responsável por extinguir mais uma possibilidade de título para os santistas. Após a magra vitória por 1 a 0 na Vila, com gol de Gabriel no fim da partida, o Peixe sucumbiu à pressão gremista na Arena, em Porto Alegre, foi derrotado por 2 a 0 e acabou eliminado da Copa do Brasil.

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TROFÉU JOAN GAMPER

Quando acertou a venda de Neymar, o Santos exigiu, em contrato, o agendamento de dois amistosos contra o Barcelona – um em 2013, na Espanha, e outro em 2014, no Brasil. Os dirigentes santistas enxergaram nos jogos uma oportunidade de alavancar o nome do clube no cenário mundial. A estratégia, posteriormente, revelou-se desastrosa.

Em meio à disputa do Campeonato Brasileiro, o Santos precisou solicitar à CBF a alteração da partida contra o Náutico antes de embarcar para Barcelona, onde, no dia 2 de agosto, encarou o novo time de Naymar em partida válida pelo Troféu Joan Gamper, um torneio amistoso promovido pelo Barça durante a pré-temporada europeia.

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Se a final contra o mesmo Barcelona no Mundial de Clubes em 2011 não tinha garantido boas lembranças aos torcedores santistas, o amistoso fez questão de piorar a imagem recente do Peixe perante a opinião mundial. Na partida que mais pareceu um treino, o Peixe sofreu a histórica e vexatória goleada de 8 a 0, que serviu para o nome do clube paulista ser associado a toda sorte de chacotas nos mais diversos jornais espalhados pelo mundo.

O resultado rendeu uma nota do Comitê de Gestão do Santos, que assumiu “total responsabilidade” pelo resultado desastroso, e troca na gerência de futebol do clube: o ex-meia Zinho foi contratado para o lugar de Nei Pandolfo. O amistoso que seria disputado ano que vem no Brasil, por ora, não deve acontecer.

CAMPEONATO BRASILEIRO

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A saída de Neymar reduziu as expectativas do Santos para a disputa do Brasileirão, competição que o clube não conquista desde 2004, quando se sagrou octacampeão. Apesar de não admitirem publicamente, os dirigentes santistas sabiam que dificilmente o clube atingiria grandes objetivos, como, por exemplo, uma vaga na Copa Libertadores.

Logo após a derrota para o Botafogo, por 2 a 1, na segunda rodada, a diretoria decidiu demitir o técnico Muricy Ramalho, questionado principalmente por causa do futebol pouco produtivo apresentado pela equipe em 2013. Claudinei Oliveira assumiu com a modesta missão de livrar o time do rebaixamento e colocar na equipe principal jogadores da base santista, algo que dirigentes santistas, ainda que veladamente, sempre cobravam de Muricy.

A campanha do Santos no Brasileirão foi marcada pela irregularidade. Ao longo da competição, a equipe poucas vezes conseguiu uma sequência de vitórias. Apenas em duas oportunidades – entre as rodadas cinco e sete e nos três últimos jogos – o time comandado por Claudinei Oliveira acumulou três triunfos consecutivos.
Apesar de não ter feito um campeonato brilhante, o Santos somou pontos suficientes (57) para terminar o Brasileiro como o melhor paulista, na sétima colocação, à frente dos arquirrivais São Paulo (nono) e Corinthians (décimo).

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