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Era impossível não perceber a diferença de Paulo Nobre em relação aos outros conselheiros em sua primeira noite como presidente. Trajando um terno esverdeado com o escudo do Palmeiras costurado no bolso e uma gravata com desenhos de porcos, o mandatário mais jovem do clube desde 1932 logo exibiu uma pulseira verde enquanto esticava o polegar e o dedo mínimo das duas mãos, em gesto conhecido como “hang loose”. Um símbolo da juventude que muitos torcedores sonhavam à frente do Verdão, mas que o novo mandatário não quer como problema.
Nobre, que fará 45 anos no próximo mês, lembra que em 2009 a eleição de Luiz Gonzaga Belluzzo, então com 67 anos, se não representou juventude, significou uma cara nova para revolucionar o clube. O presidente que antecedeu Arnaldo Tirone cedeu aos pedidos da torcida, repatriou ídolos como Luiz Felipe Scolari, Kleber e Valdivia, pagou caro para contratar Muricy Ramalho e Vagner Lover e manter Diego Souza. Acabou deixando mais dívidas e nenhum título conquistado.
“Salvador da pátria não existe. O torcedor tem memória e lembra que, quando entrou o professor Belluzzo, colocaram muito mais pressão do que ele merecia por uma gestão com a obrigação de salvar a pátria”, comparou Paulo Nobre, ciente de que será difícil convencer os palmeirenses a não repetirem o erro. “Um presidente novo talvez possa trazer toda essa esperança. Vai existir uma cobrança.”
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A maioria do Conselho Deliberativo, ao menos, deve ter pensando assim ao elegê-lo. Até porque Nobre provou sua maturidade abrindo mão do hobby que virou profissão: correr rali. “Tentaram abrir negociação por um novo contrato comigo, mas deixei claro que só conversaria no final de janeiro, e dependendo do resultado das eleições. É impossível conciliar. Daqui a dois anos ou em um futuro incerto, pelo menos uma prova quero disputar para encerrar minha carreira, mas com certeza não vou correr nos próximos dois anos.”
Assim, parte das críticas foi resolvida. E se há 81 anos Dante Delmanto tomava posse da presidência do Palmeiras com 25 anos de idade, agora é a vez de Paulo Nobre entrar no poder sabendo da missão revolucionária que propôs. “Tudo que surge é uma esperança nova de mudança, e nosso plano de governo propõe mudanças radicais na maneira de administrar o clube, como anseia o torcedor insatisfeito.”
O pedido de Nobre, contudo, é que a cobrança em cima de seus projetos seja consciente. Nem ele acredita que todos os problemas serão resolvidos até o fim de seu mandato, em dezembro do próximo ano. “Não existe mágico nem varinha de condão para já termos um elenco montado no dia seguinte. O que existe é gente séria trabalhando com afinco, arregaçando as mangas. Acredito em trabalho sério. Entendo o anseio do torcedor, mas isso não significa que vou atendê-los em tudo”, discursou.
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