Por que a Porsche está abandonando o WEC? Entenda a decisão que chocou o endurance

Nesta terça-feira (7) a Porsche anunciou que deixará o Campeonato Mundial de Endurance (WEC) ao fim da temporada de 2025, encerrando a operação da equipe Porsche Penske Motorsport na categoria Hypercar. A despedida acontecerá nas 8 Horas do Bahrein, em 8 de novembro.

Segundo a fabricante alemã, a decisão faz parte de uma “reorganização abrangente” dentro da Porsche AG, motivada por desafios econômicos e geopolíticos, como a queda na demanda por veículos de luxo na China e o aumento das tarifas de importação nos Estados Unidos.

Mesmo saindo do WEC, a Porsche continuará investindo em suas outras frentes competitivas: o IMSA SportsCar Championship, com o protótipo Porsche 963, e a Fórmula E, com o Porsche 99X Electric. O apoio aos programas de clientes, como o novo 911 GT3 R Evo, previsto para 2026, também está mantido.

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A Porsche havia anunciado em 2020 o retorno às categorias principais do endurance mundial, motivada pelo novo regulamento LMDh, que unificou as regras técnicas do WEC e do IMSA. A parceria com a Penske foi oficializada em 2021, dando origem à Porsche Penske Motorsport, responsável pelos programas nas duas competições. O chassi ficou a cargo da Multimatic, uma das fornecedoras homologadas.

A estreia da equipe aconteceu nas 24 Horas de Daytona de 2023, quando o Porsche 963 mostrou desempenho promissor, mas sofreu com falhas de confiabilidade. O início no WEC também foi abaixo do esperado, porém, o trabalho de desenvolvimento fez efeito ao longo da temporada.

Em 2024, a Porsche colheu os frutos: conquistou o título de pilotos com Kévin Estre, André Lotterer e Laurens Vanthoor, além do vice de construtores. Já em 2025, o desempenho caiu. A primeira vitória veio apenas na sexta etapa, com o carro #6, e a equipe ainda persegue o sonho da 20ª vitória da marca nas 24 Horas de Le Mans, o melhor resultado até agora foi um segundo lugar neste ano.

O canal ' Goodwood Road & Racing' acompanhou o lançamento da Porsche 963 LMDh, em 2022: 

Foco nos Estados Unidos e na eletrificação

De acordo com Thomas Laudenbach, vice-presidente da Porsche Motorsport, a prioridade no IMSA se deve à importância estratégica do mercado norte-americano e a um sistema de Balance of Performance mais favorável. Ele reforçou ainda o papel da Fórmula E no avanço das tecnologias de eletrificação que acabam chegando aos carros de rua da marca.

“O IMSA é o ambiente ideal para o desenvolvimento de performance e inovação. Já a Fórmula E é essencial para o futuro elétrico da Porsche”, afirmou Laudenbach.

Fim de uma era no WEC

A saída da Porsche representa uma grande perda para o Mundial de Endurance, que vê sumir uma de suas principais protagonistas, comparável à ausência de uma Ferrari na Fórmula 1. Após a retirada recente da Lamborghini, o campeonato perde um nome histórico, dono de 19 vitórias em Le Mans. Mesmo com a chegada da Genesis em 2026, o peso simbólico da Porsche é insubstituível.

O futuro da equipe cliente Proton Competition, que também opera um 963, é incerto, já que o regulamento exige ao menos dois carros por fabricante.

Pilotos e futuro

A redução do programa deixará apenas seis vagas no IMSA, o que cria indefinições no grid. Estre e Vanthoor devem seguir com a marca, enquanto Felipe Nasr e Julien Andlauer também são fortes candidatos a permanecer. Outros nomes, como Nick Tandy e Michael Christensen, ainda aguardam definição.

O novo alinhamento de pilotos e programas será anunciado em novembro, durante o tradicional Porsche Night of Champions.

Um legado inacabado

Apesar dos títulos e do bom desempenho geral, o Porsche 963 encerrará seu ciclo no WEC sem vencer em Le Mans, um feito que nenhum protótipo da marca deixava escapar desde o Porsche 908, em 1969.

A ausência da 20ª vitória marca um ponto final simbólico nessa fase do endurance para a montadora alemã, que agora mira o futuro da mobilidade esportiva elétrica, mas carrega consigo a herança de décadas de velocidade, tecnologia e paixão por Le Mans.