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Papo de Domingo: ‘Prioridade é colocarmos as finanças em dia’

Presidente da Portuguesa Santista, Lupércio Simões Conde fala sobre dívidas, planejamento para o futebol, centenário do clube e possibilidade de estádio municipal de Santos

Publicado em 01/11/2015 às 10:24

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Lupércio Simões Conde tem uma ligação de quase 40 anos com a Portuguesa Santista. Na última gestão, foi vice- presidente do então mandatário José Ciaglia.

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No último dia 20, o empresário foi eleito, em chapa única, como o novo presidente do tradicional clube santista. No cargo, ele vê uma oportunidade de ajudar, da forma mais concreta possível, a Briosa a se reerguer.

Entre as prioridades, Conde definiu a quitação das dívidas, como a maior delas. Além disso, já busca alternativas para reerguer a parte social e de projetos para a área onde fica o estádio Ulrico Mursa, no bairro do Marapé.

Neste Papo de Domingo, o presidente do centenário rubro- verde, que será comemorado em 20 de novembro de 2017, fala sobre as ideias para o clube, o futebol e a possibilidade da construção do estádio municipal santista. Confira:

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Diário do Litoral: Qual é a prioridade da gestão?

Lupércio Simões Conde: A prioridade maior é colocarmos a parte de finanças em dia, e estamos fazendo isso. Meu vice-presidente e o diretor jurídico estiveram em São Paulo verificando a situação junto a Federação (Paulista). A CBF impôs uma condição e os clubes que disputarão competições em 2016 precisam estar quites ou fazer refinanciamento das dívidas. Nós e outros clubes estamos correndo atrás para poder participar. E também pagando os compromissos que os presidentes mais antigos, de até 8 anos atrás, não honraram. Entre 1995 a 2005, eles deixaram muitas dívidas. Tentavam resolver os problemas imediatos e os antigos ficavam. Foram muitas ações, até leilões tivemos, mas fizemos acordo e pagamos.

Conde colocou jovens na diretoria para atrair novo público para o clube (Foto: Matheus Tagé/DL)

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DL: A Portuguesa chegou a ter o estádio do clube penhorado por dívidas.

Conde: A Portuguesa realizou uma pré-temporada em Registro a convite da Prefeitura e ficou em um hotel que a Prefeitura acabou não pagando. A parte da hotelaria cobrou, mas passou tempo e ninguém se pronunciou. A coisa foi correndo e quando apareceu foi um valor altíssimo. Chamaram o interessado para fazer um parcelamento de um valor. A dívida inicial era cerca de R$ 9 mil, e depois de alguns anos estava perto de R$ 30 mil. Quando o estádio foi a leilão já estava em R$ 250 mil. Eu, como vice-presidente, fui a Registro junto com o então presidente, José Ciaglia, fizemos um acordo de quitação da dívida em 6 meses e, graças a Deus, já terminamos de pagar esse compromisso.

DL: Quanto deve a Portuguesa Santista hoje?

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Conde: Temos uma dívida aproximada em R$ 1 milhão. Em relação à maioria dos clubes, é pequena. Este ano nós pagamos quase R$ 450 mil em dívidas. Agora, havendo um parcelamento do fundo de garantia, que estamos conseguindo junto a Caixa, com parcelas acessíveis, acho que até opróximo ano quitamos tudo.

DL : Em Santos, a cultura dos clubes se perdeu. Como recuperar a Portuguesa Santista?

Conde: O que praticamente determinou o fim dos clubes foi o sócio remido. Como não poderia deixar de ser, a Portuguesa também tem. O quadro associativo possui mil sócios, dos quais um pouco mais de 700 são remidos. Realmente pagantes fica em torno de 280. Para isso, estamos fazendo um trabalho junto aos remidos, os convidando a colaborarem com a Portuguesa. Clubes como o próprio Internacional, do qual sou remido, enviam convite perguntando se os sócios remidos desejam colaborar com alguma obra. Eu colaboro com essas obras e, da mesma forma, penso que os remidos da Portuguesa vão colaborar. Também temos alguns sócios em atraso. Nós soltamos uma nota abolindo os atrasados. Se o sujeito quiser continuar na Portuguesa ele paga três mensalidades, a do mês e duas para frente, e volta a ser sócio. Além disso, faremos um trabalho de marketing para trazer a colônia portuguesa. Ela está um pouco diversificada e queremos agrega-la. Junto a isso, aproximar o entorno de Ulrico Mursa. Os moradores próximos. A Portuguesa tem uma estrutura social muito boa. A piscina é a maior da Baixada Santista. A quadra de futsal foi reformada e vamos tentar cobri-la. O ginásio está coberto. Estamos melhorando a iluminação do campo de areia. Queremos arrumar a parte da churrasqueira para o sócio passar um dia lá. Estamos dando condições. Não adianta pedir a entrada de novos sócios sem dar condições para o uso do clube.

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DL: Qual é o planejamento para o futebol?

Conde: O futebol é o carromestre. Não vivemos sem. Com a mudança da lei, não podemos mais ter o gestor. Pela própria situação financeira não comportava, como não comporta hoje, termos um time profissional e a base. A base custa tanto quanto o profissional. Temos, hoje, o sub- 13, sub-15 e sub-17, e cada uma tem sua estrutura. É preciso dar alimentação e alojamento. É um custo muito alto. Estamos trabalhando para conseguir parcerias. Recentemente, recebi um pessoal que tocou o Barueri e que está interessado em dirigir a Portuguesa. Eles apresentaram um projeto, mas atualmente, só isso não resolve. Precisamos ter condições financeiras para tocar. Já, por duas vezes, estive com o presidente Modesto Roma (do Santos) propondo uma parceria. Parece que a coisa está caminhando muito bem e, talvez, possamos até utilizar o time sub-23. Possivelmente, tenhamos êxito nessa parceria. E tem outros interessados que estamos aguardando.

DL: A parceria com o Santos seria como a que o Peixe fez com o Jabaquara, em 2002?

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Conde: Sim. Teve uma época em que o Santos também fez essa parceria, com alguns jogadores, para a Portuguesa. Teve um problema mais sério por culpa dos atletas. Uma parte pensou ‘sou do Santos, vou jogar na Portuguesa?’. Levaram como uma diminuição de categoria. Uma bobagem muito grande porque o Santos tem 40 ou 50 jogadores. Não jogam todos nem no treinamento. Para o jogador ficar na arquibancada assistindo jogo, é preferível que estar na mídia mostrando o futebol, mesmo que seja pela Portuguesa. Isso não desonra ninguém. A Portuguesa é o segundo clube da Cidade, não menosprezando o Jabaquara, do qual sou sócio há mais de 50 anos.

DL: O empresário Wladimir Mattos, proprietário da antiga parceira da Portuguesa Santista, assumiu a direção de futebol. Como será o trabalho dele?

Conde: O Wladimir é um colaborador, inclusive sendo conselheiro da Portuguesa. Fiz um convite para ele ser diretor de futebol. Ele está tocando a base e continuando no profissional, colaborando mesmo com a vinda de um parceiro.

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DL: Existe a ideia de construir um estádio municipal no terreno do Portuários. O presidente do Santos, Modesto Roma, disse que iria conversar com o senhor sobre isso.

Conde: Fizemos uma reunião e ele me perguntou o que eu achava. Eu acho bom, mas tenho dúvidas. Primeiro quanto a área, que pertence a SPU (Secretaria de Patrimônio da União) e, em segundo, em relação a administração. Parece que a Prefeitura é que está acoplando essas firmas e que o convite foi feito pelo próprio presidente Modesto, que conversou com o prefeito, consultou também o Jabaquara, e também veio consultar a Portuguesa. Há o interesse, claro. Só não sei a forma porque administrar um estádio é difícil. Dizem que já tem uma firma contratada para fazer os estudos. Nessa ocasião em que estive com o Modesto, ele me perguntou sobre um projeto que temos para o nosso estádio. Realmente, a gente tem um estudo, mas só na nossa área. Estamos com um cuidado e estudando a parte da Portuguesa que pertence a SPU.

DL: A área do estacionamento da Portuguesa pode ser usada para ser um acesso ao estádio. O clube teria interesse em entrar nesse projeto?

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Conde: Esse detalhe eu desconheço, mas eu, como Portuguesa, não decido isso porque essa parte do estacionamento pertence à SPU. É até possível, mas até lá vai muito tempo. Já foram muitos projetos. Tem que ver se é viável essa passagem porque é muito difícil, na questão do trânsito, essa travessia entre o canal 2 passando para o canal 1.

DL : Qual é o tamanho da área pertencente à União e qual é do clube?

Conde: A área da Portuguesa está em torno de 14.500 m² e da SPU algo perto de 26.000 m².

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DL: O presidente do Portuários topou a ideia do estádio, com a condição de que ele tenha parte do terreno e que sejam pagas as dívidas do clube. O senhor aceitaria algo semelhante?

Conde: É muito prematuro falar. Seria difícil. A Portuguesa tem estádio próprio. Para ceder seria difícil. Teria que ter uma contrapartida. Uma nova sede social. Com o campo municipal, evitaria o campo da Portuguesa, mas teria que ter uma sede social à altura. Segundo o próprio presidente Roma, o Portuários está pleiteando em torno 10 ou 12 mil m² de área. É uma grande área. Se existir a empresa que irá fazer o estádio, ela que tem que concordar e fazer o estudo de viabilidade. Tem que ter um projeto que estabeleça um valor e o construtor verá se é possível dar essa parte que eles solicitam. Mas é muito cedo. Precisava ter um estudo primeiro.

DL : Caso o estádio saia do papel, o senhor acredita que um gramado será capaz de suportar jogos dos três times da Cidade, além de outros eventos?

Conde: Acho que sim. A tecnologia de estádios está bem avançada. Principalmente depois da Copa do Mundo. Hoje, em dois ou três dias transformam o estádio e o deixam funcionando. Não vejo problema. Dificilmente jogam três clubes numa mesma semana, em Santos.

DL: Qual é o projeto de estádio da Portuguesa?

Conde: Existe um estudo. Envolve o campo e a sede social. Tem dois projetos em estudo que dependem, inclusive, de uma avaliação de custo. Tem um pré-projeto, mas são várias exigências, até pela CET em áreas vizinhas. Recentemente comecei uma obra pequena, de três pavimentos, na Avenida Senador Feijó. Para aprovar esta obra, eu tenho que executar três pontos semafóricos, a questão de 300 ou 400 metros de distância desse ponto, para eles me darem a autorização de construção porque pode acarretar no fluxo de tráfego. Já imaginou um campo de futebol? O projeto tem que contemplar também a Santa Casa pela questão de barulho. E a situação do corredor de circulação entre os canais, que é importante para a Cidade.

DL : O clube comemora o centenário em 2017. Qual é o planejamento para esta data?

Conde: O planejamento é que a Portuguesa esteja disputando a A-2 do Paulista, com a nossa sede bem estruturada, com um número maior de sócios-contribuintes e que desfrutem do que a Portuguesa pode proporcionar para a moçada. Lamentavelmente, não houve uma reciclagem. Os antigos sócios não trouxeram filhos e netos para o clube. Notamos uma ausência de jovens. Também estamos elaborando um livro do centenário e uma festa a altura da Portuguesa. Quando estiver perto teremos mais a anunciar.

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